quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

BRASIL, A HISTÓRIA DE UM POVO SUBJUGADO.

"O Brasil é formado por gente trabalhadora. A sua vergonha está em nunca ter conseguido  deixar de ser uma colônia".



A história do Brasil sempre foi marcada por uma diversidade de atores e contextos. Desde o seu “descobrimento” pelos portugueses no ano de 1500, Terra de Santa Cruz, depois terra brasili por conta da abundância do Pau Brasil (hoje, árvore rara – em Andrelândia – MG tem uma plantada no meio da Avenida Nossa Senhora do Porto, com placa de homenagem), nunca se preocuparam em fazer da nova colônia algo que os ingleses fizeram do outro lado da América (no norte) ao fundarem a Nova Inglaterra (hoje, Estados Unidos da América). Por lá, os ingleses semearam sua vasta cultura, iniciada com os povos bretões (hoje, Gram Bretanha). O mesmo ocorreu noutras porções de terra, onde hoje se encontra o Canadá, colonizado pelos ingleses e franceses. O resto do norte da América (o nome América se deve ao navegador Américo Vespúcio que passou sua vida a serviço dos reinos de Portugal e Espanha, escrevendo sobre a porção terra sob o domínio de ambos os países).

                Portugal e Espanha não diferiram em nada na forma de “explorar” suas colônias, levando tudo que podiam para encher os cofres das cortes (ouro, diamante, esmeralda madeira e uma quantidade sem tamanho de filhos bastardos feitos de estupros com as índias). No Brasil, para sustentar essa exploração (expropriação), a corte portuguesa não dividiu sua porção de terra em estados independentes, tal como o fez a Espanha (gerando os demais  países latino-americanos, tirando o Brasil). Copiou o sistema adotado pela Inglaterra no norte da América.

                Quando se explora por tempo demasiado um povo, como é o caso de toda a América Latina nos seus tempos de colônia, não lhes transferindo cultura e tecnologia, cria-se uma síndrome de dependência e desagregação social difícil de ser transformada. Na sua forma natural, os seres humanos já possuem uma seleção natural entre si. Essa seleção separa os mais bem sucedidos, naturalmente, dos menos sucedidos. Os mais bem sucedidos (ricos e poderosos) tendem a se isolar no seu meio, deixando os demais em guetos (espaços periféricos). Esse apartamento (disjunção) sempre ocorreu nas sociedades de todos os tempos, desde o início das civilizações. Outro fator importante a se considerar nas relações humanas é a capacidade que os grupos têm de se unir (defendendo interesses comuns) para conseguir subjugar outros grupos. Os grandes, médios e pequenos impérios nasceram desse sentimento e dessa necessidade de subjugar, inerente aos seres humanos.

                No reino animal (selvagem, natural, instintivo) subjuga-se pela força bruta; no reino humano, subjuga-se pela capacidade de ascensão social individual e grupal. Basta ver como nasceram e morreram os grandes impérios (Egito, Grécia, Roma, Turquia, França, Inglaterra, Alemanha, Rússia e China). Muitos deles governados por homens que pareciam seres insignificantes nos seus primeiros anos de vida, mas que ascenderam ao poder com uma capacidade extraordinária de liderança (Ver Napoleão Bonaparte e Adolf Hitler)

                Por que o Brasil e quase toda a América Latina não consegue resolver seus graves problemas sociais? Por que, da mesma forma, quase todo o continente africano padece da mesma desgraça da América Latina? A resposta está nas raízes dos seus povos. Como já foi dito, a exploração longa das pessoas alienam suas mentes. Vamos falar do Brasil, que é o mais interessante no momento e que serve como parâmetro para os demais países dominados. Portugal não teve, em nenhum momento da colonização do Brasil, interesse transformar o Brasil numa sua sucursal. Quis o povo da “colônia”, sempre subjugado e explorado. Uma observação: a situação brasileira seria, hoje, muito pior, se D. João VI não tivesse que sair correndo de Portugal, com medo de Napoleão Bonaparte, e se escondendo no Brasil, o que obrigou a Corte Portuguesa a criar estruturas mínimas de governo na colônia (mas, quando voltaram para Portugal, saquearam o Banco do Brasil, quebrando-o). Mesmo quando D. Pedro I assumiu como Príncipe Regente, proclamando a “independência do Brasil”, nada mudou. Portugal tentou, por vários anos, embargar essa independência com ações e interdições, além de enviar tropas para derrubar o novo governo. A independência, foi, então, negociada, a preço de muito “ouro”, com os Estados Unidos que já se despontava como uma nação poderosa e autônoma, depois da Guerra pela sua Independência, que contou com a ajuda da França, arqui-inimiga da Inglaterra à época. Quando D. Pedro I voltou para Portugal, na expectativa de assumir o trono por lá, assumiu um garoto, seu filho, como Príncipe Regente. Nacionalista, o príncipe, envolvido por interesses das oligarquias (grandes produtores de açúcar), numa sociedade extremamente dependente da mão de obra escrava (o escravo no Brasil, como bem observou Gilberto Freire, era parte da cultura, inserido no seio das famílias – algo como parte subjugada e conformada do todo social e do resto social).


                O Príncipe regente tornou-se monarca. No entanto, sempre rodeado pelos interesses de uma corte governativa sem personalidade, tentou ser o melhor possível. Não conseguiu. Assinou as leis que acabaram com a escravidão, debelou as várias revoltas republicanas e, finalmente, foi deposto pelo primeiro golpe militar da história do Brasil, sob a forte influência –  e patrocínio - dos Estados Unidos. Assim, mais uma vez o povo brasileiro, analfabeto, pobre, e sem estruturas urbanas adequadas, se viu subjugado. D. Pedro II e sua família saíram escorraçados do Brasil em um navio de carga rumo à Europa e nunca mais voltaram com vida.

                Desde a partida de D. Pedro II, o Brasil navegou por mares nebulosos, sempre na berlinda de governos ligados por e a interesses estrangeiros. Pouco se investiu em tecnologia e educação do seu povo. Os guetos proliferaram ao longo do tempo, desaguando no que hoje conhecemos por favelas (os ricos e poderosos moram em condomínios fechados e protegidos; andam em carros blindados e sobrevoam as cidades em aviões ou de helicópteros particulares).
               
Então, a razão para toda essa desagregação e caos social existentes no Brasil se deve à sua cultura de dependência, e de suas instituições fracas. Basta ver que no Brasil que morrem mais de 55 mil pessoas assassinadas todos os anos; o trânsito caótico matou algo em torno de 70 mil pessoas somente em 2013, sem contar os mais de 20 mil aleijados; Não existem presídios no Brasil, sendo colocados em seu lugar, campos de concentração que dariam inveja nos alemães durante a Segunda Guerra Mundial; e as demais instituições (justiça, polícias, saúde, educação, etc) estão ultrapassadas se comparadas com as de outros países do primeiro mundo.

                No final de semana do início de janeiro de 2013, em Campinas, Estado de São Paulo, 11 jovens foram mortos por assassinos encapuzados. Aliás, eles foram executados. Policiais estão sendo investigados, suspeitos de serem os autores da chacina, tendo em vista a morte de um cabo da Polícia Militar ao reagir contra uma tentativa de assalto em um posto de Gasolina, também no mesmo final da semana. Não há que se defender bandidos, sejam eles jovens ou adultos. No entanto, a polícia não pode sair por ai atirando a esmo e matando inocentes (talvez). O pior de tudo é que se vê nas redes sociais gente batendo palma para esse tipo de ação (grupos de extermínio, esquadrões da morte). Os assaltos em comércios de bairros (aqueles sem a proteção dos poderosos) proliferam nas grandes cidades. Os assaltantes, tal como já foi dito por aqui, são jovens das periferias, viciados em drogas e, armados com revólveres 32 ou 38, saem assaltando a esmo na ânsia de conseguir dinheiro para manter seus vícios. Não hesitam em matar por que já estão alienados.

                Enquanto as comunidades pobres proliferam, o crime (principalmente o tráfico) cresce à mesma proporção na ausência de políticas sociais sérias dos governos federais, estaduais e municipais.

                O povo continua subjugado ao poder das oligarquias (basta ver o poder da família Sarney no Estado do Maranhão e de vários governos déspotas em outros estados); o povo vive com medo de ser morto por bandidos; o povo tem medo da polícia; e, finalmente, o povo aceita o jugo dos chefes do tráfico e das milícias.

                Existe uma solução para esse caos? Não me iludo, embora, como a maioria dos brasileiros, ame esta terra do fundo do meu coração. Sofro com as derrotas de nossas seleções e atletas individuais; sinto orgulho das nossas vitórias; e me emociono a ver a nossa bandeira sendo hasteada ao som do nosso Hino Nacional. Sei que a sociedade brasileira só se transformará caminhando rumo ao estágio dos países desenvolvidos, se ocorrer algo extraordinário e que mude todas as instituições vigentes, a começar pela mentalidade dos governantes que só pensam no poder como forma de enriquecerem e explorarem ainda mais os mais pobres.


Texto de Pedro Paulo de oliveira.


Imagem: Arquivo o Globo.

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