sexta-feira, 10 de junho de 2011

A JUSTIÇA QUE GERA IMPUNIDADE

Leiam com atenção esta reportagem publicada no Yahoo de hoje:

O jovem Irlan Graciano Santiago, de 22 anos, detido na tarde de hoje, confessou a participação no assassinato do estudante Felipe Ramos de Paiva dentro do campus da Universidade de São Paulo (USP), no dia 18 de maio. A revelação foi feita durante encontro com jornalistas realizado na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil.

Santiago, que se apresentou espontaneamente, foi liberado pela polícia já que a prisão não foi feita em flagrante. O morador da favela de São Remo, localizada atrás da Cidade Universitária, no Butantã, zona Oeste, afirmou em depoimento que quem atirou em Felipe foi seu parceiro. Santiago disse que não revelaria o nome do autor dos disparos em nome da "ética do crime".

De acordo com o delegado Maurício Guimarães Soares, antes de atacar o universitário, a dupla tinha feito refém uma mulher dentro do campus. Segundo ele, uma mulher em um carro de cor escura foi abordada antes de Paiva. A dupla resolveu não assaltá-la depois de perceber que ela era deficiente, mas pediu que ela dirigisse até eles encontrarem outra vítima. Foi quando avistaram o estudante.

Santiago disse que ficou no carro, ao lado da motorista, enquanto o parceiro desceu do veículo. Paiva teria reagido e o comparsa atirou. Os dois, então, fugiram no veículo. O jovem foi indiciado por latrocínio e responderá em liberdade. Ao final do inquérito, a polícia pedirá a prisão preventiva de Santiago.

A justiça dá o direito a um assassino confesso que tem o disparate de responder à polícia que não informará o nome do seu parceiro de assassinato em “nome da ética do crime”. Enquanto isso, no Rio de Janeiro, mais de 400 Soldados do heróico Corpo de Bombeiros, lutando por melhores condições de trabalho e salários dignos para que possam continuar “salvando vidas”, são considerados criminosos pelo Governador daquele estado. Ora, cabe aqui uma reflexão séria dos valores que permeiam a sociedade e do respeito à vida, valores esses intrínsecos nas nossas vidas desde que nascemos entre eles, o direito à vida e à liberdade. Os cidadãos de bem estão acuados em seus pequenos mundos lacrados nas grandes metrópoles, apartamentos minúsculos, pagos a custo de suor e sangue de muitos anos trabalhados; saem para trabalhar e enfrentam um trânsito caótico em seus pequenos veículos populares ou em ônibus e trens metropolitanos superlotados; na volta para casa se borram de medo de serem assaltados e mortos; e dentro da suas minúsculas casas, esperam ansiosos seus filhos chegarem das faculdades ou das diversões com os amigos. Esses cidadãos, se praticarem qualquer transgressão involuntária serão punidos severamente com os rigores da lei, sejam pequenas infrações de trânsito, pagamentos de impostos atrasados, prestações não pagas por falta de condições, entre tantas e tantas outras coisas que sujam seu nome e o levam perante a polícia e os tribunais, obrigando-os, inclusive, a partir daí, a gastarem com advogados, pois os que os estado lhes fornece, fazem corpo mole para defendê-los.

Poderíamos continuar enumerando as agruras por que passam os cidadãos comuns e de bem deste nosso país na sua luta diária para manter suas famílias com dignidade e continuar vivos numa cidade média e grande. Poderíamos dizer que no momento em que eles ou algum membro das suas famílias adoecerem, ficarão a mercê de um sistema de saúde vencido, cruel, onde os profissionais, na sua maioria, pouco se importam com a vida. Mas seria como malhar em ferro frio, repisar um assunto por demais debatido e denunciado pela imprensa séria do nosso país.

A INJUSTIÇA não está no ato em si. O ato, muitas das vezes, é praticado no calor das emoções. Mas a INJUSTIÇA está na omissão de quem se propôs a dar soluções; a INJUSTIÇA está presente naqueles que foram escolhidos pelo povo para representá-lo, seja no Congresso Nacional e nas Assembléias Legislativas, seja nos poderes executivos, ou seja nos poderes judiciários. Não importa onde reside esse poder, em qual esfera ele se impõe. O que importa é que esses homens e mulheres que se assentam em cadeiras de vime e mármore, andam de aviões e helicópteros, têm planos de saúdes excelentes e moram em mansões situadas em condomínios protegidos deveriam repensar suas existências e ver que uma multidão clama por socorro, por melhores condições de vida, por liberdade e pelo simples direito de nascer e morrer naturalmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

NAYRA E O CHAVELHO DE ESPINHOS NA FAIXA DE GAZA

" Esses pequeninos, cheios de sonhos, sonhos que embalam o mundo, distantes das       ambições e da crueldade dos homens e mulheres que...