Belo Horizonte já foi considerada uma das melhores capitais do Brasil no item qualidade de vida (segurança, saude, educação, lazer, etc...). Esse tempo, no entanto, parece distante para quem mora atualmente na capital mineira e faz parte da Grande BH, que inclui outras cidades, tais como: contagem e Betim e uma população em torno de 6 milhões de habitantes.
Estando um pouco saudosista e não sendo um Belo-horizontino nato, mas de coração, tendo morado em BH entre os anos de 1997 a 2000, aprendi a amar essa cidade cheia de nostalgia e sonhos que fluem na Praça da Liberdade, no Parque Municipal, no Palácio das Artes, no imenso e extraordinário Complexo da Pampulha, no Horto Florestal, nos seus museus, na Rua da Bahia, na Rua Rio de Janeiro, no Comércio do Barro Preto, na Rua São Paulo (Rua do sobe e Desce), na Praça da Estação, na Praça Sete de Setembro (palco dos grandes encontros que mudaram a história de Minas Gerais) e no Viaduto Santa Tereza.
Naqueles idos, final do século XX e início do século XXI, já não era mais possível sair durante a noite sem muita reserva, medo de ser assaltado ou ser morto. Contudo, teimávamos em andar pelas noites através dos bares com música ao vivo (boa música, diga-se de passagem)nos arredores da Avenida Augusto de Lima, na Savassi ou na Pampulha. Eu participava de um grupo de artistas formado por Efraim Maia, Chico Lobo e Claudio Araújo. Chico Lobo e Claudio Araújo, dois violeiros da melhor qualidade, dedilhando nas cordas das violas músicas de raiz, e Efraim Maia, com o seu vozeirão e o seu violão, cantava o som nordestino, naquele tempo já em moda pelo Brasil.
Nos finais de semana, pela manhã, eu deixava o Bairro Betânia, onde eu morava, pegava o ônibus com destino a Santa Amélia e descia na Avenida Afonso Pena para assistir aos concertos de música clássica no Parque Municipal. Lembro-me que foi nessa época que interditaram parte da Avenida Afonso Pena, todo o Parque Municipal e o Hotel Financial para as filmagens da minissérie Hilda Furacão, pela Rede Globo, baseada na obra do escritor mineiro Roberto Drumond.
No último final de semana, repetindo sucesso de anos anteriores, Belo Horizonte promoveu o LIBERARTE, um festival de música, dança, teatro e circo. As atividades se espalharam por toda a cidade, desde uma exposição de arte alternativa na Estação Ferroviária até a montagem de um palco de rock debaixo do Viaduto Santa Tereza.
No entanto, como Belo Horizonte costuma ficar fora dos focos das estatísticas da criminalidade nacional, pouco se falou nos assassinatos que ocorreram paralelos ao LIBERARTE. Em números oficiais foram 36 assassinatos na Grande Belo Horizonte. Digo números oficiais porque muitas mortes não são contabilizadas, ocorrendo na zona rural. Nessa soma não estão contadas as mortes no trânsito e por overdose de drogas, além das tentativas de homicídios.
A conclusão a que chegamos é que, no momento atual do Brasil, não importa a metrópole onde estejamos. A síndrome de violência se repete em qualquer cidade grande onde os traficantes possam se instalar, vender drogas, aliciar menores e, depois mata-los. Os traficantes matam os menores quando percebem que eles não são capazes de suportar a pressão; ou colocam-nos nas frentes das batalhas com a polícia. A violência está, ainda, no trânsito louco das ruas que não suportam mais a quantidade de veículos entregues à população por um país que não investiu, quase nada, nos últimos anos, no transporte público, em especial o ferroviário(que foi sucateado).
Assim, a capital dos mineiros, outrora cheia de bonança, estampa a cara de um Brasil violento, doente, sem rumo e infestado de políticos corruptos. Belo Horizonte é o quadro de uma nação em decadência, tomada pela violência em todas as suas formas, onde o cidadão sai de casa para trabalhar sem saber se voltará para dormir.
Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Imagens: Google.
Nenhum comentário:
Postar um comentário