domingo, 30 de agosto de 2015

AGROTORA - UMA HISTÓRIA DE RESPEITO À VIDA - PLANTIO DE PINUS - Parte I


              

 

                 Nesta primeira parte da matéria, falaremos um pouco sobre a história do pinus, como ele chegou ao Brasil, sua importância para a agro-indústria e dos produtos feitos com a sua extração.

                Na segunda parte, mostraremos como foi a visita técnica na fazenda de Itapeva e de como a produção naquela localidade deu certo.

   

  O PINUS E A AGROTORA



             Nos dias 02 e 03 de março de 2015, estivemos na região de Itapeva/SP e Paranapanema/SP, visitando empresas e produtores independentes de Pinus elliottii, com o objetivo de coletarmos informações variadas dessa espécie florestal, muito usada para fabricação de celulose de fibra longa, ideal para indústria de papéis para embalagens, sacos, papelões, cartões, embalagens longa-vida, papel jornal, etc. e o mais importante, a produção e comercialização da resina de pinus. Principal componente da fabricação e produção de BREU e TEREBINTINA. 


          O pinus é uma espécie tolerante a baixas temperaturas e se desenvolve bem em solos rasos e pouco produtivos para agricultura. As árvores deste gênero ocupam no Brasil 1,56 milhões de hectares, o que corresponde a 23,40 % das áreas de florestas plantadas que abastecem as fábricas de celulose e indústria de beneficiamento de resina extraída do pinus. A área de eucalipto com 5,10 milhões de hectares corresponde a 76,60 % das áreas de florestas plantadas, segundo fonte da ABRAF, anuário 2013. 


Foto 01: Plantio de Pinus elliottii adulto.



          Por atender às necessidades de consumo humano, o plantio de pinus ajuda a preservar as florestas nativas e a equilibrar o clima. E o mais importante em tempos de aquecimento global: com seu rápido crescimento, absorve CO 2 da atmosfera em taxas expressivas. O plantio florestal do pinus é hoje, uma importante atividade produtiva do País, fonte de riqueza e desenvolvimento social, bem como de conservação ambiental. As florestas plantadas da espécie são fontes de matéria-prima para várias finalidades e contribuem para a preservação de matas nativas. 


HISTÓRICO DO PINUS NO BRASIL: 

        A palavra Pinus tem origem do latim "Pinu", gênero que é conhecido como pinheiro em português e que reúne mais de 100 espécies. Essas árvores são originárias de regiões árticas e sub-árticas da Europa, Ásia, América do Norte e América Central, principalmente. O pinus chegou ao Brasil há mais de um século pelas mãos dos imigrantes europeus que plantavam a espécie para fins ornamentais. Um dos objetivos mais importantes da introdução do pinus no País foi suprir a necessidade de madeira para abastecimento industrial, destinada à produção de madeira serrada, de madeira laminada para confecção de painéis e também de celulose e papel. Por volta de 1950, a espécie começou a ser cultivada em escala comercial para produção de madeira. 


         As primeiras plantações de que se tem notícia foram de Pinus canariensis, proveniente das Ilhas Canárias, em torno de 1880, no Rio Grande do Sul. Em 1906, são publicados por A. Löfgren, o primeiro diretor do Instituto Florestal de São Paulo, pesquisas referentes à introdução de pinus no Brasil. Estabeleceram-se grandes programas de reflorestamento, baseados exclusivamente em Pinus taeda e Pinus elliottii. A partir do final da década de 1960, essas espécies foram muito utilizadas nos plantios realizados com incentivos fiscais, especialmente nas regiões sul e sudeste do Brasil. Em 1936 foram introduzidas pelo Instituto Florestal de São Paulo, sementes de Pinus taeda e Pinus elliottii, que, hoje, são destinadas, respectivamente, à produção de matéria-prima para as indústrias de celulose e papel, madeira serrada e extração de resina. Essas espécies, posteriormente, se destacaram pela facilidade nos tratos culturais, rápido crescimento e reprodução fácil no sul e sudeste do Brasil. 

         Em 1955 foram plantadas extensas áreas localizadas na rede de Estações Experimentais do Instituto Florestal de São Paulo, tendo como base, além do Pinus taeda e Pinus elliottii, os chamados Pinus tropicais (Pinus caribaea var. caribaea, Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus patula, Pinus oocarpa, Pinus tecunumanii, Pinus strobus e Pinus maximinoi, entre outros, Pinus caribaea var. bahamensis, Pinus kesiya). Em 1958 teve início o primeiro plantio comercial de Pinus, realizado pelo empresário alemão Richard Freudenberg, em Agudos (SP). 1955 a 1964. Entre 1955 e 1964, estabeleceram-se grandes programas de reflorestamento, baseados exclusivamente em Pinus taeda e Pinus elliottii. Até o final da década de 1950, o Instituto Florestal de São Paulo havia testado um total de 55 espécies de Pinus. 


     No ano 2.000, foi dado início à implantação do híbrido de Pinus elihondurensis, ou seja, Pinus elliottii Engelm var. elliottii x Pinus caribaea Morelet var. Hondurensis, considerado Híbrido F2, devidamente registrado no MAPA - Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Esse híbrido é produzido pela empresa Pinus Brasil Agro Florestal Ltda., localizada na Fazenda Pedra Maria, município de Buri (PINUS BRASIL). 


          Segundo a EMBRAPA (2005), as primeiras espécies de Pinus introduzidas e cultivadas no Brasil foram a de Pinus elliottii e Pinus taeda, originárias dos Estados Unidos, adaptadas ao clima das regiões sul e sudeste, onde ocorrem os plantios comerciais dessas espécies. A partir da década de 1960, iniciaram-se as experimentações com espécies tropicais como P. caribaea, P. oocarpa, P. tecunumanii, P. maximinoi e P. patula, possibilitando a expansão da cultura de Pinus em todo o Brasil, usando-se a espécie adequada para cada região ecológica. 


          Alguns exemplos de ações e programas que buscam melhorar a cultura do Pinus no Brasil podem ser citados. O Programa de Produtividade Potencial do Pinus no Brasil (PPPIB) foi concebido como um projeto que busca compreender e quantificar os processos que controlam a produtividade do Pinus e suas interações com o ambiente. É composto por empresas florestais, de tecnologia e universidades, que abrangem ao todo cerca de 300.000 ha de Pinus plantados nos Estados do PR, SC, SP e MG e uma empresa de biotecnologia. Os integrantes atuais do PPPIB são: Arauco, ArborGen, Caxuana, Juliana, Klabin, Masisa, Rigesa e Renova, além da NCSU – North Carolina
State University e USP – Universidade de São Paulo, com sua Estação Experimental. (IPEF, 2013) 


          Segundo a SBS – Sociedade Brasileira de Silvicultura (2008), os plantios com Pinus no Brasil fizeram parte de uma estratégia de desenvolvimento na década de 1960, implementada por meio de incentivos fiscais para plantios florestais. Esses incentivos foram concedidos pelo governo brasileiro até 1986 e os plantios desenvolvidos por meio deles ajudam a sustentar atualmente a cadeia produtiva dessa madeira, a qual tem participação fundamental na economia do País. Estima-se que existam três mil empresas no Brasil, localizadas principalmente nas regiões sul e sudeste, utilizando madeiras de espécies de Pinus nos seus processos produtivos, envolvendo mais de 600 municípios. 


          Segundo a Revista Ambiente Brasil, a resina extraída de árvores de Pinus elliottii possibilitou uma atividade econômica muito importante no setor florestal que é a produção, processamento e exportação de resina e derivados. O artigo informa que a produção brasileira em 2002 era de aproximadamente 100.000 t/ano, representando uma movimentação financeira de US$ 25 milhões. Com isso, o Brasil passou de importador a exportador deste produto. No aspecto social, a colheita da resina contribuía na época para geração de mais de 12.000 empregos diretos para o homem do campo, que resulta no melhoramento das condições de vida no meio rural. Conforme Revista da Madeira (2006) o Brasil figura como o maior exportador mundial de compensado de Pinus. O Sul e Sudeste do País concentram a maior parte de suas florestas plantadas, a maioria certificada pelos sistemas que atestam o manejo florestal sustentável. O Paraná, segundo a ABRAF é o maior produtor de pinus com 39,65% do plantio total no Brasil, seguido por Santa Catarina com 34,50%, Rio Grande Sul com 10,50%, São Paulo com 9,26% e Minas Gerais com 3,37%. 



PRODUTOS EXTRAIDOS DO PINUS: 


          Além da celulose e papel, dos produtos madeireiros para usos diversos como, lâminas e chapas de madeira, madeira serrada para fins estruturais, para confecção de embalagens, móveis e marcenaria em geral, o pinus tem grande importância na economia brasileira, proporcionando a produção de RESINA (Foto 02) de onde extraímos o BREU (Foto 03), muito usado nas indústrias para elaboração de tintas, vernizes, laquês, sabões, colas, graxas, esmaltes, ceras, adesivos, explosivos, desinfetantes, isolantes térmicos, fabricação de pneus, etc. e a TEREBINTINA (Foto 03) usado na elaboração de tintas, vernizes, corantes, vedantes para madeira, reagentes químicos, cânfora sintética, desodorantes, inseticidas, germicidas, óleos, líquidos de limpeza, etc. 


Foto 02: Resina de pinus recém colhida. Armazenada em tambores
plásticos de 200 kg no interior dos talhões. 


Texto de autoria do
Engo André Luiz C. Rocha
AGROTORA

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