quinta-feira, 24 de março de 2011

O FIM DE UMA ERA

A história nos ensina que nenhum poder na terra é eterno. Os impérios nascem, crescem, se impõem e, depois, desmoronam. Esse desmoronamento pode ser gradual ou catastrófico, a depender das estruturas das suas instituições. Sim. Os impérios são formados por instituições, sejam elas dentro de regimes autoritários ou democráticos. As instituições funcionam como alicerces desses impérios e são formadas pelos bancos, indústrias, grandes produtores agrícolas e os órgãos e autarquias dos governos responsáveis pela arrecadação dos impostos que se reverterão para a manutenção da máquina administrativa e em obras e tecnologias. O exemplo ainda recente dessa divisão de poder entre impérios está na separação do mundo, depois da Segunda Guerra Mundial, entre a União Soviética e os Estados Unidos da América. De um lado, a União Soviética, formada por diversos países no entorno da Rússia, comandava, ainda, outras regiões do planeta, tais como: Cuba, China, a antiga Alemanha Oriental e a Polônia. Do lado ocidental, como se convencionou dizer, os Estados unidos influenciavam o resto do planeta, pregando que o comunismo era a obra personificada de satã. Cada um dos dois impérios se armou e evoluiu belicamente de forma espantosa para se defender de um possível ataque um do outro. Essa disputa de tecnologia bélica, a paranóia que se instalou no planeta pelo medo de uma guerra entre os dois impérios levou o mundo a um desenvolvimento relâmpago e espantoso, nunca dantes visto pela humanidade. A disputa promovida entre eles pela supremacia nas viagens espaciais levou a humanidade a desenvolver quase toda a tecnologia de informática que hoje existe e até mesmo a tecnologia dos telefones móveis. O resto veio pela ciência das armas de guerra.

Todo desenvolvimento que se promove para os povos tem um custo. O custo maior dessa disputa pelo poder entre os dois impérios no Sec. XX custou não uma guerra direta entre eles, mas na promoção de várias guerras nos países considerados menos desenvolvidos ou subdesenvolvidos. Nações que antes eram colônias da França, da Inglaterra ou de Portugal passaram a ser alvos da ganância desses dois impérios que passaram a financiar guerras nos seus territórios, cada um tentando impor sua política segundo seus interesses econômicos. Com isso, povos inteiros na África foram dizimados e passaram a viver em desigualdades sociais, pobrezas extremas e sob ditaduras longas, cruéis e corruptas. No Oriente Médio e Norte da África foi onde esses dois impérios mais investiram suas ações bélicas na disputa pelo controle dos ricos poços de petróleo que lá existiam e “ainda hoje existem”. Ditaduras longas como as de Saddam Hussein, Osni Mubarak e Muamar Kadafi nasceram dessa disputa e apoiadas financeira e belicamente por eles.

Mas como nada é para sempre nesta terra de plantas, homens, animais e pedras, o império soviético ruiu e a maioria dos países que formavam o seu eixo se emancipou, mantendo, mais ou menos, as estruturas deixadas pelos seus algozes. Os Estados Unidos conservaram a sua supremacia bélica e econômica por conta da queda da União Soviética, mas passaram a dividir parte dos bônus captados pelo mundo com a França, o Reino Unido, a Alemanha, a Espanha, o Canadá e, em especial, com Israel.
A queda da União Soviética abriu espaços para que países como a China, copiando e aperfeiçoando tecnologias, e com mão de obra barata – quase escrava – evoluísse, tornando-se um mercado consumidor e exportador poderoso. Nessa esteira, com menos poder, tendo em vista as peculiaridades locais, surgiram como potências emergentes o Brasil, a Índia e o Chile. Ao mesmo tempo outros países se insurgiram contra o poder dos Estados Unidos, entre eles a Venezuela, A Coréia do Norte e o Iran.

Em 2008 enfim estourou a bolha financeira nos Estados Unidos. Bilhões sem lastros jogados no mercado imobiliário e garantidos através de balanços fictícios das empresas e bancos surgiram negativamente sobre a maior economia do mundo e, em efeito dominó, espalhou-se pelo mundo, principalmente no Japão, França e Inglaterra. O mundo se preparou para uma nova quebradeira, tal como aconteceu em 1929 com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Naquele tempo a depressão que se espalhou foi aterrorizante, levou a maioria das empresas à bancarrota e muitos seres humanos ao suicídio. Mas, na crise imobiliária de 2008, o mundo estava mais preparado e países como a China, o Brasil e até mesmo as grandes potências da Europa interferiram nas suas economias através do estado, injetando recursos nas instituições para mantê-las erguidas e fortes. Afinal, são as instituições que mantêm o estado.

Assim, a supremacia norte-americana não existe mais. O mundo globalizado terminou. O que existe, agora, é o MUNDO SOCIALISADO. Um mundo onde as pessoas se comunicam em tempo recorde e os grandes líderes não existem mais. Claro que a nação norte-americana ainda é uma grande potência bélica – a maior do mundo -; a economia dos Estados Unidos ainda é a mais poderosa do planeta. Contudo, esse país tem uma dívida interna monstruosa, está com uma alta taxa de desemprego e uma grande parte das suas instituições estão sob suspeita, principalmente aquelas inseridas no mercado financeiro.

Surgirão outros grades impérios para dividir o comando do mundo, tal como no passado coexistiram Estados Unidos e União Soviética? Não creio. Claro que países como a França, Inglaterra, Itália, Espanha, Alemanha, Canadá e mesmo Rússia e Estados Unidos continuarão a dar suas cartas pelo mundo afora, sempre defendendo os interesses das suas empresas espalhadas pelos demais países do planeta. Contudo, terão que engolir, cada vez mais, a presença do Brasil, da China, da Índia, do Chile e da Venezuela. Os países do Norte da África e do Oriente Médio infelizmente continuarão a serem alvos de disputas locais pelo poder, e da ganância dos antigos impérios, mesmo derrubando seus ditadores antes apoiados por esses impérios.

Uma nova era se inicia no mundo e a prova disso são que os ditadores dos países produtores de petróleo estão caindo. Eles estão sozinhos, apodrecidos no poder e sem os antigos apoios dos dois grandes impérios. Outro fato relevante na história recente da humanidade foi a vinda de Barack Obama ao Brasil e, depois a sua ida ao Chile e Nicarágua. O Presidente dos Estados Unidos, nessa viagem, reconheceu a nova ordem mundial e sabe que nesses países, em especial o Brasil, está a salvação do seu voraz mercado consumidor e produtor. Contudo, dentro dessa nova ordem, nós brasileiros teremos que ser pragmáticos e defender nossas riquezas com unhas e dentes, vender nosso peixe pelo preço justo e comprar o que eles vendem dentro de uma ótica de mercado competitiva.

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