terça-feira, 20 de agosto de 2013

A CRIMINALIDADE E A FALÊNCIA DA SOCIEDADE.




Quanto mais se fala em crime neste país, mais a nossa concepção de impunidade e de desolação aumenta. Parecemos uma sociedade do “faz de conta” quando vemos a polícia prendendo, sejam bandidos menores de idade, sejam adultos. Nas delegacias a tipificação dos crimes já são alvo de aberrações. Tomemos como exemplo o empresário completamente bêbado, dirigindo na contramão, em alta velocidade e que matou um motociclista, trabalhador e pai de família. A delegada o indiciou por crime culposo (quando não se tem a intenção de matar), mesmo estando todas as provas contrariando essa sua decisão. O sujeito ficou dois dias presos, pagou uma fiança de cem mil reais e saiu livre e leve e dizendo, ainda: “Vocês não sabem com quem estão lidando”. Detalhe: sua carteira estava vencida e impedida com mais de 300 pontos por infrações de trânsito, quase todas por excesso de velocidade.



Montam-se, através dos meios jurídicos, situações fantasiosas para sustentar a impunidade. Jovens com idades entre 12 e 17 anos são aliciados pelo tráfico e são armados para roubar. Detalhe: quem lhes fornece, gratuitamente, as armas, são os próprios traficantes, para que eles pratiquem assaltos e tenham dinheiro para comprar drogas. Esses mesmos traficantes ainda os usam para a prática de execuções e como comissão de frente nos enfrentamentos com a polícia. Nesses enfrentamentos eles morrem, pois não conseguem combater policiais altamente treinados para a “guerrilha urbana” sob a qual o Brasil se encontra. A diferença da guerrilha urbana do Brasil atual para outras guerrilhas, tal como a da Síria ou mesmo a do Brasil dos tempos da Ditadura Militar, é que os atuais guerrilheiros não têm um ideal, não defendem a liberdade e muito menos a justiça. São, na sua maioria, meninos com a mente deturpada pelo crack, pela cocaína, pela maconha e pelo álcool. Esse exército, armado e despreparado, não tem compaixão, nasceu na periferia, não teve estudo de qualidade e nenhuma chance de inserção social decente.

Quando não são mortos na guerra entre as facções criminosas e são presos, esses meninos, já tornados animais cruéis (a técnica é a mesma usada para tornar os cachorros perigosos, traiçoeiros e matadores), vão para as instituições, onde cumprem, no máximo, três anos de prisão. Nesses internatos, eles se tornam, ainda, mais cruéis, pois o modelo usado no Brasil para apreender menores é ultrapassado e os agentes que monitoram essa população, são despreparados, mal pagos e, em sua maioria, corruptos. Em pouco tempo esses jovens voltam às ruas e continuam a matar, tal como uma advogada foi morta cruelmente, só porque tentou correr do assalto.

A situação do empresário que mata e não é punido como deveria, demonstra a fraqueza da nossa legislação. Já a situação de guerrilha urbana em que o Brasil se acha, com uma multidão de jovens e adultos matando indiscriminadamente, demonstra que a nossa sociedade está falida.

A maior demonstração da falência da nossa sociedade está no simples fato de que não existe mais os bons costumes ou, de forma concomitante, o respeito à coisa alheia. Basta observar uma pessoa idosa entrando num transporte público e os jovens fazendo de conta que não a estão vendo. Viram a cabeça para o lado e fingem estar cochilando. Que se dane aquela pessoa que muito já viveu, como se ele, jovem, não pretendesse muito viver, também.

O paradigma de uma sociedade é o seu respeito para com a vida e a coisa alheia. Quando esse estereótipo, esse sentimento de solidariedade desaparece e no seu lugar cresce o sentimento de individualismo, ganância e asco pela miséria, está na hora dos donos do poder repensar o modelo de lei que nos governa ou chegará o dia em que nem os filhos e netos deles estarão a salvos da sanha dos enlouquecidos, ricos ou pobres.



Texto de Pedro Paulo de Oliveira

Imagens: Busca no Google

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