sexta-feira, 25 de setembro de 2015

AGROTORA - UMA HISTÓRIA DE RESPEITO À VIDA - PLANTIO DE PINUS - Parte II - VISITA À FAZENDA FORTALEZA


    

 

  O PINUS E A AGROTORA- PARTE II

 

 

                 A visita à Fazenda Fortaleza, na cidade de Itapeva, no Estado de São Paulo, foi uma experiência extraordinária, onde pudemos sentir a importância do pinus para o agronegóçio, para a economia de forma geral e, em especial, para o Brasil que passou de importador a exportador. 

 

            Na segunda parte desta matéria falaremos dessa visita, de forma simples e, ao mesmo tempo, mostrando detalhes técnicos importantes.  

 




PORTAL DE ENTRADA DA FAZENDA FORTALEZA - RESISUL 
EM ITAPEVA - SP



        Em Itapeva, fomos recebidos pelo Sr Jades Michetti, técnico agrícola, ex-funcionário da RESISUL que, hoje, além de produtor independente de resina de pinus, tem empresa de prestação de serviços florestais e faz todo serviço de preparo de solo, plantio do pinus, manutenção e coleta da resina com utilização de mão de obra própria, além de comercializar toda sua produção de resina para a RESISUL. O Sr Jades também é produtor independente de mudas através de sementes melhoradas de pinus, que utiliza em seu plantio próprio e comercializa parte delas a pequenos produtores da região. Pelo que pudemos observar nos plantios visitados, essa característica de produção de resina é mais acentuada no Pinus elliottii puro e alguns de seus híbridos, sendo este um indicativo para a seleção dessa espécie para plantios comerciais, tendo como produto principal a extração de resina. Alguns híbridos como HE (hondurensis com elliottii -elihondurensis), tem a versatilidade de manter a produtividade para produção de resina, além de formar um fuste retilíneo podendo ser aproveitado para comercialização como toras no final do ciclo de produção de resina, que se encerra entre 15 a 20 anos de idade da cultura.

       A resina extraída de árvores de P. elliottii possibilitou a criação de uma atividade econômica muito importante no setor florestal que é a produção, processamento e exportação de resina. Dados de 2002 indicam que a produção brasileira, de aproximadamente 100.000 t/ano, representa uma movimentação financeira de US$ 25 milhões. Com isso, o Brasil passou de importador a exportador deste produto.

       A produtividade média de resina de P. elliottii, no Brasil, em árvores não melhoradas, é de 2 kg/árvore ao ano. Esta característica é também de alta herdabilidade e pode se alterada mediante seleção criteriosa das matrizes. Assim, após mais de uma geração de seleção e reprodução controlada, as árvores geneticamente melhoradas que constituem os povoamentos comerciais de hoje chegam a produzir, em média, 6 kg/árvore ao ano. Isto significa que, mesmo mantendo a mesma extensão das florestas atuais, a produção de resina poderá ser triplicada nas próximas rotações, com o uso de semente geneticamente melhorada, agregando um valor substancial aos povoamentos de P. elliottii.

       O melhoramento genético tornou o uso industrial do pinus cada vez mais viável. Esse melhoramento citado acima, já é uma realidade nos plantio da RESISUL em Paranapanema/SP. Pois visitamos plantios com produtividades próximas de 4, kg/árvore/ano, sendo que os híbridos produzidos em viveiro próprio (Foto 04) através da produção de sementes melhoradas geneticamente, produzidas em um pomar de sementes melhoradas (Foto 05) na Fazenda Fortaleza da própria RESISUL (Foto 06).



Viveiro florestal da RESISUL







Produtoras (pomar Matrizes de sementes melhoradas)

      

      Além da produção de mudas por sementes melhoradas, a RESISUL iniciou também o processo de produção de mudas clonadas, através da reprodução vegetativa de mudas por estacas. Essas mudas são provenientes das sementes melhoradas das árvores matrizes do referido pomar.





A VISITA

Projetos em Exploração de Resina:




     Primeiramente visitamos as instalações da Fazenda Fortaleza, passando pelos diversos pontos de coleta de resina, onde podemos observar os cuidados com a abertura das estrias (Foto 07), confecção dos painéis, também chamados de faces de resinagen nas árvores (Foto 08) e a coleta da resina em embalagens plásticas amarradas no tronco das árvores (Foto 09) de onde é retirada a resina que escorre pelo tronco e a cada 30 ou 40 dias são colidas e acondicionadas em tambores plásticos de 200 kg, espalhados por toda área.

      As estrias referem-se a retirada da casca do tronco das árvores, que são raspadas com (estriador) material cortante, expondo o lenho das árvores para permitir a sangria e exsudação da resina e são feitas a cada 15 dias, pois com o tempo, há uma oxidação no local do corte e a árvore cessa o sangramento. A largura ideal da estria é em torno de 18 cm. No momento da confecção das estrias, faz-se um tratamento com um estimulante químico, geralmente solução de ácido sulfúrico, misturado com farelo de trigo, compostos inertes e água, aplicando no local da estria (Foto 10), com o objetivo de reduzir a oxidação naquele local, aumentando o tempo de sangramento da arvore, provocando a exsudação dos canais resiníferos, retardando a cicatrização do local cortado e mantendo a produção (sangria) por mais tempo.


Abertura do painel de resinagem (face) com saquinho plástico.



 

Confecção das estrias, com detalhe do estriador (ferramentacortante) de confecção da estria.


      As estrias são confeccionadas em direção ascendente (de baixo para cima) e uma sacola plástica é amarrada no tronco, abaixo da estria, recolhendo toda a resina que exsuda pelo tronco. A cada 15 ou 20 dias toda estria é refeita, retirando aproximadamente 2,0cm da casca, sempre no sentido ascendente, que recebe nova aplicação de um estimulante químico.


Embalagem de saco plástico amarrada ao tronco para receber a resina exsudada.




Aplicação de estimulante químico (bisnaga com pasta ácida) antioxidante na estria recém confeccionada.


      A medida que as estrias vão subindo pelo tronco, forma-se um painel de exsudação por onde se escorre a resina. O painel pode atingir de 2,0 a 2,50 metros de comprimento, a partir daí, fica difícil o manejo e a confecção das estrias. Uma árvore de pinus pode produzir resina por um período de até 20 anos, dependendo das condições em que ela esteja submetida.

Viveiro de Mudas:

      Passando pelo viveiro de mudas da RESISUL, observamos um importante trabalho de manejo com a coleta e a seleção de sementes melhoradas. Vimos também, um cuidado especial com as estufas de enraizamento dos diversos clones selecionados, visando a produção de mudas clonais. As sementes são coletadas do pomar de semente da própria RESISUL e os clones (Foto 11) são provenientes das sementes melhoradas colhidas no pomar. No que se refere à obtenção de sementes, das diferentes espécies do gênero pinus, os cones (frutos) são escolhidos ainda quando em processo de maturação bastante adiantado. Após colhidas, são colocadas em peneiras expostas ao sol para a iberação das sementes, levando de 3 a 10 dias, conforme as condições climáticas. 





Caletões com as estacas para produção de clones.


      Em galpões especiais, os cones são armazenados até a completa maturação, onde se abrem, deixando cair as sementes. As sementes devem ser secas e guardadas em recipientes fechados à temperatura de 5°C. Como as sementes são aladas, antes da semeaduraão deverão ser desaladas e bem acondicionadas



      Pelo que vimos, há um a concentração maior do plantio das espécies de Pinus eliiottii puro e do híbrido Pinus elliottii x Pinus hondurensis, onde estão os materiais genéticos de maior produtividade de resina, sendo que o Pinus elliottii puro, tem vantagem produtiva sobre o híbrido, porem o hibrido produz fustes mais retos e atinge alturas maiores, importante na comercialização de toras, após exaurida a produção de resina.



Cuidados na seleção e produção de sementes 


Visitamos outros 02 viveiros de produtores independentes localizados na cidade de ITAPEVA


Foto 11: Caletões com as estacas para estruturas modernas de Itapeva, que além de produzirem mudas por semente, possuem produção clones. do enraizamento de produção de mudas por propagação vegetativa de estacas de através estacas em caletões (Foto 13 - Eucapinus). A EUCAPINUS produz mudas para a RESISUL com sementes melhoradas fornecidas pela própria RESISUL e essas não podem ser comercializadas para terceiros.



Viveiro da EUCAPINUS em Itapeva.


Plantio:



      Por se tratar de uma espécie extremamente rústica, o Pinus naquela região é plantado com poucas técnicas e quase sem nenhum trato silvicultural. Pelo que vimos, para produção de resina, o maior cuidado está em selecionar um bom material genético e produzir uma boa muda. Quanto ao preparo de solo, somente uma subsolagem é feita, às vezes com distribuição de calcário, porem o controle ás formigas cortadeiras é constante. O controle da matocompetição é realizado somente no primeiro ano da cultura (Foto 14). É comum fazer uma ou no máximo duas intervenções com herbicida, visando o controle do mato.

      Observamos em um plantio com aproximadamente 1,0 ano (Foto 15 e 16) de idade, muita infestação com braquiária na linha de plantio, as vezes, com altura superior à da muda do própri pinus, o que nos foi informado ser uma situação normal. O espaçamento plantado é de 3,0 x 2,0 metros ou 3,0 x 3,0 metros e o plantio é realizado no período chuvoso, evitando gastos com irrigação. Aos 5,0 anos inicia-se uma desrrama (retirada de galhos) até uma altura de 2,50 metros e aos 7,0 anos inicia-se a confecção das estrias que produzirão a resina. Entre o 7o e o 8o ano, inicia-se o desbaste, selecionando-se as piores árvores para serem eliminadas, deixando as melhores e mais produtivas. Para aproveitar a produção de resina das árvores desbastadas, a sangria se inicia por elas (árvores que irão sair) e depois segue pelo restante das árvores remanescentes.





Plantio com 1,0 ano de idade controle do mato



Plantio com quase 2,0 anos com muita braqueária.



      Plantio com seis meses evidenciando a ocorrência de muita braquiária. O plantio é manual e as mudas são bem acondicionadas no sulco feito com o subsolador. As vezes coloca-se hidrogel, preventivamente, com o objetivo de manter a umidade ao redor da muda, durante o período que permanecer sem chuvas logo após o plantio. Quanto ao espaçamento entre as mudas, os mais densos, favorecem o crescimento em altura e os menos densos, aumentam o incremento em diâmetro. Daí, a grande maioria dos plantios terem como espaçamento inicial, o arranjo de 3 x 2 metros (densos), favorecendo o crescimento em altura e com a prática da realização do primeiro desbaste seletivo que ocorre aos 6 ou 7 anos, estimula-se o incremento em diâmetro, aumentando o volume de copa e consequentemente a produtividade. O primeiro desbaste elimina- de 30 a 40% das árvores e é seletivo. O 2o desbaste vai ocorre aos 10 ou 11 anos e vai retirar 20% a 30% (do que sobrou). Daí, as árvores selecionadas para sair são aquelas mais finas, com painéis de resinagem inferior a 15 cm. O ideal da largura dos painéis é de 18 a 22 cm. Esse desbaste é um manejo para condução do povoamento para produção de toras, após exaustão da produção de resinas.


     A RESISUL possui na região de Paranapanema, aproximadamente 1.500 hectares de Pinus e todo ano tem novos plantio em substituição àqueles mais velhos, com produção de resina já em exaustão.


      Outra modalidade de produção/compra de resina é através de parceria com produtore independentes, ou seja, a RESISUL arrenda áreas já plantadas de floresta de pinus para resinar e paga ao produtor em torno de 25% - 30% da produção. O produtor recolhe em torno de 2,5% de impostos. A RESISUL tem aproximadamente 1.000 ha explorados nesta modalidade.



Texto de autoria do
Engo André Luiz C. Rocha
AGROTORA

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" Esses pequeninos, cheios de sonhos, sonhos que embalam o mundo, distantes das       ambições e da crueldade dos homens e mulheres que...