Nesta primeira parte da matéria, falaremos um pouco sobre a história do pinus, como ele chegou ao Brasil, sua importância para a agro-indústria e dos produtos feitos com a sua extração.
Na segunda parte, mostraremos como foi a visita técnica na fazenda de Itapeva e de como a produção naquela localidade deu certo.
O PINUS E A AGROTORA
Nos
dias 02 e 03 de março de 2015, estivemos na região de Itapeva/SP e
Paranapanema/SP, visitando empresas e produtores independentes de
Pinus elliottii,
com o objetivo de coletarmos informações variadas
dessa espécie florestal, muito usada
para fabricação de celulose
de fibra longa, ideal para indústria de papéis para
embalagens,
sacos, papelões, cartões, embalagens longa-vida, papel jornal, etc.
e o mais
importante, a produção e comercialização da resina de
pinus. Principal componente da
fabricação e produção de BREU e
TEREBINTINA.
O
pinus é uma espécie tolerante a baixas temperaturas e se desenvolve
bem em solos
rasos e pouco produtivos para agricultura. As árvores
deste gênero ocupam no Brasil
1,56 milhões de hectares, o que
corresponde a 23,40 % das áreas de florestas plantadas
que
abastecem as fábricas de celulose e indústria de beneficiamento de
resina extraída
do pinus. A área de eucalipto com 5,10 milhões de
hectares corresponde a 76,60 % das
áreas de florestas plantadas,
segundo fonte da ABRAF, anuário 2013.
Foto
01: Plantio de Pinus elliottii adulto.
Por
atender às necessidades de consumo humano, o plantio de pinus ajuda
a preservar as
florestas nativas e a equilibrar o clima. E o mais
importante em tempos de aquecimento
global: com seu rápido
crescimento, absorve CO 2 da atmosfera em taxas expressivas. O
plantio florestal do pinus é hoje, uma importante atividade
produtiva do País, fonte de
riqueza e desenvolvimento social, bem
como de conservação ambiental. As florestas
plantadas da espécie
são fontes de matéria-prima para várias finalidades e contribuem
para a preservação de matas nativas.
HISTÓRICO
DO PINUS NO BRASIL:
A
palavra Pinus tem origem do latim "Pinu", gênero que é
conhecido como pinheiro em
português e que reúne mais de 100
espécies. Essas árvores são originárias de regiões
árticas e
sub-árticas da Europa, Ásia, América do Norte e América Central,
principalmente.
O pinus chegou ao Brasil há mais de um século
pelas mãos dos imigrantes europeus que
plantavam a espécie para
fins ornamentais. Um dos objetivos mais importantes da
introdução
do pinus no País foi suprir a necessidade de madeira para
abastecimento
industrial, destinada à produção de madeira
serrada, de madeira laminada para
confecção de painéis e também
de celulose e papel. Por volta de 1950, a espécie
começou a ser
cultivada em escala comercial para produção de madeira.
As
primeiras plantações de que se tem notícia foram de Pinus
canariensis, proveniente
das Ilhas Canárias, em torno de 1880, no
Rio Grande do Sul.
Em 1906, são publicados por A. Löfgren, o
primeiro diretor do Instituto Florestal de
São Paulo, pesquisas
referentes à introdução de pinus no Brasil. Estabeleceram-se
grandes programas de reflorestamento, baseados exclusivamente em
Pinus taeda e Pinus
elliottii. A partir do final da década de 1960,
essas espécies foram muito utilizadas nos
plantios realizados com
incentivos fiscais, especialmente nas regiões sul e sudeste do
Brasil.
Em 1936 foram introduzidas pelo Instituto Florestal de São
Paulo, sementes de Pinus
taeda e Pinus elliottii, que, hoje, são
destinadas, respectivamente, à produção de
matéria-prima para as
indústrias de celulose e papel, madeira serrada e extração de
resina. Essas espécies, posteriormente, se destacaram pela
facilidade nos tratos culturais,
rápido crescimento e reprodução
fácil no sul e sudeste do Brasil.
Em
1955 foram plantadas extensas áreas localizadas na rede de Estações
Experimentais
do Instituto Florestal de São Paulo, tendo como base,
além do Pinus taeda e Pinus
elliottii, os chamados Pinus tropicais
(Pinus caribaea var. caribaea, Pinus caribaea var.
hondurensis,
Pinus patula, Pinus oocarpa, Pinus tecunumanii, Pinus strobus e
Pinus
maximinoi, entre outros, Pinus caribaea var. bahamensis, Pinus
kesiya).
Em 1958 teve início o primeiro plantio comercial de Pinus,
realizado pelo empresário alemão Richard Freudenberg, em Agudos
(SP). 1955 a 1964.
Entre 1955 e 1964, estabeleceram-se grandes
programas de reflorestamento, baseados
exclusivamente em Pinus taeda
e Pinus elliottii.
Até o final da década de 1950, o Instituto
Florestal de São Paulo havia testado um total
de 55 espécies de
Pinus.
No
ano 2.000, foi dado início à implantação do híbrido de Pinus
elihondurensis, ou seja,
Pinus elliottii Engelm var. elliottii x
Pinus caribaea Morelet var. Hondurensis,
considerado Híbrido F2,
devidamente registrado no MAPA - Ministério da Agricultura
Pecuária
e Abastecimento. Esse híbrido é produzido pela empresa Pinus Brasil
Agro
Florestal Ltda., localizada na Fazenda Pedra Maria, município
de Buri (PINUS
BRASIL).
Segundo
a EMBRAPA (2005), as primeiras espécies de Pinus introduzidas e
cultivadas
no Brasil foram a de Pinus elliottii e Pinus taeda,
originárias dos Estados Unidos,
adaptadas ao clima das regiões sul
e sudeste, onde ocorrem os plantios comerciais
dessas espécies. A
partir da década de 1960, iniciaram-se as experimentações com
espécies tropicais como P. caribaea, P. oocarpa, P. tecunumanii, P.
maximinoi e P.
patula, possibilitando a expansão da cultura de
Pinus em todo o Brasil, usando-se a
espécie adequada para cada
região ecológica.
Alguns
exemplos de ações e programas que buscam melhorar a cultura do
Pinus no
Brasil podem ser citados. O Programa de Produtividade
Potencial do Pinus no Brasil
(PPPIB) foi concebido como um projeto
que busca compreender e quantificar os
processos que controlam a
produtividade do Pinus e suas interações com o ambiente. É
composto por empresas florestais, de tecnologia e universidades, que
abrangem ao todo
cerca de 300.000 ha de Pinus plantados nos Estados
do PR, SC, SP e MG e uma
empresa de biotecnologia. Os integrantes
atuais do PPPIB são: Arauco, ArborGen,
Caxuana, Juliana, Klabin,
Masisa, Rigesa e Renova, além da NCSU – North Carolina
State
University e USP – Universidade de São Paulo, com sua Estação
Experimental.
(IPEF, 2013)
Segundo
a SBS – Sociedade Brasileira de Silvicultura (2008), os plantios
com Pinus no
Brasil fizeram parte de uma estratégia de
desenvolvimento na década de 1960,
implementada por meio de
incentivos fiscais para plantios florestais. Esses incentivos
foram
concedidos pelo governo brasileiro até 1986 e os plantios
desenvolvidos por meio
deles ajudam a sustentar atualmente a cadeia
produtiva dessa madeira, a qual tem
participação fundamental na
economia do País. Estima-se que existam três mil empresas
no
Brasil, localizadas principalmente nas regiões sul e sudeste,
utilizando madeiras de
espécies de Pinus nos seus processos
produtivos, envolvendo mais de 600 municípios.
Segundo
a Revista Ambiente Brasil, a resina extraída de árvores de Pinus
elliottii
possibilitou uma atividade econômica muito importante no
setor florestal que é a
produção, processamento e exportação de
resina e derivados. O artigo informa que a
produção brasileira em
2002 era de aproximadamente 100.000 t/ano, representando uma
movimentação financeira de US$ 25 milhões. Com isso, o Brasil
passou de importador
a exportador deste produto. No aspecto social,
a colheita da resina contribuía na época
para geração de mais de
12.000 empregos diretos para o homem do campo, que resulta
no
melhoramento das condições de vida no meio rural.
Conforme Revista
da Madeira (2006) o Brasil figura como o maior exportador mundial
de
compensado de Pinus. O Sul e Sudeste do País concentram a maior
parte de suas
florestas plantadas, a maioria certificada pelos
sistemas que atestam o manejo florestal
sustentável. O Paraná,
segundo a ABRAF é o maior produtor de pinus com 39,65% do
plantio
total no Brasil, seguido por Santa Catarina com 34,50%, Rio Grande
Sul com
10,50%, São Paulo com 9,26% e Minas Gerais com 3,37%.
PRODUTOS
EXTRAIDOS DO PINUS:
Além
da celulose e papel, dos produtos madeireiros para usos diversos
como, lâminas e
chapas de madeira, madeira serrada para fins
estruturais, para confecção de embalagens,
móveis e marcenaria em
geral, o pinus tem grande importância na economia brasileira,
proporcionando a produção de RESINA (Foto 02) de onde extraímos o
BREU (Foto
03), muito usado nas indústrias para elaboração de
tintas, vernizes, laquês, sabões,
colas, graxas, esmaltes, ceras,
adesivos, explosivos, desinfetantes, isolantes térmicos,
fabricação
de pneus, etc. e a TEREBINTINA (Foto 03) usado na elaboração de
tintas,
vernizes, corantes, vedantes para madeira, reagentes
químicos, cânfora sintética,
desodorantes, inseticidas,
germicidas, óleos, líquidos de limpeza, etc.
Foto
02: Resina de pinus recém
colhida. Armazenada em tambores
plásticos
de 200 kg no interior dos
talhões.
Texto de autoria do
Engo André Luiz C.
Rocha
AGROTORA