quarta-feira, 29 de junho de 2011

OS OSSOS DOS NOSSOS ENTES AMADOS

OS OSSOS DOS NOSSOS ENTES AMADOS

Aqui jaz mais uma vítima da injusta guerra entre bandidos, policiais e a população. A vítima, alvejada pela bala que ainda não sabemos de quem ou de onde partiu faz parte dos mortos da tríplice batalha que não tem fim nas grandes cidades do Brasil. De um lado a força policial, em sua grande maioria, formada por homens e mulheres despreparados para a sua função, qual seja: salvar as vidas inocentes da sanha dos bandidos cruéis e desvairados. Assim, mais um morto acaba de ser enterrado e daqui a pouco será esquecido, fazendo parte, apenas, da triste estatística da violência do nosso país.

Que Deus tenha piedade da sua alma; que Deus o (a) receba no paraíso; agora ele (a) está em paz; e ele (a) agora partiu para a vida eterna. Poxa vida! Essas frases de clichê não mais nos consolam, mesmo diante do mistério da vida, da grandeza do universo e da possibilidade, que ninguém viu, de continuarmos, de alguma forma, vivos após a morte.

Mais uma vez a polícia do Rio de Janeiro é notícia mundo a fora por mais uma ação atabalhoada, sem preparação, sem estratégia ou comando. Ao que tudo indica agiu de forma errônea ao invadir a Favela Danon, em Nova Iguaçu, atrás de supostos traficantes. Iniciou um tiroteio desnorteado e, ao que tudo indica, matou um garoto, Juan Moraes, e deu fim no seu corpo.

Juan Moraes, um garoto de apenas 11 anos, desapareceu no dia 20, após o tiroteio na Favela. Quatro cartuchos de fuzil 762, usado pela PM, vestígios de sangue, terra, e outros objetos também foram recolhidos na área onde ocorreram os tiros. Agora, cães farejadores ajudarão nas buscas do suposto corpo de Juan, que, segundo denúncias feitas ao 20º BPM (Mesquita), estaria enterrado próximo a cachoeira, na comunidade.

O que mais nos deixa abismados foi a falta de interesse das autoridades, sejam civis ou militares, diante dos clamores dos familiares de Juan que denunciaram o seu desaparecimento justamente no local onde ocorreram os tiroteios. A perícia, no local do tiroteio, só foi feita após oito dias. Tudo demonstrava que havia algo de estranho no desaparecimento do garoto, pois seu irmão Wesley também havia sido atingido por tiros e estava internado, além de outro jovem, Adão Pereira Nunes, ter sido alvejado e foi preso e estava sob custódia. A polícia Militar apontou esse último jovem como traficante, mas na sua mochila foram encontrados apenas uma marmita e um tubo de desodorante.

Tanto a mãe de Juan, quanto seu irmão Wesley foram incluídos no Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente Ameaçado de Morte, do Governo Federal.

Mais uma vez os que ficam - e choram seus mortos e desparecidos - reclamam seus ossos. Querem, apesar de tudo, da tragédia da qual não conseguem se livrar, enterrar com dignidade seus entes queridos. Como se houvesse dignidade em morrer de forma tão injusta e brutal com apenas 11 anos de idade!

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