terça-feira, 14 de junho de 2011

GRILAGEM, DISPUTAS POR TERRAS, EXTRAÇÃO ILEGAL DE MADEIRA = ASSASSINATOS CRUÉIS.

Mais um trabalhador rural foi morto no Pará por conta da velha disputa pela terra e em conseqüência de denúncias de extração ilegal de madeira. Seu nome? Obede Loyla Souza. Sua morte, ao que tudo indica, foi encomendada por madeireiros com os quais a ele discutiu recentemente e os denunciou por extração ilegal de madeira. Ele foi covardemente assassinado próximo à sua residência, no Acampamento Esperança, engrossando uma triste estatística de mortes no campo. Só nos últimos dez anos foram mais de 200 mortes naquela região, incluindo a morte de um casal de agricultores, também no estado do Pará, no mês passado.

Cá do outro lado do mundo, no Sudeste do Brasil, o desenvolvimento parece ter chegado a galope e temos tudo que o mundo moderno pode proporcionar, diferentemente daquele povo da floresta, que vive da extração natural do que a natureza lhes proporciona e luta para se manterem com dignidade. Ora... Contudo, Obede foi apenas mais um dos assassinados de forma vil, covarde e sem razão dos tantos que morrem por ai. Sim. Cá do outro lado do mundo, onde o modernismo impera e andamos de avião, de ônibus, de trem ou de carro, pessoas morrem todos os dias, todas as horas e todos os minutos assassinadas por indivíduos sem dignidade, sem eira nem beira pelo simples fato de serem trabalhadores honestos e possuírem algum bem que lhes custou uma vida de lutas. Por que então devo me preocupar com a morte do Obede lá do outro lado do mundo, no meio daquela floresta? Tenho é que pensar na minha segurança e no bem estar da minha família. Isso mesmo! Quem pariu Mateus que o conduza! Essa é a máxima que muitas vezes escutamos, sentimos ou vivemos. Não é fácil experimentar a dor alheia quando ela está tão distante, quando ela parece não nos pertencer. Assim vivemos até que numa esquina encontramos um deliquente que nos aponta uma arma, nos rouba e, muitas das vezes mata ou aleija um dos nossos entes queridos. Aí, a dor é nossa. “Só ri das cicatrizes quem nunca ferida sofreu no corpo”. (Wiliam Shakespeare). Mas eu diria que só não sente a dor quem nunca foi alvejado pela bala de um bandido.

Quando não sentimos a tragédia de uma morte como a de Obede é por que já estamos descrentes de tudo e queremos apenas viver, passar e não morrer logo, rápido pela ação de um marginal. Homens como o Obede transformam o mundo. Lembram-se do Chico Mendes e da Irmã Dorothy? Foi a partir da luta deles que os povos das florestas foram vistos pelo mundo e tiveram muitos dos seus direitos garantidos. Governantes, políticos são assim. Gostam de ibope. Mas o que temos a ver com a luta deles lá do outro lado do mundo? Tudo. Quando eles defendem um ideal, o ideal de preservação do que resta das florestas, estão mostrando para o mundo inteiro que só haverá esperanças para a humanidade e para o planeta terra quando os heróis voltarem.

Esses madeireiros, enquanto não são impedidos pela força do estado, agem de forma vil e fazem a suas leis no meio da floresta. Eles, com o dinheiro da venda ilegal de madeiras de lei, patrocinam políticos e policiais no Pará e, assim, ficam impunes. O estado, inoperante, ainda está calado, pois o Obede não era lá uma figura tão importante. Aliás, nem importante era. Será? Era sim. A dor que os seus entes queridos estão sentindo não pode ser medida cá do outro lado do mundo.

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