segunda-feira, 10 de março de 2014

JUVENTUDE TRANSVIADA - JUSTIÇA E PAZ

Como uma nação pode falar em igualdade social, apresentar-se como sede de uma copa do mundo e de olimpíadas quando um jovem de dezesseis anos entra em um supermercado, tenta roubar, faz uma refém e é morto pela polícia? Como, se após esse fato, no dia de hoje, os traficantes do bairro onde ele morava (São Mateus, em São Paulo) ordenaram que todas as lojas fossem fechadas e promoveram uma passeata com quebra-quebra pelas ruas afora. Nenhuma loja ousou abrir suas portas diante do poder e da lei do crime. Outro jovem de 16 anos foi assassinado ao tentar salvar o irmão de ser morto por dois bandidos (aparentando serem adolescentes) em uma moto. Na mesma linha cruel, um adolescente foi morto ao se negar a entregar o par de tênis a dois assaltantes, também, sobre motos.  

Onde está o paralelo dessas mortes? Todos os assassinos são jovens, na sua maioria viciados em cocaína, crack e maconha. Numa ordem cronológica roubam motos, pequenos comércios de bairros, tênis e carros (a preferência deles são as motos). Esses jovens, quando não são mortos em confrontos com a polícia (muito melhor preparada para confrontos armados), são presos e demonstram desprezo para com a vida. A imprensa tem dito que esses criminosos são frios no momento de assumirem seus crimes. Há que se discordar dessas conclusões. Na verdade, eles demonstram desprezo para com as suas vidas e para com as vidas alheias. Quando perguntados se não têm medo de serem mortos pela polícia, respondem: “Uma hora a gente tem que morrer mesmo, seu doutor. Tô nem aí pra vida e muito menos pra morte”.

Os “rolezinhos” em shoppings, os movimentos, tipo black bloc na manifestações de ruas, os arrastões em túneis e prédios, os vários ônibus queimados e os assaltos em lojas, demonstram que se está havendo uma síndrome social que precisa ser estudada a fundo para se criar mecanismos que impeçam o seu alastramento de forma desordenada. O que se vê é o completo desrespeito para com às leis por uma juventude que se une para provocar o caos.

Quem conhece os meandros da sociedade e estudou a fundo as civilizações, talvez possa explicar melhor o que está acontecendo. O que se vê são camadas periféricas, em parte formadas por jovens delinquentes e outros que vão no “oba-oba”, usando das redes sociais para protestar contra suas condições sociais (essa é a questão: eles extravasam suas frustrações e ânsias). Marcam encontros pela internet e através de telefones celulares e  atacam os shoppings – considerados ilhas de segurança em meio às metrópoles em guerra urbana -, destroem agências bancárias – símbolos do poder financeiro mundial – e depredam as repartições públicas em todas as suas esferas – símbolos do poder absoluto do estado e “culpado” pelas desgraças e desigualdades sociais.  


A polícia, então, é chamada para conter a sanha dos vândalos, como se o caso fosse de polícia. O caso, na verdade, é de política (políticas públicas sérias promovidas pelos prefeitos, pelos  governadores, pela presidência da República e pelo Congresso Nacional (maior culpado pelas desgraças do Brasil). O nosso Congresso Nacional se arrasta em jogos de interesses pessoais e não é capaz de reformular o nosso Código de Processo Penal e muito menos o nosso Código Eleitoral. Enquanto parte da nossa juventude vandaliza, mata e morre por razões fúteis, O PMDB inteiro discute com a Presidente Dilma os cargos que vai ter para apoiá-la no próximo pleito eleitoral. Enquanto os traficantes mandam um bairro inteiro da cidade de São Paulo fechar as portas, as nossas cortes de Justiça estão preocupadas se os condenados no mensalão estão bem ou mal acomodados e manda o Congresso Nacional pagar os supersalários dos seus servidores.

E, para finalizar, ainda aparecem duas malucas, saudosas da Ditadura Militar, convocando as pessoas em nome da Igreja Católica, para passeata em defesa da fé e da família. Ora, tenha a “santa paciência”! Como se não soubéssemos que foram os militares, com a sua malfadada e cruel ditadura, apoiada pelos Estados Unidos, que atrasaram o Brasil em mais de 50 anos.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Imagens:  G1.Globo   


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