terça-feira, 23 de julho de 2013

VIAGEM DE BOM JARDIM DE MINAS ATÉ VOLTA REDONDA = UMA VERGONHA PARA O GOVERNO DE MINAS – A HISTÓRIA DE UMA REGIÃO, A REALIDADE DE HOJE.



Ao deixar a cidade de Bom Jardim de Minas, no Estado de Minas Gerais, Zona da Mata, com o intuito de se chegar a Santa Rita de Jacutinga (MG), Santa Izabel (RJ), Amparo (RJ) ou Volta Redonda (RJ), o viajante depara-se com uma das mais belas paisagens da Serra da Mantiqueira: são montanhas e mais montanhas cobertas por exuberantes matas, cortadas por belíssimas cachoeiras, fazendas coloniais conservadas e cidades pequenas, bucólicas e habitadas por gente hospitaleira.

Essas cidades serviram de ligação entre as províncias de Minas Gerais e do Rio de Janeiro nos tempos do Império e primeira República. Nelas viveram os barões do café e do gado. Elas funcionavam, também, como pontos de encontro entre tropeiros que subiam e desciam a serras levando as mercadorias mineiras para trocá-las pelas cariocas. Essa parte de Minas Gerais era conhecida como Região do Rio Grande e grandes levas de bovinos, suínos e equinos saiam dela indo parar na Província do Rio de Janeiro, próximo a Barra Mansa, tendo o Arraial de São Joaquim, como ponto de encontros dos Barões do Gado e do Café. O café passava pela divisa entre as duas províncias, entre Santa Rita de Jacutinga, Rio Preto e Valença.

Passa Vinte era outro entroncamento numa das vertentes da Serra da Mantiqueira, bem na divisa com a Província do Rio de Janeiro e chamava-se Povoado do Cedro pela grande quantidade dessa madeira nativa nos seus entornos, o que levava muitos negociantes para lá.

A história dessa região está, ainda, intimamente ligada à própria história do Brasil. Tudo começava no Arraial do Turvo - depois cidade do Turvo - passava por Bom Jardim, seguia para Santa Rita de Jacutinga, avançava até Santa Isabel e Amparo e desembocava, finalmente, em Barra Mansa, mais especificamente no Arraial de São Joaquim.

As marcas desse tempo de orgulho e prosperidade ainda estão impregnadas nos casarões, sobrados, igrejas, praças e jardins dessas cidades. Estão, também, perpetradas nas fazendas que resistem de pé, como que querendo mostrar para os desavisados que vida passa e a obra permanece teimosa, até ser demolida para que a história seja esquecida.

A decadência dessa região se deu com o declínio da elite aristocrática brasileira. A República, sob o poder da espada, das carabinas e dos canhões de Floriano Peixoto, enfraqueceu o poder dos Coronéis, dos capitães, dos Barões, dos Condes e Viscondes. O Estado Novo de Getúlio Vargas, posteriormente, tratou de aniquilar o que restou desse tempo de glória e orgulho. Getúlio foi implacável com o poder que exercia a elite dos grandes proprietários de terra. Ele, além de montar uma ditadura de mais de 15 anos, tratou de criar novos líderes que anulassem o que restava dos detentores de títulos dados pelo antigo império e mantidos pela primeira república.


No entanto, como já foi dito, as marcas desse tempo continuam indeléveis pela região. São lugares que nos cativam pela beleza, pela harmonia das pequenas cidades e pelo seu povo, mistura de orgulho pelo passado e simplicidade na aceitação de uma nova condição social, onde os netos e bisnetos daqueles homens poderosos são hoje apenas coadjuvantes de uma nova realidade social.


O que poderia ser motivo de geração de renda para essas cidades foi, por muitos anos, relegado ao desprezo pelo Governo de Minas. A MG 457 pavimentada ficou no sonho desde 1950 quando se falou pela primeira vez em asfaltá-la como forma de integração entre os Estados de Minas e Rio de Janeiro. Somente agora, há pouco mais de cinco anos, esse sonho foi realizado e de forma precária. A estrada foi pavimentada com asfalto, sem uma base sólida, sem acostamento, não foi feito um trabalho de contenção das encostas para se evitar deslizamentos de terra, o asfalto, segundo especialistas da área, é de péssima qualidade e a camada usada é muito fina. Entre os km 10 e 13 os problemas começam. Trechos inteiros sem asfalto, estreitos e perigosos surgem inesperadamente, deixando a estrada quase intransitável nos tempos das águas. Quando se chega a Santa Rita de Jacutinga parece que o tempo dá uma volta de mais de meio século. Os motoristas são obrigados a atravessar a cidade em meio a ruas sem pavimentação, esburacadas, com esgotos e enxurradas atravessando-as, o que enfeia a cidade com tantos atrativos históricos. O pior de tudo está no longo trecho de estrada de terra depois da saída de Santa Rita até a divisa com o estado do Rio de Janeiro. Atualmente, o governo de Minas decidiu pavimenta-lo. No entanto, as obras se arrastam e a temporada das águas logo virá tornando o lugar intransitável.


Ao passar pela divisa dos estados, os motoristas se deparam com outra realidade do lado do Rio de Janeiro. A rodovia, apesar de muito sinuosa, tem terceira faixa nos trechos íngremes, é ladeada por acostamento e, em todo o seu percurso, não tem nenhum buraco e esfolamento da pista que possa danificar os veículos. O asfalto, segundo entendidos, é de ótima qualidade, colocado sob uma base sólida e em quantidade suficiente para suportar carga pesada. Qual a explicação que o Governo de Minas tem para essa diferença de realidade? Seria, inclusive, interessante que os Promotores de Justiça das Comarcas de Aiuruoca, Andrelândia e Rio Preto investigassem e exigissem providências, tal como já foi feito contra o governo federal quando a BR 267 estava em estado de calamidade pública.

Outro trecho de aproximadamente 15 km da MG 457 está com as suas obras se arrastando desde 2011. É o entroncamento da MG que vai até a cidade de Passa Vinte. As obras, com investimentos previstos na ordem R$ 23 milhões (valores referentes a dezembro/2010) – fazem parte do Proacesso (Programa de Melhoria da Acessibilidade de Municípios de Pequeno Porte), do programa Caminhos de Minas, e também, estão incluídas no PPAG (Plano Plurianual da Ação Governamental). Em 2012, durante o período das águas, ficou quase impossível ir de carro até Passa Vinte.


Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagens de pesquisa no Google.

Um comentário:

  1. Hoje, 5 anos depois deste post, a estrada de Sta. Rita até Sta. Isabel ( RJ ) está asfaltada. Eu sou de B.Piraí ( que não foi citada aqui neste post ) de vez em quando vou passear de moto em Bom jardim e passo nessa estrada.

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