terça-feira, 6 de maio de 2014

A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA BARBÁRIE


A palavra barbárie deriva lá dos tempos do Império Romano. Os povos que lutaram contra os romanos e foram por eles conquistados eram denominados de bárbaros. Então, para os romanos, as outras civilizações de culturas diversas, eram consideradas atrasadas. No entanto, nem sempre esses povos foram os vilões. Os romanos, sim, pois conquistavam pelo simples prazer de expandir seu império.

Assim, barbárie é tudo que foge à normalidade e ao conceito de civilizado. A civilização, quando está num estágio selvagem, sem lei e sem costumes rígidos, é considerada bárbara, tal como os índios canibais. Ao contrário da barbárie, a civilização chegou ao estágio atual graças às leis que, ao longo dos séculos, foram sendo aperfeiçoadas. Não fosse assim, a Europa ainda estaria sob o terror da  Inquisição e das Cruzadas. Nessa linha de pensamento, imaginemos um grupo de pessoas passando numa rua, olhando uma mulher e, do nada, um dos seus membros grita que ela é uma bruxa. Essa mulher é agarrada, amordaçada e levada a um tribunal onde prevalece o poder do terror. Ela é condenada sem provas e queimada numa fogueira em praça pública (qualquer semelhança com o Brasil atual é mera coincidência). Essa era comum durante o período da Inquisição nua e crua. A lei era ditada por grupos de pessoas que se achavam os donos da verdade, ligados ao Catolicismo e ao poder dos monarcas. As pessoas eram trucidadas nas suas casas e nas ruas; meninas eram estupradas na frente dos seus pais; e os filhos eram assassinados por nada.

A Barbárie, como se conceitua, ocorreu ao longo da história das civilizações e ocorre, ainda, em várias partes do mundo. Fala-se que que o período negro da humanidade aconteceu na Idade Média, onde com as Cruzadas e a Inquisição. Certamente esse foi um período tenebroso da raça humana. A Igreja Católica, em nome de Jesus Cristo, praticou, com o apoio de muitos monarcas europeus, atos inomináveis, mandando para a fogueira inocentes. O caso mais emblemático dessas condenações é o de Joana D' Arc, uma camponesa francesa usada para conclamar, em nome de Deus, o povo a lutar contra os ingleses. Foi capturada pelos ingleses e condenada como bruxa, à fogueira, pela mesma igreja que ela defendeu na França. Acabou, anos mais tarde, sendo transformada em Santa.

A barbárie, como a conhecemos  historicamente, continua a acontecer pelo mundo. Basta dar uma passada na Síria, no México, na Venezuela, em vários países do Oriente Médio, na África e, principalmente, no Brasil. O que aconteceu, recentemente, em São Paulo, não justifica nada relativo à civilização. Tal como nos tempos da Inquisição, uma mulher ia para casa de Bicicleta, foi confundida com uma sequestradora de crianças e atacada pela turba. Foi amordaçada e espancada até a morte. O pior de tudo é que a maioria dos seus algoses, homens e mulheres, pelo que a Polícia já apurou, é formada por pessoas de personalidades duvidosas. Uma dessas pessoas, presa hoje, nem documentos portava. A execução da mulher, que era mãe de dois filhos, foi assistida por uma multidão enfurecida, que aplaudia e a tudo filmava.

Enquanto o nosso governo se preocupa em terminar as atrasadas obras para a Copa do Mundo e com uma eleição que promete muitos jogos perigosos, a população, desnorteada, está a mercê de bandidos perigosos. Uma parte da juventude, transviada e enlouquecida, aterroriza os cidadãos de bem. Esta semana, um garoto de 11 anos assassinou um empresário num assalto. Seu comparsa tinha apenas 14 anos. O brinquedo desses garotos é matar de verdade.

Ou o governo para, se reúne e repensa o modelo de educação e segurança que está aí, ou o Brasil vai cair no abismo.    

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagem: Quadro de Cândido Portinari - Retirantes  

   

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