segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

FALIBILIDADE E FATALIDADE




O que é falibilidade? Respondendo, é a qualidade do que é falível, do que pode perecer, acabar-se, esvair-se. E fatalidade? A fatalidade é um fato súbito, inesperado, pensado, mas indesejado. Assim, a falibilidade quase sempre está atrelada à fatalidade, pelas peculiaridades da segunda em detrimento da primeira.


Dois monstros do esporte se encontraram, neste final de ano, diante das suas qualidades falíveis que se dobraram á fatalidade: Anderson Silva - O maior nome das artes marciais (ou MMA) de todos os tempos na história dos esportes, campeão por sete anos consecutivos, lutador com características específicas, sempre entrando no octógono e desestabilizando psicologicamente seus adversários; Micael Schumacher, considerado o maior campeão das corridas de Fórmula 1 de todos os tempos, dono de marcas extraordinárias nos autódromos, Personalidade explosiva.

Anderson Silva tendo perdido o cinturão de campeão dos pesos médios do MMA numa luta em que viu derrubado seu estilo desestabilizador dos adversários, onde, inicialmente, brincava , dançando no ringue, foi nocauteado com um soco no queixo por um jovem e desconhecido norte-americano. No último sábado, dia 28 de dezembro de 2013, entrou novamente no ringue, numa revanche que considerava como um desagravo. apanhou muito no primeiro round, tendo sido quase nocauteado com um soco no ouvido. No segundo round, voltou a apanhar e, num de seus melhores golpes, tentou acertar a coxa do seu adversário com um poderosíssimo chute. No golpe de defesa de Chris Weidman, a perna de Anderson Silva se partiu em dois lugares. Caiu, gritando de dor, indefeso e desesperado, o maior campeão de MMA de todos os tempos. Estaria ele preparado, novamente para essa luta? Eu acredito que não. Ele já entrou no octógno com medo e apanhou muito até o momento em que quebrou a perna.

Micael Schumacher, que já havia encerrado sua carreira gloriosa na Fórmula 1, voltou às pistas por conta de propostas milionárias. Na escuderia Ferrari acumulou glórias nunca antes conseguida por outro piloto. sua fama ultrapassa os limites do próprio Aílton Sena pela quantidade de títulos que ganhou ao longo da sua carreira. Na sua vida particular acumulou, também, desafetos pelas suas atitudes muitas vezes arrogantes. Gostava, ao que tudo indica, de esportes radicais, tendo como paixões o esqui e o hipismo. Neste último final de semana ele estava com seu filho de 14 anos esquiando num balneário francês (onde tinha casa de veraneio) e sofreu um acidente onde bateu com a cabeça numa pedra. Sofreu traumatismo craniano, está em coma e seu estado é gravíssimo.

Antes de continuar os comentários sobre Anderson Silva e Micael Schumacher, gostaria de falar sobre as enchentes no Espírito Santo - ES e em Minas Gerais. O ES possui pouco mais de 70 municípios e mais de 50 deles estão tomados pelas enchentes. Relembro o depoimento de um pequeno comerciante que teve tudo perdido e estava vivendo numa igreja com a sua família e sendo ajudado por voluntários. Disse ele: "Nestes momentos da vida e gente vê que todos somos iguais, iguaizinhos... Tem gente aqui comigo que era considerada rica e hoje vive da caridade alheia. Bom. Eu só abri "esse parêntese". para gerar um pouco mais de questionamentos sobre a vida e as tragédias que a assolam.

Anderson Silva, um brasileiro, que hoje vive nos Estados Unidos com a sua família, nasceu humilde e venceu, por seus méritos, na vida.O Brasil ainda é considerado um país do Terceiro Mundo. No entanto, mesmo assim, Anderson Silva chegou ao ápice da fama como campeão de MMA e acumulou dinheiro e poder. Micael Schumacher nasceu na Alemanha, país de primeiro mundo (a maior economia da Europa), numa família de classe média alta, teve todo apoio para vencer e chegou ao topo da fama, da glória e da fortuna. os dois estão hospitalizados, em situações diferentes, mas incapacitados como campeões, impedidos de mostrar ao mundo que são diferentes, mais fortes, poderosos.


Seria um recado do destino as duas tragédias do esporte, ou apenas mera coincidência? Não seriam as duas tragédias uma forma da vida nos mostrar que, tal como as enchentes destroem cidades inteiras, levando vidas humildes e esquecidas, a fatalidade leva embora, também o orgulho, a fama, o poder e as fortunas, pois, como disse o homem humilde no meio da enchente no ES,"somos todos iguais, iguaizinhos nesses momentos da vida?..."

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagens: whiteshirtjeans

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A BANDA DE MÚSICA DE ANDRELÂNDIA TOCOU E ENCANTOU O MUNDO...




A BANDA DA MAGIA

"Andrelândia" tem uma banda...
a banda dos meninos,
das meninas -
tocando magia,
tocando poesia.

A banda passa, a banda canta
a banda toca, a banda encanta...

A banda encanta o mundo...
dá vontade de dançar,
dá vontade de cantar,
ou apenas de olhar
a banda tocar.

Andrelândia é uma cidade do Brasil, localizada no Sul de Minas Gerais, com forte influência cultural das cidades de São João Del Rei e Juiz de Fora. Sua história foi marcada pela música e por períodos de glória e decadência de outras artes. A arte musical sempre esteve presente na vida dos seus cidadãos e um dos seus mais belos expoentes está na sua Banda de Música, denominada Corporação Musical São Pio X, exemplo de cultura e tenacidade de uma família numa cidade de poucos recursos revertidos para as artes e a cultura. A história detalhada das bandas está delineada na página do Facebook de da Corporação Musical São Pio X, pois existiram outras bandas de música em Andrelândia, quando a cidade ainda não passava de uma vila (Vila Bela do Turvo – por volta de 1820) e, depois, cidade do Turvo até 1930.

O trabalho desenvolvido, atualmente, pela Banda São Pio X, envolve mais de 150 pessoas, entre alunos, professores e projetos sociais, (time de vôlei e, mais recentemente, em parceria com o Centro de Referência e Assistência Social – CRAS, o Coral de Jovens). A maioria dos componentes da Banda são meninos e meninas entre 10 e 15 anos. Wilson Pereira e os seu filho Wilsinho são os maestros e os maiores expoentes da Banda. Wilsinho nos comunicou, inclusive, que está se aprimorando como maestro e estudando música. Disse, ainda, que a Banda dá prioridade ao trabalho social, envolvendo as crianças e adolescentes na música ( crianças, na sua na maioria, vindas de famílias pobres), de forma a focá-las num ambiente saudável durante os anos de formação das suas personalidades. As crianças sem aptidão para a música são envolvidas nos projetos esportivos.



Embora a Corporação Musical São Pio X tenha se iniciado em 1955, sua história remonta aos finais do Século XIX, ligando seus músicos a uma herança musical Clássica ou Erudita, como preferirem os amantes da música. Assistir às suas apresentações é poder se deliciar como uma mistura de gostos musicais, onde o Erudito se combina ao Popular em canções que foram compostas a partir do ano de 1200 e outras compostas na atualidade. Ouvi-la interpretando Mozart é estar diante de uma “pequena orquestra sinfônica” e ouvir “O Guarani” através dos seus trombones, não só emociona, mas eleva a alma.

No dia 23 de dezembro de 2013, a Corporação Musical São Pio X fez uma magnífica apresentação de Natal no interior da Matriz de Nossa Senhora do Porto, expondo ao público, pela primeira vez, o seu Coral de Jovens.

Atualmente a Corporação Musical São Pio X vive das contribuições dos seus membros e de uma pequena ajuda da Prefeitura Municipal (algo em torno de R$15.000,00 por ano). Suas apresentações elevam não só a cidade de Andrelândia na região, mas em todo o Brasil. Como disse Chico Buarque de Holanda:

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor
Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou
E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor...




Quem não para ver a Banda passar cantando coisas de amor?
Parabéns Wilson Pai e Wilson Filho pelo amor à Banda e à Música.
Parabéns a toda a sua família pelo amor às artes.

A pequena Andrelândia, hoje, com os seus sobrados e casarões coloniais é sinônimo e exemplo de Banda de Música.


Texto de Pedro Paulo de Oliveira

Imagens: Página no Facebook da Corporação Musical São Pio X



segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

MINISTÉRIO PÚBLICO DENUNCIA FCA POR CRIME.




Tal como já foi denunciado neste Blog, a Vale do Rio Doce, através do seu braço Ferrovia Centro Atlântica - FCA, parece que não respeita as leis deste país. Ela simplesmente desdenha a legislação sobre o patrimônio histórico e ambiental e,- pior de tudo - é que quem deveria impedi-la ou, no mínimo, obriga-la a cumprir certas normas, não está nem aí. O Ministério Público, através do seu representante na Comarca de Andrelândia, já denunciou o crime ambiental na margens do Rio Turvo (TJMG -0059885672-2013-8-13-0028). Ao que conta, a denúncia do MP já está nas mãos da Juíza da Comarca de Andrelândia e prevê, inclusive, multa acima de R$100.000,00.

Na matéria anterior noticiamos que o MP não havia se manifestado. Como a verdade deve prevalecer nas informações com imparcialidade - que é o que se pretende aqui - , compete-nos informar que a denúncia foi feita e, agora, a Juíza analisará e, se entender que há crime, sentenciará, aplicando multa e mandando que a Vale do Rio Doce respeite as leis ambientais.

Parece pouco o que se vê na saída da cidade de Andrelândia. Mas, as mais de 80 carretas que deixam, diariamente, o transbordo carregadas de minério, inclusive, não respeitam nem as leis de trânsito: formam imensas filas nas margens da rodovia, numa extensão de mais 500 m. Com essas chuvas, segundo pudemos apurar junto à COPASA, escorrerá minério para o Rio Turvo, modificando o PH da sua água. A área onde foi montado o transbordo é residencial e as casas estão sendo invadidas pelo pó negro do minério que sai das carretas. Os moradores das imediações do transbordo estão apreensivos, pois não podem mais transitar livremente e temem serem acometidos por algum mal provocado pela inalação do pó mineral.

Outro detalhe que tomamos conhecimento é que a FCA apresentou à Polícia Militar de Meio Ambiente uma autorização de 2011 para atuar, em caráter de urgência, nos 15 metros do leito da ferrovia. Ora, essa autorização visa o atendimentos de acidentes pontuais, localizados. Isto é, a concessionária só pode fazer obras de emergências no local do acidente. Exemplo: uma barreira que cai, descarrilamento de composições. Para se fazer o transbordo em Andrelândia, a FCA teria que ter uma autorização especial do IBAMA e da Prefeitura Municipal de Andrelândia, tudo baseado em estudos técnicos, com levantamento do impacto ambiental.

Quanto ao suposto crime contra o Patrimônio Histórico, com a queda do Túnel de Augusto Pestana, ainda não fomos informados se o Ministério Público e o IPHAN já estão tomando providências e apurando as circunstâncias da obra naquele local. Augusto Pestana, próximo a Passa Vinte, deve estar sob tutela do Ministério Público da Comarca de Aiuruoca - MG. O que sabemos é que a FCA está fazendo um desvio lateral ao túnel que foi destruído.

Texto e foto do transbordo de Pedro Paulo de Oliveira.

foto do Ministério Público: Site do MP em MG.


sábado, 21 de dezembro de 2013

O INSTINTO SUICIDA E ASSASSINO NAS ESTRADAS BRASILEIRAS



IMAGENS DE ACIDENTES NA BR 116, PRÓXIMO A MANHUAÇU, EM MINAS GERAIS.

Muitos motoristas brasileiros são sádicos. Nessa questão de sadismo na direção de veículos existem motoristas que são suicidas e outros, meramente assassinos. A outra questão está na malha rodoviária brasileira completamente ultrapassada.

Vamos começar nossa análise pela malha rodoviária: Empreendi uma viagem esta semana que se iniciou do domingo pela manhã. Percorri, de carro, aproximadamente, 1000 km. Saindo de Andrelândia até Arantina, no Estado de Minas Gerais, atravessei um trecho da MG 494 – algo em torno de 25 km até a BR 267 -, até então bastante castigada, bastante esburacada. Na BR 267, toda reformada, com o piso em excelente estado, segui até Leopoldina. Um adendo, porém, para esse trecho de aproximadamente 230 km de rodovia, passando por dentro da cidade de Juiz de Fora: a rodovia, apesar de nova, tem pista única (mão dupla) com um trânsito intenso de veículos, sendo que quantidade de carretas e caminhões ultrapassa o número de carros de passeio, e entre Juiz de Fora e Leopoldina formam-se comboios imensos e a maior parte desse trecho não tem acostamento.
Em Leopoldina, parei para descansar, fiz um lanche, me alonguei e cochilei uns 20 minutos. Daí em diante a chuva começou. Mas, não me impediu de continuar. Seguindo a viagem, entrei na BR 116, que passa por Muriaé e Manhuaçu. Na região de Manhuaçu, a paisagem muda, a temperatura cai e dá para se ver a cadeia de montanhas que forma o Parque do Caparaó, do qual faz parte o Pico da Bandeira em Espera Feliz. A paisagem esfumaçada, fria e úmida nos dá a impressão de estarmos eternamente no inverno. Na BR 116, que também está toda reformada, o trânsito de carros pesados é infernal, num vai e vem de cargas ligando quatro estados (MG, SP, RJ e ES). A chuva não dava trégua.

Deixando Manhuaçu, segui viagem pela BR 262, deixei Minas Gerais e entrei no Espírito Santo. Percorri algo em torno de 180 km dessa rodovia, também toda reformada, passando pela exuberante paisagem das cidades de Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante, região, ao que me parece colonizada por italianos, assim como a cidade de Castelo, nas proximidades. Parei um tempo na cidade de Venda Nova do Imigrante, respirando o ar úmido e frio das montanhas, tomei Café Conilon torrado na hora e comi pamonha. A noite já havia começado e segui mais alguns quilômetros pela mesma rodovia até a Hospedaria Petra, em Pedra Azul, onde me hospedei, um povoado exuberante, cheio de pousadas e um povo muito amável. Antes de dormir, fui até a pizzaria e tomei Caldo de aipim com camarão e bacalhau (não existe caldo melhor em lugar algum e o preço de R$10,00 por uma tigelona é muito barato).

No dia seguinte, levantei muito cedo e segui viagem pela BR 262 até desembocar na BR 101. Aí, sim, começa uma verdadeira aventura. Parece o inferno de Dante. Mas, tudo bem, a rodovia está toda reformada e é constituída de pista única, embora tenha um bom acostamento e boa sinalização. Logo estava passando pelo Município de Serra e no entorno de vitória. Meu destino era a região de São Mateus e cheguei lá por volta das 16 horas, suportando paradas provocadas por engarrafamentos, obras nas margens da rodovia, acidentes e comboios de carretas.

O Norte do Espirito Santo, onde se insere São Mateus, Nova Venécia, Colatina, Linhares, Jaguaré, entre outras, faz divisa com o Estado da Bahia. É uma região que pode ser considerada rica se comparada com outras do nosso país. A base da economia é formada pelas grandes plantações de café Conilon, coco, pimenta do reino, mamão, manga, banana, royalties de petróleo, pesca e turismo.

Como se pôde apreender resumidamente na descrição da minha viagem, a interligação principal dos Estados de Minas Gerais com a Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo é feita através de rodovias. O que ocorre, no entanto, apesar dessas rodovias citadas, incluindo, ainda, trecho da BR 381 para quem segue por Belo Horizonte, passando por Governador Valadares, estarem todas reformadas, foram construídas há mais de meio século prevendo um trânsito de caminhões leves e poucos veículos de passeio. Até a década de 1980 quem podia possuir um carro precisava estar muito bem financeiramente. Hoje, qualquer assalariado, que ganha pouco mais de um salário mínimo e que mora com os pais, tem o seu carro em bom estado. O governo, ao longo dos anos, vem dando altos incentivos para a indústria automobilística por várias razões: o IPI repassado para o governo federal da venda de um carro é quase um terço do preço final do mesmo, vende-se mais gasolina (Petrobrás); e paga-se mais impostos para a legalização dos automóveis. Assim, todo mundo tem o seu carro e as ruas e as estradas continuam as mesmas do século passado. Não se investiu em infraestrutura para acompanhar a demanda do trânsito.

Jovens motoristas vão para as estradas, cheios de ousadias e vontade de voar. Fazem das vias pistas de corrida, em carros possantes. As estradas, no entanto, são as mesmas do século passado, cheias de curvas, com poucos e estreitos acostamentos. A maioria desses motoristas, ao revés da lei, imprimem velocidades acima de 120 km/h, fazem ultrapassagem em locais proibidos e não respeitam os veículos mais lentos. Muitos ainda bebem ou usam droga para dirigir em seguida. Essa combinação dá um resultado funesto: O Brasil tem o maior índice mundial de morte e lesões irreversíveis no trânsito. Sem contar a quantidade de motos e motociclistas abusados que circulam à margem da legislação: eles circulam pelo acostamento, passam entre os veículos em zig zag e não encostam para serem ultrapassados. Por fim, os caminhoneiros, essa classe valente, sofrida e que carrega a riqueza do Brasil nas carrocerias das suas máquinas. 

Voltando à questão das rodovias, que foram construídas há mais meio século, elas previam um trânsito leve de caminhões. Grande parte da nossa produção era transportada pelas ferrovias e por hidrovias. No entanto, com o advento da era da ditadura militar, em troca de um acordo que beneficiava as multinacionais fabricantes de caminhões no Brasil, o governo militar desativou grande parte da malha ferroviária e não investiu nem um centavo no que restou. Quando finalizou a ditadura, as ferrovias estavam sucateadas e o Brasil lotado de caminhões em estradas quase completamente destruídas.

Os caminhões, antes lentos, barulhentos, desconfortáveis, a partir de 1990 começaram a se modernizar, com eixos mais bem trabalhados, motores possantes, direção hidráulica, freios abs e cabines espaçosas com ar condicionado. No entanto, as estradas permaneciam as mesmas. Os Governos civis, após a era militar, pouco investiram em estradas até o governo Lula. Foi somente a parte da era Lula que as estradas federais foram reformadas até por questões de logística (se não o Brasil parava) Outra parte das rodovias foi privatizada (040, parte da Fernão Dias – 381, Dutra, etc.). No entanto, grande parte da malha rodoviária brasileira ainda precisa se à loucura do transporte de carga. Está ficando inviável dirigir por rodovias apinhadas de caminhões e carretas sendo guiadas, carregadas com mais 50.000 kg, a mais de 100 km/h.

É preciso abrir um adendo para falar de outras rodovias federais em petição de miséria: a BR 163, que corta o centro do país é uma delas, seguida pela BR 135 também cheia de buracos e perigosa. Ressalte-se que existem trechos das BRs 381 e 101 que estão sob concessão e já foram duplicados. Contudo, em alguns casos, essas empresas concessionárias deixam de cumprir cláusulas contratuais se beneficiando das benesses do governo e da cobrança do pedágio. Outro disparate é a diferença entre os pedágios. Enquanto na BR 040 o pedágio para um carro de passeio é quase R$10,00, na Fernão Dias não chega a R$2,00. O Governo Federal, juntamente com a iniciativa privada, fala em investir nos próximos 4 anos algo em torno de 100 bilhões de reais para tentar tirar o Brasil do atraso nessa questão de transportes. Mas, uma coisa é certa: por mais que se invista na infraestrutura e modernização das rodovias, não vai haver desafogo do trânsito, se não houver investimentos pesados em ferrovias e hidrovias. É preciso, inclusive, reativar o transporte ferroviário de passageiros, a exemplo do trem que faz a ligação de Belo Horizonte - MG para no Vitória-ES.

Ouvi da mãe de uma vítima do trânsito louco: “políticos raramente usam as estradas. Eles andam de aviões e helicópteros”. O que ela quis dizer é que parece que os políticos não estão nem aí para a mortandade nas estradas brasileiras. A maioria dos motoristas de carros de passeio que trafegam pelas rodovias, levam suas famílias em passeios ou estão a trabalho. Eles são obrigados a enfrentar uma estrada onde o perigo de ser engolido por uma carreta de é constante. Se estiver chovendo então, o perigo dobra. O pior de tudo é que ainda existem alguns (minoria, diga-se de passagem) motoristas de caminhão que são sádicos e assassinos. Sobre suas máquinas monstruosas, de cima das suas cabines, esses motoristas olham os veículos minúsculos e os humilham o máximo que podem. Talvez estejam indo à forra pelo tempo que tiveram que guiar caminhões lerdos, barulhentos e sem nenhum conforto.

Esses fatos descritos se repetem nas estradas estaduais e com um agravante: a qualidade do material usado para fazer a cobertura asfáltica é duvidosa. Suspeitas de corrupção pesam sobre as empresas que fazem o recapeamento e as famosas “operações tapa-buracos”. E não é somente em Minas Gerais que pude constatar essa realidade de descaso com as rodovias estaduais. As estradas do Espírito Santo também estão muito ruins. Segundo a CNT, mais de 60% da malha rodoviária brasileira está em péssimo estado.

As estradas brasileiras, sem estrutura para suportar a quantidade de veículos de cargas e de passeios, tornam-se corredores da morte, dando, inclusive, vasão para instintos suicidas e assassinos. Não há uma fiscalização efetiva da Polícia Rodoviária Federal ou das polícias militares nos municípios para punir os motoristas bêbados ou drogados; os limites de velocidades só são respeitados onde existem radares; e não são feitas vistorias frequentes nos veículos para se verificar suas condições de tráfego.

Assim, vai indo o Brasil da copa do mundo e das olimpíadas, com um sistema viário sucateado, com as melhores ferrovias (também sem investimentos) nas mãos dos donos da Vale do Rio Doce, portos ultrapassados e aeroportos congestionados.

Salve-se quem puder. Enquanto persistir essa situação caótica das estradas brasileiras, se você for sair de viagem, seja de ônibus ou no seu próprio carro, faça uma oração poderosa antes, peça a São Pedro para não mandar chuva e ao seu Anjo da Guarda para protegê-lo contra os suicidas e assassinos das estradas. E cuidado com as carretas que mais parecem aqueles robôs gigantescos denominados Transformers.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagem: manhuacunoticias.com.br


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

VALE DO RIO DOCE PODE ESTAR PRATICANDO CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO HISTÓRICO E AMBIENTAL NO POVOADO DE AUGUSTO PESTANA E NA CIDADE DE ANDRELÂNDIA, NO ESTADO DE MINAS GERAIS.



TÚNEL E ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE AUGUSTO PESTANA

A grande imprensa talvez ainda não tenha tomado conhecimento das últimas trapalhadas promovidas pela Vale do Rio Doce através de um dos seus braços fortes: A Ferrovia Centro Atlântica - FCA. Para início de conversa e esclarecendo para quem não sabe, a FCA tem a concessão da malha ferroviária que sai da cidade de Arcos em Minas Gerais e vai até a cidade de Volta Redonda no Estado do Rio de Janeiro. Ela é praticamente dona desse trecho de ferrovia que os magnatas que compraram a Vale do Rio Doce do Governo Federal, nas famosas privatizações dos tempos de Fernando Henrique Cardoso, também adquiriram em leilões até hoje não muito bem explicados. A ideia desse grupo é monopólio do minério brasileiro e da siderurgia. A mineradora, a ferrovia e a siderúrgica em volta Redonda pertencem ao grupo.

A trapalhada da FCA foi à altura do km 180 desse trecho de ferrovia, num arraial denominado Augusto Pestana em homenagem a um engenheiro carioca que participou da construção pelo Governo Republicano da Estrada de Ferro Oeste de Minas – EFOM, que saia de Ribeirão Vermelho – MG, passava por Barra Mansa e ia até Angra dos Reis, inaugurada em 1915. Tendo em vista que a ferrovia atinge seu ponto mais alto nessa localidade foi inaugurado um túnel nas suas proximidades. Por volta de 1931, com a expansão da eletricidade, o túnel foi rebaixado para dar passagem às famosas locomotivas elétricas da Rede Mineira de Viação – RNV (nome que foi dado pelo governo ao trecho da ferrovia EFOM em seu território). Em 1965, o Governo Federal, sob a ditadura militar, reassumiu a maioria das malhas ferroviárias, entendendo que elas representavam uma questão de segurança nacional, criou, inclusive a Polícia Ferroviária e mudou o nome do trecho em questão para Viação Férrea Centro Oeste - VFCO. Na verdade, nesse período ele subdividiu as ferrovias do Brasil por regiões com controles específicos. No entanto, em 1975, com a ditadura militar já em decadência e a malha ferroviária brasileira completamente sucateada, numa tentativa de acompanhar o progresso mundial ferroviário, os militares centralizaram todas as ferrovias na Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima que era, na verdade uma estatal. De nada adiantou essa atitude desesperada, onde se tentou construir, também a Ferrovia da Soja e Ferrovia do Aço. Jogou-se muito dinheiro fora nessas obras. O golpe derradeiro foi em 1996, quando o governo federal promoveu a maior loucura e entregou grande parte do patrimônio nacional para grupos poderosos e ligados a políticos influentes em Brasília.

Só para esclarecer os leitores, como foi dito que a Vele do Rio Doce é a dona desse trecho de ferrovia e os seus donos a comprou nos mesmos moldes escusos em que adquiriu a própria Vale e a CSN, num consórcio que envolveu o Bradesco e muito dinheiro do exterior, além de moedas podres adquiridas no mercado pelo valor de 10% do que elas constavam no papel, e entraram no leilão pelo valor de 100% (por isso o nome moeda podre). Sem contar que Steinbruch, um dos donos que conta nos contratos sociais, parece que tem ligações com bancos e empresas no Panamá (diga-se, paraíso fiscal). No final das contas, mais de 60% desse grupo, incluindo a Vale do Rio Doce, a CSN e FCA, está nas mãos de estrangeiros desconhecidos.

A história de um país, a partir do final do século XIX até os dias atuais, deveria passar, com orgulho pelas suas ferrovias. Assim é em quase todos os países da Europa, dos Estados Unidos, alguns da Ásia e da América Central. Na América do Sul só podemos lamentar o destino das ferrovias: todas sucateadas e os trechos que ainda prestam estão nas mãos de empresários poderosos, donos de mineradoras e transportadoras.


TRANSBORDO DA FCA EM ANDRELÂNDIA

A Vale do Rio Doce parece está intocável ao longo dos anos. Não É para menos: é considerada a maior mineradora do planeta e monopoliza grande parte da malha ferroviária brasileira que ainda está operante. Assim, seus diretores, do alto do seu poder, ditam normas, burlam leis, não respeitam os cidadãos comuns e, muito menos a história e o patrimônio nacional. O que a FCA fez e está fazendo em Augusto Pestana é o maior crime contra o patrimônio histórico da nossa região, de Minas Gerais e do Brasil. Simplesmente ela decidiu que iria rebaixar ainda mais o Túnel de Augusto Pestana para as locomotivas mais altas pudessem passar por. Parece que não fizeram um estudo detalhado e, muito menos a contenção necessária para esse tipo de obra. O túnel simplesmente desabou. Por sorte, no momento, não havia ninguém no seu interior. Pelo menos foi isso que pudemos apurar. Como a ferrovia não pode parar, e o túnel já era, resolveram fazer um desvio lateral e as obras já estão em vias de começar. E o Túnel e a história. Onde está o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional – IPHAN? Onde está a Promotoria Mineira que cuida do nosso patrimônio Histórico? Refazer o túnel de Augusto Pestana talvez nem seja possível. Mas, quem sabe seja possível. Já vi o Ministério Público ganhar ações em que obriga o dono de um imóvel histórico demolido a refazê-lo tal como era antes de desabar. O certo é que as circunstâncias em que o desabamento do túnel ocorreu têm que ser investigadas.

Como o transporte de minério não pode parar e grande parte da produção da CSN depende do minério que passa nesse trecho de ferrovia, a FCA mandou fazer um transbordo na cidade de Andrelândia, na altura do Pontilhão que passa sobre o Rio Turvo, na saída para a cidade de Arantina. Uma pergunta: Será que para fazer esse transbordo a FCA conseguiu autorização o IEF, IBAMA e Prefeitura Municipal de Andrelândia. Será que ela apresentou projeto de impacto ambiental às autoridades competentes. Pelo que pudemos apurar, sairão, carregadas do transbordo, diariamente, por um prazo aproximado de um mês, algo em torno de 150 carretas conhecidas como “bi trens”, pois elas têm carroceria dupla.


Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagens de Augusto Pestana: Jorge A. Ferreira Jr.

Imagens de Andrelândia: Pedro Paulo de Oliveira.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A RODOVIA DA MORTE - A ESTRADA QUE LIGA ANDRELÂNDIA A SÃO VICENTE DE MINAS - A MORTE DE UM SER HUMANO




Eu estava tentando não falar da última tragédia ocorrida na Rodovia Israel Pinheiro, que liga Andrelândia a São Vicente de Minas e Vice-versa. No entanto, muitas pessoas estão confundindo uma matéria que publiquei anteriormente falando da morte de uma garota naquela rodovia,tendo em vista que o título refere-se a uma morte sem falar de quem. Até agora, por várias razões, preferi me calar. No entanto, não falar dessa tragédia, será como ME calar diante do clamor de milhares de pessoas espalhadas pelo mundo e que esperam entender a razão do acidente que ceifou a vida do médico Edson Meireles Filho - Dr. Edsonzinho, como era carinhosamente conhecido por todos em Andrelândia e região..


Comenta-se que muita gente está falando besteiras sobre o dia do acidente que matou Edsonzinho, supondo que ele havia bebido, estava muito cansado e, até doente. Tudo isso é pura especulação e os fofoqueiros de plantão deveriaM calar a boca. Todos na região sabem que ele, assim como a maioria das pessoas e, até mesmo eu, gostava de tomar cerveja. Levantar a suspeita, contudo, de que foi isso que o matou, pode ser leviano. Se foi, que nos sirva de lição.

Lembro-me do Dr. Edsonzinho na Santa Casa de Misericórdia de Andrelândia comandando o setor de obstetrícia juntamente com o Dr. Jorge, o Dr. Humberto, o Dr. Juraci, o seu pai Dr. Edson e a Dra. Luciana. Foram tempos áureos na saude da cidade e da região. Quando ele chegou em Andrelândia recém-formado, seu pai, o Dr. Edson, ainda era vivo e os dois fizeram muitos partos juntos, partos normais ou através de cesarianas. Certamente ele ajudou a trazer ao mundo e salvou muitas vidas. Outras vidas se foram sob os seus cuidados. Essas que foram, muitas delas tiveram a crítica pesada dos entes que as perderam. Afinal, somos todos seres humanos, médicos ou não, e passíveis de falhas. Para acusar um médico de negligência é preciso muita certeza da ação. No entanto, é preciso, também, respeitar a dor dos que perderam seus entes.

Ao longo dos anos, Edsonzinho tentou ser um grande médico. Marcou época com o seu jeito espontâneo e sempre bem humorado de lidar com as pessoas. Foi candidato a vice-prefeito e sempre esteve na vanguarda das campanhas políticas. Nas muitas conversas que tivemos, ele sempre dizia que sonhou muuito em ser prefeito de Andrelândia, mas que o bonde havia passado e ele não havia conseguido ser o seu maquinista. Isso me fazia rir e ele dava risadas também.

Há muitos anos em Bom Jardim de Minas, Edsopnzinho atendeu uma criança com fissura anal.O diagnóstico era difícil e parecia que o rompimento era recente. Poderia se abuso sexual. "Parecia" ele disse. O enfermeiro chamou a polícia que logo deduziu que o pai da criança, que havia ficado com ela o dia todo, a havia estuprado. O pai foi preso e torturado. Descobriu-se, nos dias seguintes, que a criança tinha câncer no reto. O caso ganhou repercursão internacional. Virou processo que correu por muitos anos na justiça. Falando, no início deste ano, sobre esse assunto, no Posto de de abastecimento no início da Rodovia Israel Pinheiro, ele me disse que foi inocentado, mas que nunca superou o trauma. Outra coisa de que ele falava era sobre o acidente que sofreu a alguns anos e que deixou-lhe, também, graves sequelas. Ele me disse sobre esse ocorrido, brincando: "No mesmo dia em que sofri o acidente, um outro médico amigo meu também se arrebentou todo. Chegamos os dois lá em cima. So que o Chefão de lá me mandou de volta pra cá e deixou o outro por lá".


Edsonzinho trabalhou praticamente em todas as cidades da região. As razões que o levaram a sair da Santa Casa de Andrelândia não cabem aqui discutir. Ele trabalhou a vida toda "como médico". Morreu, se não me engano, indo para um dos seus plantões. A estrada certamente não o matou. Como eu já disse aqui várias vezes, a estrada não mata. As pessoas morrem na estrada. Alguma coisa de muito grave aconteceu com ele ou com o carro no momento do acidente. O carro derrapou e capotou várias vezes, jogando-o para fora, logo depois da sua fazenda, de onde, segundo informações, ele havia saido por volta de das 19 horas. Se ele realmente foi jogado para fora do carro, provavelmente não estava usando cinto de segurança.

Assim, vai-se o homem, fica a sua obra. A obra principal do ser humano é o amor que ele dedica à sua profissão, aos seus semelhantes e, principalmente, aos seus filhos. Durante o velório do Dr. Edsonzinho deu para se perceber que ele era uma pessoa querida na região. Muitas pessoas,de todas as cidades próximas de Andrelândia, estavam no seu velório e acompanharam o seu enterro. Acho que até os que ajudaram a empurrá-lo para fora da Santa Casa e "um pouco" de Andrelândia, foram prestar-lhe homenagens e condolências aos seus familiares.


Edsonzinho ainda será lembrado por muitos anos depois da sua morte, pelo seu jeito espontâneo e brincalhão de ser "humano". Muitas das vezes, com a sua forma de "ser", nem parecia "ser um médico", como a maioria dos profissionais de saúde. Quem sabe, hora dessas as suas qualidades possam superar suas falhas "humanas" e ele possa ser homenageado e passe a figurar com destaque por "cá", como diria ele mesmo. Eu, por mim, acredito que ele vivia cada dia como se fosse a vida inteira.


Texto de Pedro Paulo de Oliveira em memória de um "ser humano médico: Dr. Edsonzinho"

Imagem: Cássia Oliveira.



quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

SUSPEITA DE CORRUPÇÃO NAS ESTRADAS DE MINAS: CORREDORES DE MORTES E ABANDONO




Quem tem noção de má administração deve dar um passeio pelas estradas de Minas Gerais. Quem vem de Belo horizonte passando por São João Del Rey consegue chegar com certa razoabilidade até Madre de Deus de Minas. Depois é o caos: a estrada torna-se uma colcha de retalhos feita de tecido ruim, sem acostamento, toda esburacada e, onde os buracos foram tapados, as lombadas são um perigo para a suspenção dos veículos. Até chegar a Caxambu a viagem torna-se uma penúria, sem contar o perigo que os motoristas e passageiros correm, pois é necessário guiar o carro em zig zag. Se os viajantes desejarem seguir para a Zona da Mata, passando por Bom Jardim de Minas e indo até Santa Rita de Jacutinga, será uma aventura por trilhas: a estrada, em vários trechos, já perdeu sua cobertura asfáltica e existe uma obra de 3 km dentro da cidade de Santa Rita que não termina nunca. Esse trecho de 3 km é de terra e torna-se um lamaçal nesta época do ano.

Existe uma obra de asfaltamento para a Cidade de Passa Vinte que está se arrastando por vários anos. Parece até que o governo do estado está brincando de rasgar alguns pedaços de morros e pincelar asfalto em alguns trechos de estrada. O que ocorre é que foi feita licitação para essa obra, uma empresa saiu vencedora, começou os trabalhos e nunca termina. É o momento de o Ministério Público entrar no caso e investigar o que está acontecendo.

Há pouco mais de dois anos esse trecho de rodovia que sai de madre de Deus e vai até Caxambu, incluindo o segmento até a BR 267, foi todo reformado. Por um longo período a empresa Ápia se instalou em Andrelândia e ficou consertando esse trecho de estrada. No entanto, passados apenas dois anos, a estrada está em petição de miséria novamente. Seria outra coisa para o Ministério Público averiguar. Afinal, foram utilizados recursos públicos nessas reformas. Quanto foi? É só procurar saber quanto de notas eles emitiram naquele período, seja pagando ISS em Andrelândia ou para receber da Secretaria de Obras.

Quem paga os estragos feitos nas suspensões dos veículos? Claro que são os seus proprietários. Quanto ao governo de Minas, continua cobrando taxas, colocando o DER para fiscalizar e multar, e ainda por ai prometendo mais estradas. Que estradas? Essas obras deveriam ser mais bem fiscalizadas. São rodovias feitas sem bases sólidas e com coberturas asfálticas finas. Em pouco tempo a cobertura se solta, formando verdadeiras crateras.

No final, as estatísticas mostram a péssima situação das estradas mineiras: os casos de mortes batem todos os recordes; e os prejuízos aos proprietários de veículos são incalculáveis. O final de ano está aí e certamente veremos e ouviremos sobre as tragédias no trânsito de Minas Gerais.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagem: Vale

PENA DE MORTE APROVADA NO BRASIL




É comum, hoje em dia, que as pessoas sintam a sensação de estar sendo seguidas no meio da multidão; é normal perceber que alguém está nos vigiando na saída do banco, quando entramos ou saímos de nosso carro ou da nossa casa; e é aterrorizante caminhar sozinho por uma rua deserta, seja na periferia ou centro das cidades. Quem dentre todos os cidadãos de bem ainda não sentiu medo de ser assassinado num sinal de trânsito, num bar ou numa esquina? Essas sensações, esses medos, essa insegurança acompanha a maioria da população brasileira, num crescendo de violência incomum para uma nação civilizada, numa guerra que já não é mais muda, numa disputa por espaço onde predomina a lei do crime.

Quando se fala em lei no Brasil o comum é pensar nos artigos dos códigos que permeiam a nossa legislação. A palavra lei deriva do latim “lex”, que quer dizer norma ou regra. Assim, o crime, o mundo do crime, formado, infelizmente, por seres humanos, tem as suas normas. A principal delas, baseada na sobrevivência do mais forte (que nem sempre é o mais musculoso e, sim, o mais esperto), é implacável quando se trata de disputar territórios e poder. A morte é então, decretada em tribunais nos altos das favelas, em presídios, em propriedades rurais e imóveis de luxo camuflados nos bairros residenciais. No entanto quem decide as mortes não vai para as frentes de batalha. São contratados garotos que, deslumbrados, sob o efeito de drogas e portando armas pesadas, partem para batalhas sangrentas. Qualquer um que ouse cruzar os caminhos dos chefes do crime (traficantes, chefes de quadrilhas e organizações de corrupção), tem a sua morte decretada.



Na outra ponta da guerra, jovens viciados, criados em ambientes degradantes, tornam-se delinquentes. Conseguem revólveres por pouco mais de R$250,00, roubam motos e saem à caça. O detalhe é que para eles não basta roubar. Entre eles existe um código, uma norma rígida: as vítimas, na sua maioria, deverão, também, morrer. Dependendo da situação, as pobres vítimas, condenadas por que trabalham honestamente e possuem algum bem, serão, ainda, torturadas antes de erem executadas.

Uma multidão de órfãos permeia o Brasil neste instante. Famílias inteiras destruídas pela sanha de uma multidão que não é contida. Uma esposa disse: “Mataram meu marido. Ele trabalhou honestamente por 30 anos e um jovem chegou de frente à sua banca de revista e atirou nele. Daqui a pouco os políticos virão pedir voto novo. Depois, andarão nos carros blindados e se guardarão nas suas casas protegidas”. Palavras de um pai: “Meu filho tinha apenas 18 anos e sonhava muito na vida. Mataram seus sonhos para roubar uma mixaria que ele tinha no bolso”.


Texto de Pedro Paulo de Oliveira

Imagens: Sentinelas



sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

QUEM PUBLICA TEXTOS NO FACEBOOK PODE SER CONDENADO PELA JUSTIÇA




TJ-SP - Processo nº:4000515-21.2013.8.26.0451

Ao curtir ou compartilhar algo no Facebook o usuário mostra que concorda com aquilo que está ajudando a divulgar. Levando esse fato em consideração, o Tribunal de Justiça de São Paulo incluiu os replicadores de conteúdo em uma sentença, fazendo com que cada um seja condenado junto com quem criou a postagem.

O caso foi relatado nesta manhã pela colunista da Folha de S. Paulo Mônica Bergamo, segundo a qual a decisão, inédita, será recomendada como jurisprudência para ser aplicada sempre que uma situação semelhante surgir.

O processo em questão envolve um veterinário acusado injustamente de negligência ao tratar de uma cadela que seria castrada. Foi feita uma postagem sobre isso no Facebook e, mesmo sem comprovação de maus tratos, duas mulheres curtiram e compartilharam. Por isso, cada uma terá de pagar R$ 20 mil.

Relator do processo, o desembargador José Roberto Neves Amorim disse que “há responsabilidade dos que compartilham mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva”. Amorim comentou ainda que a rede social precisa “ser encarado com mais seriedade e não com o caráter informal que entendem as rés”.

Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/12/internautas-condenados-curtir-compartilhar-posts-facebook.html...

COMENTÁRIOS:

Muitos internautas usam o Facebook como como fonte de desabafo, desagravo, piadas mau gosto, ofensas, ataques sutis contra desafetos, fotos indiscretas,etc. Com essa decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo - TJ SP, muitos processos em andamento em noutras cortes, terão suas sentenças publicadas. Convém aos incautos, aqueles que acham que as redes sociais são locais para fazer somente suas brincadeiras de mal gosto, pensar dua vezes antes de publicar besteiras, como as que grassam, muitas vezes, nos compartilhamentos que se tornam "virulentos".

Essa decisão do TJ SP veio em boa hora para moralizar e frear um pouco a sanha de alguns internautas que estão tornando a vida de outras pessoas um caos com publicações, inclusive, mesquinhas. Nada contra a promoção pessoal através das redes sociais. A maioria das pessoas que entram, especialmente no Facebook, quer se mostrar para os amigos e se fazer conhecida para para os desconhecidos. Muitos talentos já foram descobertos através das redes sociais (bons e péssimos).

Certamente as pessoas de boa fé, que usam as redes sociais, não são contra a maioria que usa a internet para se comunicar, mandar fotos das suas viagens, das suas vestas, do penteado novo, das suas roupas novas, dos seus dotes físicos, do seu trabalho ou das suas qualidades artísticas. Mas, a sociedade é feita de direitos e deveres e, para isso, existem leis que devem ser respeitadas. Essas leis existem para impor limites ao ser humano. Se não, tudo se torna uma balbúrdia, terra de ninguém.

Enfim, uma decisão para moralizar as redes sociais.


Texto retirado de publicação da página de JUSBRASIL, bem omo a imagem.

Republicação no Redator Nacional e Comentários finais: Pedro Paulo de Oliveira.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

LOBÃO: O SÍMBOLO ATUAL DA CULTURA ESDRÚXULA, DA IGNORÂNCIA E DO REACIONÁRIO.





Ontem, lamentavelmente, o Cantor Lobão foi entrevistado através do Programa Roda Viva da TV Cultura. Foi um festival de idiotices e, como diria ele próprio contra asneiras ditas por quem ele não gosta: “um monte de babaquices.” O mais lamentável disso tudo é que se dê crédito para uma pessoa que fala da história do Brasil quase sem conhecimento de causa. Quando ele se refere a fatos e personagens da nossa história recente, em especial sobre o Golpe Militar de 31 de março de 1964(do qual ele parece ser a favor), nada parece coerente. Ele chegou a afirmar que os militares salvaram o Brasil de uma desgraça maior.

Para você, Lobão: cara, você é louco? Os militares destruíram o Brasil: transformaram nosso país num depósito de sucatas dos Estados Unidos e da Europa. Até hoje estamos tentando nos livrar do atraso tecnológico e não conseguimos; os militares assumiram o poder com um dívida externa em torno de 3 bilhões de dólares e entregaram o poder com uma dívida acima de 100 bilhões de dólares, por conta do famigerado “Milagre Brasileiro” e da roubalheira aprontada nas obras faraônicas (Transamazônica, Ferrovia do Aço, etc.); fecharam jornais, revistas e canais de rádio e TV; e mataram impiedosamente jovens que lutavam por liberdade.

Lobão, você chamar a Presidente Dilma de “estupidez galopante”, não é nenhuma novidade. É normal, vindo de você, chama-la de terrorista e com suspeita de ter matado, como já disse em outra entrevista. No entanto, parece que a sua história não coaduna com a sua fala atual. Cara, você é um sujeito de coragem: peitou as gravadoras várias vezes; enfrentou a polícia e foi preso como usuário de drogas; lutou a favor dos direitos autorais e fundou sua própria gravadora; e foi vanguarda com o CD “Avida é Doce”, sucesso de público e crítica. Então, está provado que você é um artista de dianteira, provocador e intuitivo. Para que aceitar o conluio dessa direita decadente?

Lobão, você foi amigo de Cazuza, de Elza Soares e de tantos outros artistas de renome internacional; você já morou nos Estados Unidos e sabe o quanto eles nos desprezam (somos comedores de bananas para eles, como disse, recentemente, Stallone); você já foi espezinhado pelo sistema e expulso de bandas e gravadoras. Onde quer chegar com tudo isso?

Lobão, o seu negócio é fazer música. Pode até protestar através delas. No entanto, política é outra coisa, é uma guerra onde, na maioria das vezes, não vence o mais forte, como na “Lei de Darwin”, e, sim, o mais pilantra (puto, como talvez você dissesse).

Sabe o que eu acho cara: estão usando-o contra o atual governo do Brasil. Se for verdade esse meu acho, você sabe disso. Então, estamos todos quites com você, quem concorda e quem discorda. Certo?



Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagem: Whiplash

NAYRA E O CHAVELHO DE ESPINHOS NA FAIXA DE GAZA

" Esses pequeninos, cheios de sonhos, sonhos que embalam o mundo, distantes das       ambições e da crueldade dos homens e mulheres que...