Publicado por Luiz Flávio Gomes na página de JUSBRASIL
O Banco
Mundial, adotando nova metodologia, divulgou em 30/4/14 que o Brasil é a 7ª
economia do planeta. As dez maiores potências econômicas são (na ordem):
Estados Unidos, China, Índia, Japão, Alemanha, Rússia, Brasil, França, Reino
Unido e Indonésia (Fonte: Banco Mundial:http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/04/30/ranking-do-banco-mundial-traz-brasil-comoa7-maior-economia-do-mundo.htm).
Mantidos os ritmos e números atuais (continua a notícia), o Brasil vai demorar
124 anos para alcançar o PIB da Austrália. Nosso PIB per capita foi de US$
11.875 em 2012. Tem crescido a uma taxa média de 4,5% ao ano. O da Austrália é
de US$ 42.640 e aumenta a uma taxa de 3,4% ao ano. Para chegar no mesmo patamar
dos EUA vamos necessitar de 108 anos, porque eles têm PIB per capita de US$
49.922, com crescimento de 3,1%. Alcançaremos o Reino Unido em 47 anos, a Itália
em 30 anos etc. Na China o PIB per capita tem crescido acima de 10% ao ano.
Em distribuição de renda, Brasil fica em 80º lugar.
Em um ranking baseado no PIB per capita, que também usa o critério de Paridade
do Poder de Compra, a situação é bastante diferente. O PIB per capita é um
critério mais confiável para medir a distribuição de renda. Por este parâmetro,
o Brasil ocuparia apenas a 80ª posição em um ranking mundial. Os Estados Unidos
aparecem em 12º lugar e a China, em 99º. O gravíssimo problema dos EUA e do
Brasil, dentre outros, não é sua riqueza, sim, sua distribuição, extremamente
desigual (nesse item quem bem está cumprindo a lição de casa são os países
“escandinavizados” (Noruega, Suécia, Islândia, Dinamarca, Holanda, Coreia do
Sul etc.), que contam com apenas 1 assassinato para cada 100 mil pessoas.
Os EUA, com a globalização das últimas quatro
décadas, criaram o primeiro império capitalista mundial, sem colonizar o mundo
inteiro (sem invadir fisicamente o mundo todo). Isso jamais tinha ocorrido na
história (veja Ellen Wood). Mas sua desigualdade é brutal. O trabalhador
norte-americano ganhava há 20 anos US$ 48 mil; em 2010, US$ 34 mil. A dívida
familiar explodiu. O capitalismo, bravamente, derrotou (e fez muito bem) todos
os “ismos” adversários: comunismo, socialismo, stalinismo etc. Mas não cumpriu
o dever de casa, de promover o bem-estar de todos os trabalhadores, que são os
consumidores que dão vida para o sistema capitalista. Sem consumo não existe
mercado, sem mercado não existe produção e sem produção não existe crescimento
nem trabalho. Sem crescimento a economia fica esclerosada, estagnada. A China,
ainda em 2014, deve se transformar na primeira economia do mundo, passando os
EUA, porque ostenta forte crescimento (em que condições humanas ela está
crescendo é outra coisa, que aqui não temos espaço para analisar).
A China e a
Coreia do Sul são os dois países emergentes que mais rapidamente alcançariam a
renda per capita dos EUA, se mantivessem o atual ritmo de crescimento. Veja
quanto tempo cada nação em desenvolvimento levaria para chegar ao mesmo nível
dos americanos.
Publicado
por Luiz Flávio Gomes
Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente
do Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983)...
Imagem: Fundação Ford
Nenhum comentário:
Postar um comentário