quarta-feira, 14 de maio de 2014

AS DESGRAÇAS DAS COPAS DO MUNDO.


Para a maioria que pensa que a Copa do Mundo este ano no Brasil será uma desgraça, ainda não mensurou a tragédia que está acontecendo no Catar, um país governado por uma monarquia absoluta, onde a mesma família está no poder desde meados do século XIX. Para se ter uma ideia do está ocorrendo, basta saber que somente nos últimos meses morreram mais de 1200 operários nas obras dos estádios bilionários que estão sendo construídos por lá. A maioria dos trabalhadores é proveniente do Nepal e da Índia. Essa maioria é formada por miseráveis, arregimentados em povoados afastados da civilização, esfomeados, e que deixam suas casas e suas famílias com a promessa de ganhar muito dinheiro no país bilionário dos Emirados Árabes. Segundo previsões de órgãos dos direitos humanos internacionais, devem morrer mais de 4.000 operários até 2022, ano que o Catar sediará a Copa do Mundo.

Algumas instituições internacionais de defesa dos direitos humanos já estão pedindo à FIFA que cancele a Copa do Mundo no Catar. No entanto,  o órgão maior de controle do futebol no mundo parece que não está nem aí para os miseráveis que estão sendo aniquilados nas obras do país árabe.

Só para se ter uma ideia dos desamando nesse país onde as liberdades são privilégios dos detentores do poder, esses trabalhadores miseráveis são submetidos a turnos de mais de 12 horas, sem condições de segurança ou higiene, não têm direitos a tratamentos de saúde ou assistência social. Uma grande parte deles sequer recebe seus salários em dia, trabalhando em troca de um alojamento sub-humano e de duas refeições diárias de qualidade duvidosa.

Do outro lado, o Catar tenta passar a imagem de um país moderno, copiando - e mal copiado – a arquitetura e a arte ocidentais. Pagam valores astronômicos para artistas norte-americanos e europeus exporem e venderem suas artes na capital e outras cidades que consideram importantes. O governo do Catar compra esses artistas e manda prender os artistas locais. O que não dá para entender são esses artistas se venderem para uma ditadura que não respeita, no mínimo, os direitos humanos.

Até 2022, muita água vai rolar e muitos miseráveis ainda vão morrer nas obras bilionárias do Catar, e a FIFA, de olho nas cifras que entrarão nos seus cofres, pouco vai se importar com um punhado de miseráveis que morrerão por conta do evento que ela administra.

Quanto à Word Cup 2014 in Brazil, a FIFA, também, pouco se importa se milhões de reais estão sendo desviados dos cofres públicos na corrupção passiva e ativa entre governantes e empresários responsáveis pelas obras dos estádios que sediarão os jogos. Uma coisa é certa: O Brasil não está preparado para sediar a Copa do Mundo. Basta ver o caos  do transporte público, da segurança e da saúde. A maioria dos países europeus, além dos Estados Unidos, está emitindo cartilhas, através das agências de viagens, prevenindo os turistas para os perigos do Brasil, alertando-os, em especial, para o Rio de Janeiro e São Paulo onde os assaltos e assassinatos de turistas estrangeiros são frequentes.  

O mais cruel de tudo, seja no Brasil ou no Catar, é que prevalece o lucro, a soberba, a corrupção e o desprezo sobre a questão social. Como entender que se possam gastar bilhões de reais ou de dólares em obras faraônicas, enquanto milhões passam fome, morrem trabalhando dignamente, não têm direitos sociais e, muito menos, direito de reclamar? 

Texto de Pedro Paulo de Oliveira. - 
Especialista em política, palestrante e Consultor Técnico da Cabral e Oliveira. 

Imagem: Folha.

                   

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