segunda-feira, 11 de agosto de 2014

PARQUE ARQUEOLÓGICO DA SERRA DE SANTO ANTÔNIO


O PARQUE ARQUEOLÓGICO DA SERRA DE SANTO ANTÔNIO, NO MUNICÍPIO DE ANDRELÂNDIA, EM MINAS GERAIS, AINDA GUARDA SEGREDOS A SEREM DESVENDADOS.

O Parque Arqueológico da Serra de Santo Antônio talvez seja um dos maiores patrimônios históricos da região das Vertentes de Minas Gerais. Ele está localizado no Município de Andrelândia, distante 100 km da cidade de São João Del Rei. Encravado no entorno de um maciço de pedras côncavas, negras e lisas, na Zona Rural, distante uns 5 km da da cidade, esse parque nasceu, há quase três décadas,  do sonho de um grupo de jovens que, no intuito de preservar inscrições rupestres e outros achados arqueológicos, fundaram uma ONG e a denominaram Núcleo de Pesquisas Arqueológicas - NPA.

O maciço de pedras que destaca essa serra pode ser visto de quase toda a cidade. Para quem está chegando ou saindo da cidade através de São Vicente de Minas, ela por ser vista em todo o seu esplendor, como uma cordilheira separando o vale de um lado do rio, que fica do outro lado.  

 

 

 

Uma das inúmeras grutas da Serra de Santo Antônio, lugar de misticismo, mistério e encanto.

 

 Ipê Amarelo florescendo nas vésperas da primavera no mês de Agosto. 


A exuberância da natureza no Parque é algo extraordinário e encanta pela beleza e raridade das flores

Instrumentos usados pela civilização que habitava na Serra de Santo Antônio. Como se pode ver, os instrumentos eram todos feitos de pedra, denotando que essa gente estava, provavelmente, na Idade da Pedra Lascada  

O Sítio Arqueológico da Serra de Santo Antônio já era de conhecimento dos moradores da região desde o início do seu povoamento por volta do final do Séc XVIII. Tanto é que o batismo da serra ou do maciço de pedra se deu por conta da construção, ainda no início do século XX, de uma capela em homenagem a Santo Antônio, naquele local, num dos seus pontos mais altos. Dessa Capela existe, ainda hoje, as bases, formando um piso donde se pode avistar a imensidão de paisagem. Sobre essa capela existem histórias e lendas. Dizem que ela foi destruída por um raio. Reerguida,  foi novamente destroçada pela força de outro raio. Mudaram, então o seu local, deixando os destroços da primeira construção por conta do tempo. Da segunda capela ainda existem as ruínas, escoradas por troncos e teimando em manter viva a história e as lendas.

Os primeiros habitantes da região conheciam bem a Serra de Santo Antônio e descobriram nela as grutas com inscrições rupestres. Ao longo dos anos, séculos talvez, foram encontrando peças arqueológicas que comprovavam que no entorno daquela serra habitaram povos pré-históricos: pontas de flechas de pedras, machadinhas de pedra, urnas funerárias, fósseis humanos e de peixes, entre outros objetos que eram muito comuns. Muitos desses achados se perderam ou foram levados por colecionadores para outras regiões do país ou, até mesmo, do exterior.

Pela implantação do Parque Arqueológico da Serra de Santo Antônio o NPA recebeu, no final do ano de 2003, o Prêmio Rodrigo de Melo Franco de Andrade, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

O Parque em si, ao ser criado em 1986, delongou um trabalho árduo, onde toda a população de Andrelândia contribuiu financeiramente para que se juntasse os recursos e o NPA pudesse comprar o terreno no entorno do Sítio Arqueológico. Nasceu, dessa forma, uma experiência nova e que deu certo: uma ONG administrando um Parque arqueológico. Hoje, o trabalho do NPA, além de ter dado certo, é reconhecido em todo o Brasil e foi a forma correta de proteger um sítio histórico da depredação dos vândalos ou do abandono, por parte do poder público, de tão importante sítio. 

Pelas fotos podemos ter uma ideia do local, das suas belezas, da natureza recomposta e intacta e da história preservada. Adentrar ao Parque Arqueológico da Serra de Santo Antônio é poder voltar no tempo, há mais de 3.000 anos, sentir a presença do homem pré-histórico saindo das grutas e se embrenhando nas matas em busca de caça. Caminhar pelo Parque é encontrar-se com nossos antepassados mais distantes e vê-los descendo a Serra do Serrote com suas lanças até o Rio Turvo para pescar.

Dizem os mais velhos que a Serra de Santo Antônio é um lugar místico e que do seu ponto mais alto (que se pode chegar através de trilhas seguras) podemos sentir a presença dos espíritos do povo que lá viveu. Outros já dizem que dá para sentir a presença de forças de seres de outros planetas. Histórias, estórias e lendas formam o ambiente dessa  Serra misteriosa que, juntamente com uma cidade que tem quase 300 anos de idade, instigam a curiosidade e os sentimentos de quem por lá passa.



Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Fotos: Geraldo Vilger e Andrelândia Turismo.




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