quarta-feira, 15 de outubro de 2014

QUEM É VERDADEIRAMENTE AÉCIO NEVES? LÍDER OU OPORTUNISTA?


Para conhecermos melhor a figura política de Aécio Neves, é interessante que falemos um pouco de seu avô Tancredo Neves. Tancredo, o homem de São João Del Rei, que na campanha política para o governo de Minas, na década de 80, gostava de receber seus correligionários e apoiadores no Solar dos Neves, foi um dos políticos mais astutos da história do Brasil. Basta examinarmos os fatos ocorridos quando da posse de João Goulart para termos essa certeza: Os militares não aceitavam que “Jango” assumisse a presidência da república, sendo vice de Jânio quadros – que havia renunciado sob pressão após homenagear Che Guevara -. Foi então que apareceu, como que por encanto, a figura de Tancredo Neves sendo indicado pelo Congresso como uma “espécie de primeiro ministro” para garantir a posse de Jango. Os militares, de uma hora para outra, misteriosamente, aceitaram a indicação. Só que Jango era um homem comprometido com as reformas sociais e com as liberdades. Não demorou e, em 31 de março de 1964, os militares voltaram à tona, com o apoio explícito dos Estados Unidos, depuseram Jango e assumiram o poder. E o Doutor Tancredo? (assim gostavam de chama-lo seus mais íntimos amigos). Ora, mesmo fazendo parte do governo, saiu incólume e protegido estranhamente pelos militares, juntamente com outra raposa mineira chamada Magalhães Pinto que apoiou abertamente o golpe militar e, depois, viria a ser um dos maiores banqueiros do Brasil, dono do Banco Nacional (o banco do guarda chuva, lembram-se?).
A ditadura perdurou por mais de 20 anos. Nesse período, muitos políticos foram cassados, exilados, torturados e mortos. Tancredo Neves, contudo, permaneceu blindado e, quando a ditadura começou a apodrecer, com o Brasil enfiado numa dívida externa de mais de 150 bilhões de dólares, inflação descontrolada, desemprego em alta, violência nas ruas por conta da corrupção nas polícias que foram deturpadas pela ditadura, ele apareceu de forma mais contundente como uma espécie de salvador da pátria. Como eterno membro do Congresso, era deputado pelo MDB, juntamente com Ulisses Guimarães e outras raposas da república que eram toleradas pelos militares para que o Brasil parecesse um país onde havia democracia. Nos início dos anos 80 ele sai do Movimento Democrático Brasileiro - MDB e fundou o Partido Popular – PP. Qual era a sua ideia com isso? Ele queria se tornar o grande líder, mostrando ao povo que empunhava a bandeira de salvação da pátria. Com um brilhante apoio da mídia – em especial dos jornais da família Marinho, entre outros, ele conseguiu seu intento.
Pouco tempo depois, noutra manobra de mestre nas artes da política, ele se uniu, novamente, a Ulisses Guimarães e fundaram o Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB. O que estava por trás dessa manobra? Resposta: Chegar ao Governo de Minas Gerais, disputando, depois de muitos anos, os votos com o candidato, ainda dos Militares, Eliseu Resende. Venceu a eleição, tendo Hélio Garcia como seu vice. Notem que Hélio Garcia era homem de confiança dos militares. Nunca havia disputado uma eleição e sua carreira de político se iniciou como Prefeito Biônico de Belo Horizonte durante a ditadura militar.
Como Governador de Minas Gerais, Tancredo e os seus apoiadores (todo o ninho de raposas do PMDB, empresários da Andrade Gutierres e outras grandes empreiteiras, agências de publicidades, Bancos e produtores rurais, em especial aqueles do Triângulo Mineiro ligados ao ex-senador Ronan Tito), começaram a se articular pensando na eleição para presidente da republica, baseada na “abertura lenta” e na “anistia geral e irrestrita” proposta pelos militares.
Tancredo, contudo, pensava em algo mais. Alguma coisa o incomodava por demais e essa sua preocupação era nítida, inclusive nas reuniões no Solar dos Neves, em São João Del Rei. Ele precisava forjar um herdeiro político e o seu filho Tancredo Augusto, por mais que ele insistisse, não mostrava vocação para percorrer com desenvoltura os meandros do poder e os corredores dos palácios. Foi, então, que ele percebeu no adolescente Aécio Neves, recém chegado do Rio de Janeiro, seu Neto, a capacidade para herdar seu legado. Nomeou-o seu secretário particular, fundou o PMDB Jovem e tratou de coloca-lo como presidente nacional da agremiação.
Para felicidade do avô, o neto mostrava vocação para a política, apesar de estar sempre nas rodas de fofoca, acusado de cheirar cocaína, fumar maconha, beber em excesso e se meter com mulheres de todo tipo com os seus amigos de São João Del Rei, de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro. Mas, a marca Neves superava e abafava esses comentários.
Tancredo e o PMDB lideraram a campanha pelas eleições diretas lá pelos idos de 1984 – a famosa Campanha pelas "Diretas Já". Os militares não aceitaram o pleito pelo voto do povo e a eleição ocorreu de forma indireta, sendo que Tancredo, tendo Sarney de vice, sagrou-se presidente da república, eleito pelos membros do Congresso Brasileiro da época. No entanto, Tancredo não chegou a assumir o Governo. Foi, estranhamente, acometido de uma diverticulite, agonizou por vários dias e, coincidentemente, morreu no dia 21 de abril de 1985, após ser empossado para que se legalizasse a posse do vice.
Com a morte do avô, Aécio tornou-se o único herdeiro político da Família Neves. A morte do avô, naquele momento alavancou sua careira. Dona Risoleta Neves, sua avó, tratou de ajuda-lo, sempre o incorporando à figura do avô. Aécio elegeu-se, então, Deputado Federal por quatro mandatos consecutivos, formou-se em economia e, por essa época, tinha declarado um patrimônio de pouco mais de R$100.000,00. Foi nesse tempo que ele começou a formar seu império de comunicação recebendo autorizações bondosas do Governo federal para funcionar rádios em diversas cidades de Minas Gerais.
Aécio, enfim, seguindo os passos do avô, elegeu-se governador de Minas Gerais. Por esse tempo, seu patrimônio declarado já estava em mais de 800 mil reais. Contudo, já pesava sobre ele suspeitas de envolvimento com as empreiteiras Andrade Gutierres e Camargo Correia. Sua fortuna não parou mais de crescer, tendo-o como participante em várias empresas que enviam recursos para os paraísos fiscais e sob investigação do Ministério Público.
Recentemente Aécio adquiriu, por mais de 12 milhões de reais, o apartamento que foi de seu avô em Copacabana, no Rio de Janeiro, no mesmo prédio onde mora o dono do Unibanco, também investigado por suspeita de envolvimento nas remessas ilegais de dinheiro para o exterior, onde Aécio também é investigado. Outras questões escabrosas colocam  Aécio Neves na mira do Ministério Público, entre elas está a construção do Mineroduto que levará o minério de ferro de minas Gerais até o Porto do Rio de Janeiro e a venda de Nióbio, onde o Unibanco é o intermediário, e o preço recebido pelo estado está muito abaixo do real.
O que o Ministério Público tem questionado e investigado é como que um homem que viveu toda a sua vida de política pode ter acumulado tamanha fortuna, com um patrimônio imobiliário de dar inveja em qualquer Hélio Garcia que era dono de empresa do ramo juntamente com o Deputado federal, à época, José Ulisses.
Aécio Neves, senador da república, para garantir seu poder, assumiu, a presidência do PSDB, atropelando José Serra. Faz tempo, desde a sua fundação, a direção do partido dos tucanos, estava em São Paulo. O herdeiro de Tancredo, como raposa, comanda os pássaros de bico grande à sua maneira, impondo seu estilo maneiro de fazer política e batendo de leve na Presidente Dilma. Qual a sua intenção por trás dessas manobras? A primeira delas, com certeza, é consolidar seu poder perante os tucanos e o Brasil; a segunda, é blindar-se perante a justiça (quanto mais poderoso, mais intocável); a terceira, é para manter-se como o grande líder dos mineiros; e a quarta, é visando a presidência da república, se ele sentir (veja bem...) que existe e mínima possibilidade de vencer a Presidente Dilma. No contrário, ele será, com certeza, candidato a governador dos mineiros.
Não se enganem, contudo, os incautos que pensam que Aécio Neves é um líder por acaso. Por trás dele estão grandes corporações (bancos e empreiteiras). E quando se fala em bancos e empreiteiras, fala-se, também, de muito dinheiro em jogo.
Opinião final: Lamentavelmente, no Brasil, ainda persistem e existem as raposas no poder, transitando pelo Executivo, Legislativo e judiciário. Enquanto essas raposas forem maioria, em especial no Congresso Nacional, o Brasil continuará sendo um país de caudilhos.
Pedro Paulo de Oliveira
Acadêmico de Direito pelo IPTAN - Palestrante, escritor e Consultor Legislativo

OPINIÃO ATUALIZADA DO REDATOR:

Ontem, dia 14 de Outubro de 2014, Aécio Neve, candidato, enfim, consolidado das forças contra o domínio do Partido dos Trabalhadores (diga-se Lula e seus "companheiros e companheiras"), postou-se lado a lado com Dilma Rousseff. Ora, tal como postado na matéria acima, Aécio, como raposa ( tal como o foi seu avô Tancredo Neves) soube se aproveitar das fraquezas de Marina e dos seus apoiadores ( Natura, Banco Itau, Capital especulativo externo que defende o meio ambiente e, na verdade, quer obter muito lucro). No embate, cheio de mágoas, entre Marina Silva e Dilma (PT), Aécio se portou como opção de oposição ao poder vigente e já desgastado, queira ou não aqueles que querem a continuação do atual governo. Aécio cresceu, malandramente, pelas beiradas, ou seja, na fraqueza e no despreparo de Marina Silva para ser uma real candidata para vencer o PT. 

O intento de Aécio, desde que foi forjado na adolescência, era chegar onde chegou. Conseguiu para surpresa de muitos caudilhos de bicos grandes e amarelos. As circunstâncias ajudaram-no? sim. Se Eduardo Campos não tivesse morrido seria ele que estaria disputando o segundo turno com Dilma? Acredito que não, pois Dilma venceria no primeiro turno.
No debate de ontem promovido pela TV Bandeirantes, os dois candidatos se propuseram  um ataque mutuo. Uma enxurrada de acusações de ambas as partes tomou todo o debate. Aécio tentou, de todas as formas, se mostrar como um candidato incólume. Não conseguiu e a sua história política prova o contrário. Deixou a desejar no governo de Minas, como Presidente da Câmara e tem muitas perguntas a responder para o povo brasileiro no tocante à sua fortuna pessoal.
No tocante à política, Aécio Neves é o candidato de um grupo que está fora do poder desde que Fernando Henrique deixou a Presidência da República e Lula derrotou Serra pela primeira vez. Não se enganem os incautos achando que Marina Silva o apoia de coração e com gosto. Ela tem uma mágoa profunda contra o PT e quer se vingar. além do mais, todos sabemos que a Natura tem horror ao PT. Assim, Aécio Neves não passa de um Candidato forjado pela oligarquia política que governou o país desde que os militares entregaram o poder em 1984 até a entrada de Lula pela primeira vez.

   
Pedro Paulo de Oliveira
Acadêmico de Direito pelo IPTAN - Palestrante, escritor e Consultor Legislativo

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