Por conta do complexo de vira-lata dos brasileiros, o Brasil está sendo governado há séculos por uma cleptocracia (governo de corruptos, ladrões, safados, chefes de quadrilhas). O que está acontecendo no Brasil neste momento é exatamente isso: Os mesmos políticos que mamaram nas tetas do governo do PT (diga-se Lula e Dilma),se uniram para governar sozinhos. Cansaram de dividir com os operários os louros do poder.
O professor Luiz Flávio Gomes nos propõe uma reflexão sobre esse complexo de inferioridade do qual somos acometidos diariamente e sobre o que pode e deve ser feito para que sejamos um país minimamente sério, uma nação, uma democracia respeitada. (se é que existe democracia - governo do povo para o povo).
Pedro Paulo de Oliveira - Escritor, Palestrante, Consultor parlamentar e Executivo e Acadêmico de Direito Pelo IPTAN.
Publicado por
Luiz Flávio Gomes
Por força do realismo político (que não tem
nada a ver com a Realpolitik de Maquiavel) não há como negar
que, desde as ágoras gregas, a lei de ferro de todas as democracias
(mito do governo de todos) é a oligarquia (governo real de
poucos)[1].
A cada troca de governo, surgem novas forças
(blocos de poder) e se renovam as oligarquias. Pouco importa a forma
de governo (forma política). Segundo Aristóteles, monarquia,
aristocracia ou democracia. Todas sempre foram e serão governadas e
“co-mandadas” por poucas pessoas (pelas oligarquias). Nas ágoras
gregas apenas 10% da população tinham “liberdade política”
para participar das decisões. Governo de poucos, como se vê.
A qualidade de uma democracia se mede pela
altivez, esforço, conhecimento e trabalho ou estultice, malandragem
e corrupção das suas oligarquias (das elites, dos que mandam ou
“co-mandam”); tudo depende do seu egoísmo ou altruísmo, da sua
visão de mundo (Weltanschauung), da sua formação histórica
e cultural.
O que existe de peculiar em cada política
(consequentemente, na política brasileira) não é a citada “lei
de ferro das oligarquias” (que é da natureza humana), sim, a
formação cultural, os valores históricos (o éthos), as
crenças, a cosmovisão e até mesmo a estrutura psicológica dos
donos do poder.
O Brasil é conhecido mundialmente pelas suas
belezas naturais, pelas suas reservas ecológicas, pelo seu povo
“mestiço” (“mestiço is beautiful – ”Gilberto
Freyre) assim como pela sistêmica corrupção, que é uma das
sombras (arquétipos do ego obscuro, as partes animalescas da
personalidade, segundo Jung) pervertidas e gananciosas que estruturam
a cleptocracia (Estado governado e “co-mandado” por bandas podres
de ladrões).
Os especialistas dizem que são incontáveis os
fatores psicológicos que estão na raiz da personalidade do
brasileiro, logo, também (e sobretudo) das suas elites governantes
(dos donos oligárquicos do poder).
Dentre eles destacam-se: (a) o sentimento profundo
de menosprezo e abjeção em relação a sua identidade nacional, (b)
graves desconformidades relacionadas com a sua identidade parental;
ambas tendo como pano de fundo (c) o complexo de inferioridade[2].
Sugados pelo redemoinho do vendaval de crises que
nos assolam (econômica, política, ética, social, estética,
institucional…), negligenciamos as devidas reflexões sobre alguns
dos mais relevantes fatores psicológicos dos nossos comportamentos.
Povos desesperados costumam cuidar do que é o
mais urgente e esquecer do que é o mais importante. O mais
prejudicial é perder o senso crítico das mutações oligárquicas
que estruturam nossa vida e nosso futuro.
Veja mais sobre o complexo de
inferioridade
Por força do complexo de inferioridade nos
julgamos “inferiores” aos povos avançados e “superiores” a
todos os que estão “abaixo de nós”. A corrupção das bandas
podres das castas governantes e dominantes (elites), em virtude da
sua suposta “superioridade natural” (imaginário do sangue azul
aristocrático), contaria com uma imunidade imanente (as castas acham
que tudo podem e que estão acima da lei). Nenhum projeto de
conciliação nacional terá sucesso enquanto não for posto o dedo
nessa ferida.
As oligarquias dominantes ganham licitações
fraudulentamente, mandam seus dinheiros para fora do país
irregularmente (e depois fazem aprovar leis de anistia penal),
sonegam impostos diuturnamente (e chegam até a corromper o Carf,
objeto da operação Zelotes), lavam seus capitais sujos no sistema
bancário nacional e internacional, corrompem o processo democrático,
compram os políticos (que se transformaram em seus despachantes),
dividem os cargos públicos como se fossem propriedade particular
(fisiologismo patrimonialista) e acham que toda Justiça existe para
lamber as suas botas.
As bandas podres das elites governantes e
dominantes frequentemente dão a impressão de que não desenvolveram
noções elementares de limites e de responsabilidade.
Numa tentativa de compensar seu complexo de
inferioridade, a quase totalidade dessas castas (elites) que se
julgam intocáveis assume o arquétipo do pai-bandido, nascido a
partir do português invasor, que para cá veio para explorar,
extrativar, roubar, saquear, violentar, estuprar, sonegar, surrupiar,
parasitar e escravizar os povos nativos e os africanos. O propósito
clerical era evangelizá-los.
Duas frases de Nelson Rodrigues condensam esse
sentimento de inferioridade: “O Brasil é muito impopular no
Brasil”; “Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro
gostasse do brasileiro”.
Nosso complexo de inferioridade cultural se tornou
conhecido, por meio de Nelson Rodrigues, como “complexo de
vira-lata”, nos anos 50 do século XX, depois que o Brasil
perdeu a Copa do Mundo para o Uruguai em pleno Maracanã. Sua
definição lapidar é a seguinte: “Por complexo de vira-lata
entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca,
voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um
narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não
encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima.”[3]
Larry Rohter escreveu no The
New York Times o que segue: “O Brasil sempre aspirou a ser
levado a sério como uma potência mundial pelos pesos-pesados,
portanto, dói nos brasileiros que líderes mundiais possam confundir
seu país com a Bolívia, como Ronald Reagan fez uma vez, ou que
desconsiderem uma nação tão grande como ‘não sendo um país
sério’”[4].
Crise de identidade nacional
O complexo de inferioridade é o fermento da crise
de identidade nacional (baixa autoestima). Eles têm origem nas
econômicas e extrativistas teorias racistas europeias (que afirmam a
existência de povos “superiores” e “inferiores”),
particularmente dos séculos XVIII e XIX (Fox, Spencer, Gobineau
etc.).
Essas teorias foram desenvolvidas para se promover
a impiedosa exploração econômica (do humano e dos recursos
naturais). Suas teses mais aberrantes foram lançadas justamente no
tempo do colonialismo (Américas) e neocolonialismo (África, Ásia).
Seus efeitos perduram até hoje.
A famosa Conferência de Berlim (1884-1885), que
dividiu a África em partes como se fosse uma pizza, colocando-a sob
o cruel (e desumano) neocolonialismo europeu (desde o final do século
XIX), foi uma das culminâncias das teorias racistas. Outra aconteceu
no nazismo e holocausto de Hitler.
Em virtude dessas teorias racistas, no nosso
entorno cultural as castas (os donos do poder) desenvolveram uma
mentalidade sadomasoquista: elas sofrem diante “das nações
cinicamente consideras superiores” (endividamento externo,
dependência cultural, subordinação econômica e industrial,
inacessibilidade tecnológica, globalização etc.) e massacram
(racistamente) os considerados “inferiores” locais (começando
pelos autóctones).
O racismo (embora não tão rígido como no século
XIX, inclusive dentro das oligarquias), por falta de padrões éticos
fortes (duros), está na base do desenvolvimento nacional.
Todo nosso colonialismo e neocolonialismo se centraram na escravidão
e no extrativismo.
Para além da influência das teorias racistas,
ainda estruturam nosso complexo de inferioridade (e, em consequência,
nossa identidade nacional): (a) o mito de origem e (b) as projeções
estrangeiras.
“Como em toda neurose, o trauma do nascimento
repete-se compulsivamente em vários tipos de patologia. Assim
observamos que o mito fundante edênico do Brasil colabora para o
estabelecimento de um sentimento de inferioridade desde os
primórdios, uma vez que o único valor atribuído às novas terras e
seus habitantes paira em torno da sensualidade, da atratividade
carnal e das riquezas da natureza” [realça-se o corpo e a matéria,
não a alma, não a ética, não os valores espirituais]. Mais:
inúmeras projeções de estrangeiros, desde o século 16 até o
presente, confirmam essa imagem[5].
Cabe destacar pelo menos três consequências
deletérias do complexo de inferioridade:
(a) a perpetuação das desigualdades (imagina-se
que os “de baixo”, como seres “inferiorizados”, jamais
poderiam aspirar uma igualdade material ou de oportunidades);
(b) o caráter excludente da estratificação
social (os capitais pertencentes às castas assim como às classes A
e B – capital de renda, de patrimônio, cultural, social,
relacional, emocional, psicológico, educacional etc. – jamais
poderiam ser estendidos a todos) e
(c) frouxidão nas questões éticas[6]
(que significa desrespeito aos humanos, à natureza, aos animais e ao
bom uso das tecnologias).
As elites brasileiras, na busca de uma identidade
positiva, assimilam a projeção de inferioridade, ou seja, a
incorporam como sua e a reproduzem. Repete-se, assim, um mecanismo
neurótico na tentativa de se achar uma solução para esse
dilema”[7].
O resultado de tudo isso foi o surgimento de um
produto (humano) eticamente frouxo. Repetindo Nelson Rodrigues: “É
muito difícil não ser canalha [no Brasil]. Todas as pressões
trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo”. De qualquer
modo, isso não nos isenta das nossas responsabilidades (que decorrem
das nossas escolhas).
Arquétipos parentais
As teorias psicológicas ainda explicam que nosso
complexo de inferioridade conta com outros sintomas, decorrentes da
nossa relação espúria com os arquétipos parentais de que
(historicamente) dispomos, que nos geram dois sentimentos nefastos
(negativos), de vergonha e de desamparo.
O arquétipo da grande-mãe, no seu lado positivo,
manifesta-se na alimentação, na proteção, no calor, no afeto. O
arquétipo do pai transmite ideias e noções de cultura, relações
de poder, hierarquia, ordem, disciplina, autoridade, segurança,
responsabilidade, ou seja, de imposição de limites.
Esses arquétipos parentais fazem parte do
inconsciente coletivo (conforme Jung)[8].
O arquétipo do nosso pai colonizador nos propicia vergonha,
repugnância; o arquétipo da grande-mãe nos gera sensação de
desamparo.
Diferentemente dos colonizadores ingleses que
fugiram (com suas famílias) das guerras religiosas para criarem os
EUA, o pai europeu (português, no nosso caso, em quase 100% dos
casos) é motivo de zombaria, de escárnio e de depreciação. Nós,
brasileiros, nos recusamos a tomá-lo como modelo positivo, como
padrão a ser seguido. Chegamos a nos julgar (falsamente?) superiores
a esse invasor, apesar do nosso reconhecido complexo de vira-lata.
O que está retido em nossa memória coletiva do
pai europeu é que ele veio para cá exclusivamente para promover a
exploração, a extração, o roubo, o saque, a violação sexual, o
massacre, o enriquecimento rápido (para em seguida voltar para seu
país de origem). Essa é sombra que ronda nossa cultura. Nossa alma
está impregnada desse espírito (levar vantagem em tudo, sem pensar
no coletivo).
Esse mesmo pai europeu reprimido (que cruzou o
Atlântico sem sua família, sem esposa e filhos) abusava da
ingenuidade da população local. A mãe índia dava a luz e a
criança bastarda abandonada pelo pai era rejeitada pela tribo
materna. Com precisão explica Denise Gimenez Ramos: “A imagem do
mestiço como filho de um pai abusivo tem seus reflexos mais
evidentes no preconceito e na contundente estratificação social
vigente”[9].
Como esse filho poderia criar uma identidade
nacional saudável, se sabe que é fruto de um pai violador
extrativista assim como de uma rejeição tribal inicial? Muito
habilmente, Gilberto Freyre tentou transformar essa desvantagem
arquetípica em vantagem.
“A imagem da ‘identidade’ do brasileiro como
o encontro de raças já existia no tempo da independência do Brasil
(…), mas foi Gilberto Freyre que inverteu a fórmula racista
científica que condenava a nação de mestiços a um futuro sombrio,
que a identidade nacional passou a ser um elemento de extraordinário
sucesso, tomando corações e mentes de brasileiros de norte a sul.
Foi Freyre, afinal, o primeiro a articular a tese do ‘mestiço is
beautiful’, permitindo interpretar a miscigenação visível e
palpável da sociedade brasileira como uma ‘virtude cultural’,
quando durante todo o século XIX e até os anos 1930 era considerado
por todos como nosso principal defeito”[10].
Arquétipo do pai-bandido
Não se sabe ao certo o quanto essa transformação
veiculada pelas ciências sociais serviu de antídoto para a péssima
imagem formada em torno dos nossos arquétipos parentais. O que se
sabe é que deles podemos extrair várias consequências[11],
destacando-se, desde logo, a seguinte: para superar seu complexo de
inferioridade, alguns compatriotas (particularmente das castas)
incorporam ou reproduzem o arquétipo do pai-bandido, assumindo uma
persona bravata do tipo ‘comigo ninguém pode’, nem mesmo a lei;
“reproduzindo inconscientemente o comportamento exploratório
paterno, usa-se a terra de modo predatório. O objetivo é ‘tirar
vantagem’ [lei de Gérson], criando uma falsa superioridade”.
As oligarquias reinantes (as castas), sobretudo
quando se comportam de acordo com a imagem do “pai-bandido”, se
julgam acima da lei. Pensam que tudo podem e que nada vai acontecer
com elas. Pisoteiam a Constituição,
a democracia e as leis. Esse é um dos problemas mais graves da nossa
(de) formação cultural. Enquanto não resolvido esse pecado
original, que singulariza as bandas podres das castas brasileiras
como seres deploráveis, dando-se força para as instituições, não
se pode esperar avanços estáveis em relação ao Brasil.
Busca por salvadores da pátria
O afeto ausente do pai é procurado em figuras de
líderes políticos, muitas vezes autoritários e corruptos, mas que
através de seu ‘protecionismo afetuoso’ inibem a queixa de um
possível denunciante. Afinal, como reclamar daquele que abusa do
poder, mas estende a mão e protege? A história é repleta de
exemplos de como regimes ditatoriais preencheram a lacuna do pai
ausente.
Democracia frágil, malandragem e “puer
aeternus”
Mais: “a opção pela democracia e pela
igualdade engendrada pela razão é difícil ser mantida num povo
carente de identidade parental; outra consequência: a criança
abandonada tem irmãos abandonados e recorre à malandragem para
enredar conluios que lesam o pai, projetado na lei; o complexo de
inferioridade ativa a polaridade negativa do puer aeternus
(arquétipo da criança eterna) e cria a imagem de um país
eternamente jovem, cheio de riquezas e belezas tropicais. A ilusão
do puer “é de que amanhã será magicamente melhor do que
hoje”[12].
Sintetizando: do complexo de inferioridade (e das
crises de “identidade nacional” e de “identidade parental”)
podemos inferir pelo menos oito consequências que podem ter reflexos
comportamentais nefastos:
(a) perpetuação das desigualdades;
(b) caráter excludente da estratificação
social;
(c) frouxidão nas questões éticas e morais;
(d) reprodução da imagem do pai-bandido (entrega
à bandidagem como estilo de vida);
Na História do Brasil uma reprodução dessa
imagem teria sido protagonizada pelo príncipe do reino português,
D. Pedro I, que governou o País por nove anos, de 1822 a 1831
(transferindo-o a seu filho, D. Pedro II, que reinou até 1889). Os
historiadores destacam suas grosserias e intempestividades, “o
líder mais tosco da nossa história, fanfarrão, temperamental,
mal-educado, devasso, corrupto: todos esses adjetivos cabem sem
exageros ao jovem imperador”[13].
Agia como um monarca absoluto, valendo-se inclusive de violência
para atacar seus adversários (como, por exemplo, Luís Augusto May).
Nos seus momentos de irritação[14],
demitia seus ministros por qualquer motivo e trocava todo ministério
frequentemente. Intrometia-se em toda administração, menosprezando
seus funcionários. Tomava decisões arbitrárias e irresponsáveis
(constitucionalmente não estava sujeito a nenhum tipo de processo,
porque era o chefe do Executivo e também o encarregado do Poder
Moderador). Chegou a convocar uma Assembleia Constituinte, mas depois
de seis meses ditatorialmente encerrou os seus trabalhos, expulsando
do País vários parlamentares (dentre eles, José Bonifácio, o
“patriarca de Independência”). Pesa-lhe ainda a acusação de
ter provocado a morte de sua esposa, a imperatriz Leopoldina. O
retrato que os historiadores fazem é de um anti-herói, fruto de uma
cultura exageradamente conservadora e patriarcal, que não contesta o
arquétipo do pai-bandido, ao contrário, realiza-o, sem impor novos
valores conquistados por esforço próprio. Assim começou a
governança do Brasil, com um mau-caráter macunaímico, mas que
prometeu outorgar ao Brasil uma constituição
supinamente liberal. E assim fez: a Constituição de 1824 permitia o
voto dos analfabetos, a tolerância religiosa assim como o usufruto
de alguns direitos pelos cidadãos, mas ignorava, por completo, a
escravidão (o que acentua o neocolonialismo aqui implantado com o
nascimento oficial do próprio País).
(e) busca de protecionismo afetuoso (em líderes
autoritários e/ou corruptos);
(f) bloqueios para a construção da democracia e
da igualdade;
(g) recurso à malandragem para lesar o pai
(projetado na lei);
(h) arquétipo da criança eterna (puer
aeternus), que gera baixa autoestima e fantasias megalomaníacas.
Tudo quanto acaba de ser descrito constitui parte
essencial da estruturação da personalidade das oligarquias
governantes e dominantes, que promovem ou não se chocam, sob vasta
lassidão ética, tanto desigualdades como excludências (sem nenhum
sentimento de culpa), não se afastando em muitos casos a reprodução
da imagem do pai-bandido e da malandragem. Supor, no entanto, que as
oligarquias nunca são capazes de também promover o bem comum é um
equívoco.
Sem consciência de que múltiplos fatores
inconscientes estão na base da corrupção e das pilhagens (leia-se:
da cleptocracia), tudo que se fizer em termos de reprovação será
insuficiente. Medidas apenas pontuais são inócuas para debelá-los.
O autor da “Big Bang Theory”, contra a corrupção, o sociólogo
sueco Bo Rothstein, [15]
diz: “não se pode perder de vista que a dura repressão contra
a corrupção, para ser eficaz, deve fazer parte de um leque imenso
de mudanças culturais, educacionais e comportamentais”.
Mudanças verdadeiras e profundas exigem várias
medidas tomadas ao mesmo tempo: repressão, aumento efetivo da
escolarização, ensino de qualidade, novas posturas relacionais,
criação de novas expectativas comportamentais e, sobretudo,
enfrentamento doloroso dos fatores psicológicos elencados
decorrentes do nosso complexo de inferioridade, que tem raízes
profundas no conflito original assim como na nossa identidade
nacional. Sem vencer a tensão gerada pelas polaridades
inferioridade/superioridade, sem resgatar nossa autoestima, não
teremos como forjar uma nova consciência coletiva[16].
[1]
Ver NEGRO PAVÓN, Dalmacio. La ley de hierro de la oligarquia.
Madrid: Encuentro, 2015.
[2]
Ver RAMOS, Denise Gimenez, Brasil no Divã, em O Estado de S.
Paulo de 27/09/15, p. E4.
[3]
Ver https://pt.wikipedia.org/wiki/Complexo_de_vira-lata,
consultado em 22/01/16.
[4]
Ver https://pt.wikipedia.org/wiki/Complexo_de_vira-lata,
consultado em 22/01/16.
[5]
Ver RAMOS, Denise Gimenez, Brasil no Divã, em O Estado de S.
Paulo de 27/09/15, p. E4.
[6]
Ver RAMOS, Denise Gimenez, Brasil no Divã, em O Estado de S.
Paulo de 27/09/15, p. E4.
[7]
Ver RAMOS, Denise Gimenez, Brasil no Divã, em O Estado de S.
Paulo de 27/09/15, p. E4.
[8]
Ver
https://reformaintimaja.wordpress.com/definicao-de-conceitos/arquetipos/,
consultado em 22/01/16.
[9]
Ver RAMOS, Denise Gimenez, Brasil no Divã, em O Estado de S.
Paulo de 27/09/15, p. E4.
[10]
Ver SOUZA, Jessé. A tolice da inteligência brasileira. São
Paulo: Leya, 2015, p. 30.
[11]
Ver RAMOS, Denise Gimenez, Brasil no Divã, em O Estado de S.
Paulo de 27/09/15, p. E4.
[12]
Ver RAMOS, Denise Gimenez, Brasil no Divã, em O Estado de S.
Paulo de 27/09/15, p. E4.
[13]
Ver NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da História do
Brasil. 2ª edição. São Paulo: LeYa, 2011, p. 278.
[14]
Ver NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da História do
Brasil. 2ª edição. São Paulo: LeYa, 2011, p. 279-281.
[15]
Ver
http://www.pol.gu.se/digitalAssets/1350/1350652_2007_3_rothstein.pdf,
consultado em 30/12/15.
[16]
Ver RAMOS, Denise Gimenez, Brasil no Divã, em O Estado de S.
Paulo de 27/09/15, p. E4.
Professor
Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino
LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de
Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado
(1999 a 2001).