segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

FALIBILIDADE E FATALIDADE




O que é falibilidade? Respondendo, é a qualidade do que é falível, do que pode perecer, acabar-se, esvair-se. E fatalidade? A fatalidade é um fato súbito, inesperado, pensado, mas indesejado. Assim, a falibilidade quase sempre está atrelada à fatalidade, pelas peculiaridades da segunda em detrimento da primeira.


Dois monstros do esporte se encontraram, neste final de ano, diante das suas qualidades falíveis que se dobraram á fatalidade: Anderson Silva - O maior nome das artes marciais (ou MMA) de todos os tempos na história dos esportes, campeão por sete anos consecutivos, lutador com características específicas, sempre entrando no octógono e desestabilizando psicologicamente seus adversários; Micael Schumacher, considerado o maior campeão das corridas de Fórmula 1 de todos os tempos, dono de marcas extraordinárias nos autódromos, Personalidade explosiva.

Anderson Silva tendo perdido o cinturão de campeão dos pesos médios do MMA numa luta em que viu derrubado seu estilo desestabilizador dos adversários, onde, inicialmente, brincava , dançando no ringue, foi nocauteado com um soco no queixo por um jovem e desconhecido norte-americano. No último sábado, dia 28 de dezembro de 2013, entrou novamente no ringue, numa revanche que considerava como um desagravo. apanhou muito no primeiro round, tendo sido quase nocauteado com um soco no ouvido. No segundo round, voltou a apanhar e, num de seus melhores golpes, tentou acertar a coxa do seu adversário com um poderosíssimo chute. No golpe de defesa de Chris Weidman, a perna de Anderson Silva se partiu em dois lugares. Caiu, gritando de dor, indefeso e desesperado, o maior campeão de MMA de todos os tempos. Estaria ele preparado, novamente para essa luta? Eu acredito que não. Ele já entrou no octógno com medo e apanhou muito até o momento em que quebrou a perna.

Micael Schumacher, que já havia encerrado sua carreira gloriosa na Fórmula 1, voltou às pistas por conta de propostas milionárias. Na escuderia Ferrari acumulou glórias nunca antes conseguida por outro piloto. sua fama ultrapassa os limites do próprio Aílton Sena pela quantidade de títulos que ganhou ao longo da sua carreira. Na sua vida particular acumulou, também, desafetos pelas suas atitudes muitas vezes arrogantes. Gostava, ao que tudo indica, de esportes radicais, tendo como paixões o esqui e o hipismo. Neste último final de semana ele estava com seu filho de 14 anos esquiando num balneário francês (onde tinha casa de veraneio) e sofreu um acidente onde bateu com a cabeça numa pedra. Sofreu traumatismo craniano, está em coma e seu estado é gravíssimo.

Antes de continuar os comentários sobre Anderson Silva e Micael Schumacher, gostaria de falar sobre as enchentes no Espírito Santo - ES e em Minas Gerais. O ES possui pouco mais de 70 municípios e mais de 50 deles estão tomados pelas enchentes. Relembro o depoimento de um pequeno comerciante que teve tudo perdido e estava vivendo numa igreja com a sua família e sendo ajudado por voluntários. Disse ele: "Nestes momentos da vida e gente vê que todos somos iguais, iguaizinhos... Tem gente aqui comigo que era considerada rica e hoje vive da caridade alheia. Bom. Eu só abri "esse parêntese". para gerar um pouco mais de questionamentos sobre a vida e as tragédias que a assolam.

Anderson Silva, um brasileiro, que hoje vive nos Estados Unidos com a sua família, nasceu humilde e venceu, por seus méritos, na vida.O Brasil ainda é considerado um país do Terceiro Mundo. No entanto, mesmo assim, Anderson Silva chegou ao ápice da fama como campeão de MMA e acumulou dinheiro e poder. Micael Schumacher nasceu na Alemanha, país de primeiro mundo (a maior economia da Europa), numa família de classe média alta, teve todo apoio para vencer e chegou ao topo da fama, da glória e da fortuna. os dois estão hospitalizados, em situações diferentes, mas incapacitados como campeões, impedidos de mostrar ao mundo que são diferentes, mais fortes, poderosos.


Seria um recado do destino as duas tragédias do esporte, ou apenas mera coincidência? Não seriam as duas tragédias uma forma da vida nos mostrar que, tal como as enchentes destroem cidades inteiras, levando vidas humildes e esquecidas, a fatalidade leva embora, também o orgulho, a fama, o poder e as fortunas, pois, como disse o homem humilde no meio da enchente no ES,"somos todos iguais, iguaizinhos nesses momentos da vida?..."

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagens: whiteshirtjeans

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