quarta-feira, 7 de agosto de 2013

TEORIA DE UM CRIME, O EXTERMÍNIO DA FAMÍLIA PESSEGHINE.




UMA FAMÍLIA


Um Policial da ROTA, com 15 anos de serviços prestados ao Estado de São Paulo e, até então, sem nenhuma mancha aparente na sua carreira; seu nome: Luiz Marcelo Pesseghine; sua patente: Sargento; seu estado civil: casado; sua esposa: Andréa Regina Bovo Pesseghine, também policial com a patente de Cabo e 19 anos servindo a Polícia Militar; um único filho, com 13 anos: Marcelo Eduardo Bovo Pesseghine, estudante e portador de fibrose cística; a sogra do policial: Benedita Oliveira Bovo, 65 anos; a tia da Cabo Andréa: Bernadete Oliveira da Silva, 55, anos, irmã de Dona Benedita. Uma família composta por cinco pessoas, moradoras da capital paulista, no Bairro Brasilândia.

Brasilândia é um bairro extenso da cidade de São Paulo, que nasceu de um povoamento que se iniciou a partir de 1930, feito através de chácaras rurais, cresceu sem muito ordenamento com uma população de gente simples. Por isso, suas ruas estreitas, com casas parecendo amontoadas, calçadas apertadas e muitas vezes esburacadas. Hoje, Brasilândia deve ter mais 300.000 habitantes. Nesse bairro nasceu, também, a Escola de Samba “Rosas de Ouro”, e a classe social dominante por lá é a C, ou seja, famílias com renda média de R$1.500,00.

Numa das ruas estreitas do Bairro Brasilândia, “residia” a família do Sargento Pesseghine. Todos os vizinhos do Sargento, até o dia 04 de agosto de 2013, domingo ensolarado de inverno, viam-no como um policial exemplar; todos o viam sair com o filho, expressando orgulho e demonstrando os cuidados de um pai zeloso, em especial pela doença congênita que o garoto possuía; todos viam no filho as mesmas demonstrações de amor filial, tanto para com os pais, quanto para com a avó e a tia. Na escola, na Freguesia do Ó, onde Marcelo estudava, seus amigos e professores o adoravam. Marcelo era um aluno exemplar, colega fiel e amigo dedicado.

Marcelo contagiava a todos pela sua alegria e inteligência. Alguns amigos disseram que ele, como muitas crianças na sua idade, gostava de jogos eletrônicos de guerras. No seu quarto, ele colecionava armas brinquedos, cinturões e escudos como os que seu pai usava. Afinal, seu pai era o seu herói. Marcelo tinha consciência que tanto seu pai, quanto sua mãe lutaram muito por ele na sua tenra idade, na fase mais aguda e perigosa da sua doença. Os médicos chegaram a dizer que ele não passaria dos quatro anos.

Marcelinho chegou aos 13 anos, a cara do pai, o orgulho do pai. Nos momentos de lazer, Andréa o deixava manobrar o caro quando precisava tirá-lo da garagem.


A TEORIA


Domingo à tarde, dia 04 de agosto de 2013. A família do sargento Pesseghine está reunida na sua casa na Rua Dom Sebastião, no Bairro Brasilândia, na capital do Estado de São Paulo. O clima é ameno, o céu azul realça com a calma do domingo, sem a correria de caminhões, caros, motos e bicicletas pelas ruas do bairro. Os amigos chegam para uma reunião dominical, passar o dia, conversar. Dona Benedita cuida de servir salgados aos amigos da sua afilha e do seu genro. O dia se vai, as conversas e as risadas se alongam, a noite desce e o último dos convidados deixa a casa do Sargento Pesseghine por volta das nove horas da noite.

Pesseghine e Andréa estão na sala ainda bagunçada pela reunião de amigos. Conversam sobre o futuro e ele faz planos para a sua aposentadoria. Andréa sorri e diz que ele vai aposentar primeiro e espera-la chegar do trabalho todos os dias. Ele ri. Sabe que ela tem mais tempo de corporação do que ele. Marcelo está no seu quarto entretido com o seu computador. Usa o fone de ouvido e os demais sons da casa lhe são alheios. Dona Benedita e a sua irmã Bernadete terminam de arrumar a cozinha, deixam o lanche da noite sobre a mesa e vão para a sua casa anexa à da filha. Andréa pede à mãe e à tia para ficarem um pouco mais e ambas dizem que vão tomar banho e descansar. Passa das 10 horas. O Sargento Pesseghine diz que vai tirar um cochilo. Sente-se cansado, amolecido pela madorra do domingo. Vai até o quarto, volta com dois colchões, joga-os no chão da sala e se deita. Andréa pula sobre o outro colchão e, sonolentos, ambos riem sem razão. Dão risadas de nada. Estão felizes. Só isso.

Dez e meia da noite. O interfone toca e Andréa pergunta quem é. Ao saber que eram velhos conhecidos, ela abre a porta. Eles são três. Sorriem e perguntam pelo Pesseghine. Andréa responde:

---- Ele está dormindo. Vou chama-lo.

---- Espere... – Pede um deles, parecendo um pouco impaciente. – Queremos conversar com você antes.

---- Ah, tudo bem. – Diz Andréa solícita. – Vamos entrar, então. Espero que sejam boas novas.

Neste instante, um dos homens saca uma pistola, aponta para Andrea e ordena:

---- Não dê um pio ou estouro seus miolos. Fica bem quietinha.

Andréa, sem compreender o que está se passando, tomada pelo terror, obedece prontamente. Seus pensamentos de voltam para o filho no quarto. O homem vira-se para ela novamente, encosta o cano da arma na sua fronte e pergunta, quase cochichando:

---- Onde está sua ponto 40?

Andréa sente um calafrio, um sentimento horripilante. Está apavorada e tenta concatenar as ideias. Precisa entender o que está acontecendo e suplica ao Algoz:

---- Por favor, parem com isso!

Os três sujeitos se entreolham. Um deles sacode a cabeça e sorri. Andrea, ainda mais estupefata, pergunta:

---- O que vocês estão querendo? Por que estão fazendo isso?

O sujeito lhe dá uma tapa, pergunta novamente pela arma e ameaça:

---- Você tem cinco segundos para mostrar onde está sua ponto 40.

Andréa se levanta e leva o sujeito até onde está a arma. Ele a recebe, confere se está carregada e a entrega para o seu comparsa que se vira e vai para a sala. Andrea observa que ele, com a ponto 40 empunhada e engatilhada, segue na direção de onde está o Sargento Pesseghine. O outro comparsa, com um revolver na mão segue na direção da casa onde estão dona Benedita e Bernadete. O Algoz percebe que Andrea vai gritar e a puxa pelos cabelos, ameaçando mata-la. Ela suplica, pede pelo amor de Deus para eles irem embora. Um estampido ecoa pela casa. Andrea cai de joelhos desesperada. Marcelo, mesmo com o fone de ouvido, escuta o estrondo, sai correndo do seu quarto e encontra a mãe ajoelhada na entrada da sala sob a mira de um revólver.

---- Venha cá garoto. – Ordena o Algoz. – Fica quietinho que nada vai acontecer com a sua mãe em nem com você. Sua avó a sua titia também estão sendo vigiadas.

O outro sujeito, armado com a ponto 40, grita:

---- Feito!

O Algoz de Andrea sorri, olha para Marcelo e ordena:

---- Ligue a TV. Vamos assistir a programação.

Andrea sabe o que aconteceu. Sente o cheiro de pólvora soltando-se da sua arma e, com a voz embargada, pergunta:

---- O que vocês fizeram com o meu marido? Eu escutei um tiro. Por favor, parem com isso!

O algoz sorri, impede que ela tenha uma visão da sala, manda seu comparsa ir até a cozinha buscar uma bebida e responde calmamente:

---- Não aconteceu nada com o Sargento. Você não disse que ele estava dormindo? Pois então, ele continua seu sono “dos justos”.

---- Mentira! – Exalta-se Andrea. – Eu escutei um tiro.

Marcelo começa a chorar. O algoz o encara friamente e se torna ameaçador:

---- Fiquem os dois em silêncio. Já entenderam tudo. Serão poupados se cooperarem.

Andrea não acredita naqueles homens. Sabe que mataram seu marido. Olha na direção da sala novamente, pensa na sua arma ponto 40 na mão do assassino e não pode fazer nada. Não acredita que será poupada. Olha desesperada para o filho e torna argumentar:

---- Olha... Não precisam fazer isso. Meu Deus... Já mataram o Luiz. Deixem a gente viver. Essa criança tem apenas 13 anos. Direi que quem matou o meu marido foi o pessoal do crime organizado. Por favor!

O comparsa volta da cozinha trazendo cervejas e queijo. O algoz, com a voz alongada, tenta acalmar Andrea:

---- Tranquilize-se, Cabo. Logo entraremos num acordo se vocês cooperarem.

---- O que temos que fazer? Indaga Andrea já sentindo falta de ar e com as pernas trêmulas. – Diga, por favor. Mas, deixa a gente viver.

---- Ninguém aqui está com pressa, Cabo. – Responde o Algoz. Logo mais vocês saberão o que devem fazer. Agora, fiquem em silêncio, vamos beber, comer e assistir TV
.
Andrea, sem alternativa, aceita, acompanha-os até a sala e depara-se com o Sargento Pesseghine sem vida, com um tiro na cabeça. Ela vê o sangue brotando através de um furo na cabeça dele atrás da orelha. Ela encosta-se ao sofá, quase desfalecida. Marcelo apenas soluça e olha suplicante para a mãe. Na sua mente de pré-adolescente fervilha o desejo de empunhar uma arma e matar todos aqueles homens. Não consegue entender como eles conseguiram entrar na sua casa, matar seu pai e tornar sua mãe refém. Seus pais são seus heróis, guerreiros defensores dos justos.

As horas passam. Andrea está preocupada com a sua mãe e a sua tia. O sujeito que foi para a casa delas ainda não voltou. No entanto, nenhum som de tiros foi ouvido. Ela se sente um pouco esperançosa. Precisa se agarrar à esperança de aqueles homens já haviam matado quem eles queriam. Mas, é uma esperança tênue, em forma de agonia.

Meia noite. O algoz manda Marcelo se levantar e, em seguida, lhe ordena:

---- Sei que sabe dirigir. Vá até a garagem tire o carro da sua mãe, vá para perto da sua escola e fique dentro do carro até o momento do início das aulas. Mas, não pare muito perto do prédio da escola. Só então saia e vá normalmente para a escola e assista às aulas. Depois, volte de carona para casa. Deixe o carro por lá. Se der um pio para alguém sobre o que está acontecendo aqui, matamos o resto da sua família. Já sabe que seu pai está morto, não é?

Marcelo, chorando, assente com a cabeça. Andrea não consegue entender o que aqueles homens querem. Por que estão mandando seu filho de 13 anos, madrugada a dentro, dirigindo seu carro pelas ruas de São Paulo e, depois, ficar na porta da escola, entrar, assistir aula e voltar para casa? Desesperada, volta a suplicar:

---- Parem com isso. A gente se conhece. Por que estão fazendo isso com a minha família. Acho que vocês querem é me ferir. Então, façam isso. Não precisam mandar uma criança a esta hora para as ruas. Já lhes disse que não vamos dizer nada do que se passou aqui. Pelo amor de Deus, vão embora.

O algoz dá uma gargalhada, levanta-se, aperta a ama na fronte de Andrea e diz:

---- Olha aqui mulher... Já percebeu que estamos no comando e que poderemos poupar suas vidas. Obedeça, sem perguntas e tudo ficará bem no final.

Poucos minutos depois da meia noite, Marcelo arruma seus apetrechos de escola, coloca-os na mochila, veste o uniforme e recebe a chave do carro da sua mãe das mãos do algoz. O homem o olha com a carranca bem definida e diz:

---- Faça tudo direitinho. Dirija com calma. As ruas estão vazias a esta hora. Depois da aula, volte para casa e, então, tudo ficará em paz. Aja como se estivesse tudo bem e ninguém mais vai se machucar. Certo, Marcelo?

Marcelo contempla o Algoz e a sua fisionomia se faz ainda mais infantil. Assente levemente com a cabeça e responde:

---- Sim senhor. Mas, não faça mal para mais ninguém, por favor.

Marcelo não queria ter falado. Está com medo, muito medo. Um terror lancinante acomete sua alma. Parece que ele está vivendo seus jogos mortais no computador. Só que os heróis estão sendo derrotados. Ele não consegue crer que o seu pai está morto e ainda tem esperanças de que ele vai se levantar e aniquilar todos os malditos bandidos. Sua mãe, a policial valente e mulher forte, está chorando e lhe pede:

---- Faça tudo direitinho, meu filho. Vai com Deus!

Marcelo desce até a garagem, entra no carro, liga-o, abre o portão e sai pela rua. No caminho, cruza com os seres notívagos, homens e mulheres perdidos. Uma aura envolve as lâmpadas dos postes. Ele vai guiando devagar, com medo de que algum policial, fazendo ronda noturna, o mande parar. As ruas, porém, estão quase desertas e ele segue sem empecilhos, com os seus pensamentos fixos na sua casa e com uma dor profunda no estômago, proporcionada pela imagem do pai morto.

Na Freguesia do Ó Marcelo entra na rua da sua escola. Está tudo muito calmo e passa de 1 hora da hora da madrugada de segunda-feira. Ele estaciona a menos de 200 metros do portão de entrada da escola e deita o banco do carro. Sente-se cansado e quer, enlouquecidamente, dormir. Não consegue com a atenção fixa no portão da escola que está fechado, silencioso. Sua alma, esfacelada pelo pavor, flutua, sai do carro e visita sua casa. Lá está sua mãe chorando sentada ao lado do algoz que lhe aponta uma arma. Seu pai, jaz sem vida; sua tia e sua avó, ele não consegue vislumbrar.

O dia amanhece. O portão da escola se abre. Marcelo desce do carro, pega a mochila e a ajeita nas costas. Atravessa a rua rapidamente e caminha até o portão onde seus colegas o assediam gritando seu nome. Ele tenta disfarçar e consegue. Precisa ser forte, sabe disso. Penetra na sala assim que o sinal apita e vê a professora entrar também. Sente uma vontade imensa de desabafar com ela, pedir-lhe ajuda. Não, não pode. Se fizer isso, os bandidos matam o resto da sua família. No intervalo, para aliviar sua tensão, vira para a professora e indaga:

---- Tia, a senhora já dirigiu, algum dia, quando era criança, pelas ruas da cidade?
A professora sorri, vai à sua direção, abraça-o e lhe responde:

---- Não, meu filho. Nunca fiz isso, por que não pode. A lei proíbe que pessoas com menos de 18 anos dirijam. Mesmo assim, as pessoas acima de 18 anos só podem dirigir se tiverem carteira de habilitação.

Marcelo aceita o afago da professora, aconchega-se no seu peito e pergunta, ainda:

---- A senhora já fez alguma coisa para prejudicar ou ajudar sua família?

---- Claro. – Responde prontamente a professora. – Nunca para prejudicar. Somente para ajudar.

Marcelo sente-se um pouco aliviado com as respostas e os carinhos da professora, continua assistindo às aulas e contando os minutos. Enfim, o sino anuncia o fim dos períodos e ele sai correndo para fora. Quase vai na direção do carro da sua mãe. Mas, lembra-se da ordem do bandido e pede carona para o pai de um amigo que passa em frente à sua casa todos os dias. O homem manda-o sentar-se no banco de trás e segue pelas ruas movimentadas de caminhões, motos, ônibus, pedestres e bicicletas. O percurso de volta é mais demorado. O trânsito na hora do almoço é engarrafado e as pessoas ficam impacientes numa cidade que já não comporta mais sua frota de veículos. Enfim, surge a casa de Marcelo e ele desce apressado. Agradece a carona e corre na direção da porta. Seu coração está saindo pela boca. Mas ele precisa ser forte. Está quase tudo terminando. Ele fez tudo como os bandidos exigiram e, agora, eles vão embora. Marcelo aperta a campainha e a porta ainda demora um tempo para ser aberta. Enfim, após alguns minutos, ela se abre e ele adentra à sala. Sua mãe está lá. Está tudo em silêncio, silêncio aterrador. O homem com a ponto 40 na mão, que havia partido para a casa da sua avó no dia anterior, também está na sala. Marcelo joga a mochila no chão e sai correndo na direção dos seus pais. Depara-se com uma cena aterradora: seu pai, deitado de bruços, com os olhos arregalados, a cara enfiada no travesseiro olhando o nada, com um tiro na cabeça; e sua mãe, de cócoras, próxima dele, com mãos juntas apoiadas no chão, também, com um tiro na cabeça. Neste instante, o Algoz se aproxima dele, manda-o ficar quieto e o arrasta para perto da sua mãe. Coloca-o de joelhos. Marcelo olha mais uma vez para a sua mãe. Percebe que ela queria abraçar seu pai antes de morrer. O algoz sinaliza para o outro homem com a ponto 40. Marcelo, então, não sente mais nada. Sabe que na outra casa, sua avó e sua tia também estão mortas. O outro homem se aproxima sorrindo, encosta o cano da arma na fronte de Marcelo e o algoz o manda parar:

---- Não deste lado, imbecil! Quer estragar tudo? Esqueceu que o fedelho é canhoto?
O homem muda de lado, encosta a arma na fronte esquerda de Marcelo e dispara sem titubear. Marcelo sente o impacto na cabeça e o seu corpo fica leve. As imagens se apagam lentamente, até a escuridão total e o sono profundo.

Rapidamente, os três homens ajeitam tudo na casa. O algoz pega a ponto 40 e a coloca sob o corpo inerte de Marcelo. Depois, abre a gaveta da cômoda, pega um revólver calibre 32 e o coloca dentro da mochila da sua mochila escolar. Para ter certeza de que o cenário está armado para que todos pensem que Marcelo é o assassino e suicida, vai até a casa de Dona Benedita e ajeita as duas mulheres abatidas na cama, cobre-lhes os corpos com um lençol, faz um leve movimento com a cabeça e volta para a sala onde os comparsas o esperam. Olha-os e comenta, com ironia:

---- Enfim, a família foi dizimada. Vamos embora.



Texto de autoria de Pedro Paulo de Oliveira.


Os fatos narrados no texto são teóricos, visto que, da mesma forma, tanto a Polícia Civil quanto a Polícia Militar de São Paulo, ainda não têm provas concretas sobre a autoria dos assassinatos. No entanto, apressam-se em imputar a autoria da chacina ao garoto Marcelo. Baseiam-se em imagens que podem muito bem terem sido montadas.


Imagem: FACEBOOK

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