quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

BRASIL: O PAÍS DOS GOLPES?



O QUE DIRÃO OS IRRESPONSÁVEIS? 

NADA. CALARÃO.


Por Genesio Bentes/Francisco Costa
Rio, 17/12/2015.



O discurso dos golpistas, é um discurso só deles, aqui e no exterior (a mídia internacional está muito interessada com o que está havendo aqui), é que não há tentativa de golpe e que têm o apoio do povo.

Não vou discutir se é golpe ou não, está tudo muito óbvio, para perder tempo com isso, quero discutir a segunda premissa, o apoio popular para o golpe.
Tivemos dois momentos de manifestações: no domingo, para não atrapalhar o lucro do empresariado, e ontem.

O primeiro, com o apoio e o dinheiro da Fiesp, os dólares e a logística dos consulados norte americanos, o incentivo e a cobertura da mídia, teve dezenas de manifestantes, em algumas cidades, centenas, na maioria delas e milhares, umas poucas dezenas de milhares, só em São Paulo, quartel general do golpe.
O segundo foi ontem, onde rigorosamente, nas capitais que se manifestaram, em nenhuma delas havia menos que dezena de milhar de manifestantes, com São Paulo na frente, mostrando mais de cem mil manifestantes avermelhando o condado tucano.

Feita a avaliação quantitativa, vamos ao qualitativo.

No domingo, coincidentemente aniversário do Ato Institucional Número Cinco, um ato digno de Hitler, Mussolini, Franco ou Salazar, impondo o silêncio e o navegar em sangue, as palavras de ordem foram “intervenção militar”, “fora Dilma”, “impeachment”... Ou seja, interrupção do processo democrático, com a deposição de uma presidente legitimamente eleita, substituída por alguém representante das elites nacional e internacional.

Ontem, dia útil, dia de trabalhador, como na canção de Chico Buarque “atrapalhando o tráfego”, as palavras de ordem foram “fora Cunha”, “Cunha na cadeia”, “Dilma fica”, “o golpe não passará”, “prisão para todos os ladrões”... Em mão inversa ao domingo, pedindo respeito à democracia e moralização da política brasileira, transparência na coisa pública, seriedade no fazer político.
Isto posto, como diria o petralha poetinha, Vinícius de Moraes, passo a análise das fotos.

No domingo, os que os companheiros gaúchos chamam de “bundas cheirosas”, os superiores que se arvoram donos do país e dos brasileiros, a turma do scotch com caviar, mulheres peladas, coxinhas fantasiados de super heróis importados, portando a bandeira norte americana... Coerentemente vestindo a camisa da CBF, alvo de escândalo internacional, por causa da corrupção.
Digno de nota também a ausência dos políticos, parte atemorizada com as investigações, parte, envergonhada, todos já se sentindo nos estertores da derrota.

Ontem o império do pê: pobres, pretos, paus de arara, petralhas, professores, putas, paraíbas... Proletários... Povo, com suas lideranças políticas à frente, sem medo e sem ter do que se envergonhar.

E, para essa mídia, que tanto gosta de estatísticas e números, com os quais manobram, pensando que só eles pensam e sabem, a constatação final: somando-se as minifestações de domingo com as manifestações de ontem, tivemos, com certo exagero, um milhão de brasileiros nas ruas.
Considerando que a população do país ultrapassou os duzentos milhões, tivemos menos de meio por cento dos inquietos tupiniquins se manifestando, um em cada quatrocentos brasileiros.

Isto nos mostra duas coisas.

A primeira é que a chamada maioria calada, que só aparece para votar ou ordenar: “que se faça!”, continua só olhando, esperando a hora certa de engordar os blocos, e a segunda... 

Bem, não é preciso saber matemática, ser douto nas médias aritméticas e ponderadas, nas derivações e gráficos, para perceber, olhando as fotos, que pelo menos dois terços dos brasileiros disseram e dizem: estamos putos, nos sentimos na merda, mas não serão golpes ou administrações de ratos que irão consertar.

Não admitiremos, Dilma fica, respeitem-nos.
Há uma constituição.

Genesio Bentes/Francisco Costa
Rio, 17/12/2015.

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