segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A TRAGÉDIA DE MAYRINQUE – UM GUARDA CIVIL EXEMPLAR - A VERDADE!




UMA CIDADE, UMA FAMÍLIA


MAIRINQUE é uma cidade com 122 anos, faz parte da Grande São Paulo e fica localizada a 70 da capital. Por essa razão sofre forte influência do crime organizado e tem vários problemas de segurança. Sua população está estimada, hoje, em pouco mais de 40.000 habitantes. Mairinque mistura o antigo e o novo, proporcionados pela sua história que perpassa pela ferrovia e, agora, pelo parque industrial que tem levado emprego em renda para os cidadãos. Não fosse pelos problemas de segurança, Mairinque seria um paraíso turístico e ecológico.

Laércio Souza Lanes está na Guarda Civil Municipal de Mairinque há mais de 15 anos. Tem orgulho da sua profissão. Está com 42 anos e nem aparenta esta idade. Sua bela esposa, Lindalva Prado Lanes, 34 anos, trabalha como Administradora numa empreiteira e eles têm um filho de 10 anos. Ambos moram no Jardim Vitória, um bairro periférico, de classe média baixa. No início de 2013, com a entrada da nova administração municipal, Laércio foi convidado para comandar a Guarda Municipal e implantar uma nova ordem nos seus comandados, apertando o cerco contra o tráfico na cidade. Marcelo olhou para o Prefeito e pediu um tempo para conversar com a esposa.

Naquele dia, enquanto trabalhava e não chegava a hora de voltar para casa, passou pela sua mente um monte de coisas. Sabia que o desafio que lhe ofereciam poderia trazer-lhe dissabores. Chegou em casa antes de Lindalva e deixou o jantar quase pronto para aguardá-la e surpreendê-la. Seu filho entrou fazendo barulho e ambos conversaram sobre as aulas que logo recomeçariam.

---- Faça uma relação do material escolar que vai precisar e entregue para sua mãe. – Pediu Laércio ao filho.

---- Ok, paizão.

Dizendo isso, o garoto foi para o seu quarto. Logo em seguida, Lindalva surgiu pela porta da sala. Estava cansada, mas bonita como sempre. Eles se abraçaram e se beijaram como dois namorados. Eram assim. A paixão nunca os abandonou e eles faziam questão de mostrar isso nos físicos bem cuidados e nos carinhos demonstrados.

---- Hum! ... Está cheirando bom. – Disse ela olhando na direção da cozinha.

---- Você demorou, eu fiz um ensopado leve, com bastante legume, como você gosta.

Ela sorriu, sacudiu a cabeça, o abraçou apertado e disse:

---- Vou tomar banho para relaxar e volto logo. enquanto isso, já que fez a janta, coloque a mesa.

ela demorou uns vinte minutos no banheiro. O som da água caindo e o perfume do sabonete chegavam até a cozinha. Ao voltar do banho, Lindalva trajava um short de malha e camiseta, mostrando toda a sua beleza e sensualidade. Marcelo desceu do seu quarto no andar de cima e disse que estava faminto. Sentaram todos para a refeição. Enquanto comiam, Laércio comunicou a proposta que lhe foi oferecida.

---- O que acha? – Perguntou ele à esposa.

---- Não sei, meu amor. Se o conheço bem, vai querer consertar o mundo no comando da Guarda. A bandidagem tá solta pela cidade e tem muitos guardas e até mesmo policiais que fazem vista grossa. Você é quem sabe. Só não seja exigente demais para não criar rancor contra você.

---- Então, acha que devo aceitar?

---- É uma promoção, não é?

---- Sim.

---- Então, faça o que for melhor.

Depois do jantar, os três foram para a sala e ficaram um tempo na sala vendo televisão. Mais tarde receberam a visita do irmão de Laércio que lhe fez companhia até por volta das dez horas. O filho foi, então, dormir e os dois, com a paixão aflorada, correram para o quarto.

No dia seguinte, foi publicada a portaria com a nomeação do Subtenente Laércio como o novo subcomandante da Guarda Civil Municipal de Mairinque. Nos dias que se seguiram, ele mostrou por que havia aceitado o novo cargo. Impôs um novo ritmo no combate ao tráfico, apertando o cerco contra os traficantes, indo pessoalmente nas diligências. Os guardas omissos e inertes passaram a trabalhar arduamente. A criminalidade amainou na cidade e a população elogiava o novo comandante da Guarda Municipal, e o Prefeito pela nova escolha. No Jardim Vitória, de forma especial, para dar respeito, ele impôs segurança máxima.

No entanto, uma surpresa o aguardava. Em abril de 2013, ao chegar em casa do trabalho, Laércio encontrou Lindalva chorando. Pensou que poderia ser alguma coisa relacionada com o serviço dela ou que tivesse a ver com o filho deles. Ela estava sentada no sofá, com as mãos entre os joelhos e, ao vê-lo, correu para os seus braços.

---- O que foi, meu amor? – Indagou ele, enxugando suas lágrimas.

Ela se aconchegou a ele, enlaçando-o pela cintura, olhou-o suplicante e respondeu-lhe com a voz embargada:

---- Recebi um telefonema monstruoso agorinha mesmo, meu amor. Estou apavorada. A voz disse que ia matar todos nós. Mandou a gente se mudar logo do bairro. O Cara disse que está com o saco cheio das suas ações, que a nossa família vai pagar caro se não mudar daqui e que você tem que maneirar.

---- Desgraçados! Malditos!

A partir daquele dia as ameaças não cessaram mais. Chegavam várias vezes por dia de telefones públicos. Laércio, sob pressão, amainou suas ações. Sua vontade, no entanto, era impor ações duras contra a bandidagem. Mas, como agir assim, sem pensar na sua família? No entanto, começou a investigar, com dedicação, de onde partiam as ameaças. Colocou sua casa a venda e começou a procurar outra moradia em Sorocaba, onde poderia estar em mais segurança, longe do campo de visão dos bandidos. Sua linha de investigação não descartava nenhuma hipótese. As ameaças poderiam ser, inclusive, da própria guarda ou da policia.

Enfim, eles conseguiram um comprador para a casa no Jardim Vitória e que lhes pagou um bom preço. Fecharam o negócio também em Sorocaba. Lindalva estava extremamente feliz e chamou Laércio para comemorarem numa churrascaria na nova cidade onde iriam morar. Deixaram o filho na casa da mãe dela e comemoraram comendo carne regada de vinho. Por volta das 11 horas da noite, ela o olhou sensual e o convidou:

---- Vamos para um Motel hoje? Nosso garoto está bem cuidado na casa de mamãe. Vamos aproveitar e curtir essa noite de forma bem especial.

Laércio sorriu. Como recusar um convite daquele, vindo da mulher amada que o olhava matreira e sensual.

O FIM

Sexta-feira, dia 09 de agosto de 2013, oito horas da noite e as ruas do Bairro Jardim Vitória estão com o seu movimento se preparando para o final de semana. Na Rua Maria Santos Bernardes tudo parece normal, a não ser pelo vozerio dentro bar que fica próximo à casa do Subtenente Laércio. Sem que ninguém perceba, quatro homens jovens e atléticos se aproximam da casa do Subtenente e pulam o portão rapidamente. Dois deles carregam espingardas de grosso calibre. Em poucos instantes, eles se esgueiram até a entrada dos fundos.

Laércio está sentado na mesa da cozinha e conta dinheiro, uma mixaria, em torno de R$200,00. Lindalva prepara o jantar e o filho está no quarto no andar superior. De repente, a porta da cozinha é aberta com um solavanco. Lindava se assusta e grita ao ver os quatro homens entrando, com os rostos encapuzados e armados. Um deles aponta-lhe uma espingarda calibre 25 e ordena que ela fique quieta. Outros dois correm na direção onde está Laércio. Um deles porta uma espingarda calibre 12. Ao vislumbrar os dois homens, Laércio faz menção de se levantar. Mas o bandido está com a arma engatilhada e ele volta a se sentar. O Bandido se aproxima dele, mira na sua nuca e atira. Laércio firma o corpo tentando reagir. Mas, tomba sem vida com o tórax sobre a mesa.

Lindalva é amarrada e levada para junto da mesa onde Laércio está morto e vê o filho descendo a escada desesperado. O assassino com a espingarda 12 mira na direção dele. Lindalva grita:

---- Não! Pelo amor de Deus!

Uma explosão espalha fumaça no ar e acerta o garoto no rosto, arremessando-o contra os degraus da escada. Agora, eles querem saber onde estão as chaves dos carros. Lindalva lhes mostra. Um dos bandidos a joga no chão, bem junto da mesa, mira a arma nas suas costas e atira. O sangue se mistura com a pólvora e Lindalva apenas se move. Sua última imagem é a do filho descendo a escada. Está tudo acabado.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira
Imagem: FACEBOOK.

As descrições dos fatos aqui narrados se basearam nos relatos da imprensa. A dramatização da vida e dos últimos momentos da família do Subcomandante da Guarda Civil Municipal da cidade de Mairinque também se baseou em estudos sobre a vida dessa família que foi, certamente, executada.


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