sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

MORRE UM ESTUDANTE DE CINEMA EM MAIS UMA AÇÃO DESASTRADA DA POLÍCIA DO RIO DE JANEIRO





A premissa corrente de que a polícia do Rio de Janeiro atira primeiro para depois perguntar, mais uma vez se faz verdade. Homens treinados para salvaguardar nossas vidas, armados de fuzis e pistolas ponto 40, demonstram completa incapacidade para a função para a qual estão sendo pagos e que escolheram como metas de vida. Como eu já havia dito anteriormente, a população, de forma geral, quando vê uma ação policial, tipo as famosas blitzes, se borra de medo de ser parada nela. É a síndrome da farda: ela impõe medo,quando deveria impor respeito e tranquilidade.

Os poucos (poucos pelo tamanho da população brasileira)cidadãos abastados deste país, residentes numa parte rica das cidades, ao invés de recorrer às forças policiais para garantirem a sua segurança, recorrem a seguranças particulares armados, muito bem pagos e altamente treinados; esses cidadãos moram em condomínios fechados e protegidos; e quando precisam sair de casa o fazem em carros blindados ou de helicópteros. Do outro lado das cidades, o resto do povo fica à mercê dos bandidos, de policiais corruptos e despreparados. Claro que nesse meio existem bons agentes da lei, aqueles que são capazes de dar suas vidas para proteger outras vidas.

O que não se pode admitir é o que ocorreu no dia 30 de dezembro de 2013 no Rio de Janeiro.: Era madrugada e havia uma blitez feita por policiais militares na Linha Amarela, altura do Bairro Pilares na Zona Norte da "Cidade Maravilhosa". Quatro jovens se aproximaram num Veículo Celta, vindos de uma festa na Barra da Tijuca e depararam com o Bloqueio. O motorista, segundo informações dadas à autoridade policial civil, se apavorou, furou o bloqueio policial, desobedecendo a ordem de parara. A viatura policial, com quatro agentes, saiu na perseguição dos jovens. Até aí, persegui-los seria um fato normal, tal como já estamos cansados de ver em reportagens, perseguições policiais a carros fugitivos. No entanto, os quatro policiais alvejaram o veículo com mais de 50 tiros de fuzil. Um deles atingiu em cheio nas costas, no banco trazeiro do veículo, João Pedro da Cruz, um estudante de cinema da PUC do Rio de Janeiro. Sua morte foi instantânea, tal foi o estrago provocado pelo projétil da poderosa "arma de guerra".

Algumas perguntas e algumas respostas baseadas em estudos de especialistas em segurança: era necessária tamanha ação para conter um carro em fuga num bloqueio policial de rotina? Claro que não, tendo em vista que não havia nenhuma ocorrência que tornasse o carro suspeito de de estar levando bandidos de alta periculosidade e armados. O que deveriam fazer os policiais ao constatarem quie o veículo desobedeceu a ordem de aprada? Deveriam, sim, perseguir o veículo em fuga, pedir reforços pelo rádio e, em último caso, atirar nos pneus com a certeza de de acertar os pneus.

A imagem que a Polícia passa com essas ações ficou demonstrada nas palavras do avô do jovem assassinado: "...Eu acho que estão treinando para matar pessoas."

É preciso, também, esclarecer que a polícia do Rio de Janeiro vive em clima de guerra ou não estaria usando Fuzis e pistolas Ponto 40. Se a policia do Rio, bem como a de São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, outras capitais e grandes cidades, não se armar para uma guerra, perde todas as batalhas. Os policiais, assim como a maioria dos cidadãos, vivem o constante terror de serem atacados por bandidos, também armados com fuzis. mas é preciso esclarer uma coisa: quase 100% dos bandidos que usam fuzis e outras armas de guerra estão restritos às favelas, onde guardam os territórios dos grandes traficantes de drogas. Na sua maioria são jovens que municiam essas armas poderosas de forma amadora e perdem a batalha para os militares altamente treinados. Outra coisa: traficantes não assaltam carros nos faróis, residências, trabalhadores indo para suas casas e velhinhos nas saídas de bancos. O negócio dos traficantes é vender drogas, comandar territórios e, quando assaltam, explodem caixas eletrônicos. Os bandidos que roubam e assaltam a mão armada nos bairros residenciais, nos faróis, em pequenos comércios e nas saidas de bancos, são na sua maioria, jovens viciados sobre motos roubadas e munidos de revólveres calibres 22 e 32, armas de baixo custo no mercado negro.

Na guerra contra o tráfico justica-se o uso de armas pesadas. Mas, segundo especialistas em segurança, numa barreira policial, nada pode justificar a envergadura da ação imprimida contra os jovens no Rio de Janeiro; os fuzis até poderiam estar no veículo. Mas só deveriam ser usados em caso de um confronto com armas do mesmo nível.

Mais uma vez o sonho foi assassinado. Foi uma fatalidade, diriam alguns.... Ah, fatalidade que mora na minha terra e leva tantas vidas embora no meio da caminhada. A fatalidade não pode ser confundida com a incapacidade de transformar esse país numa terra onde transitar livre pelas ruas deveria ser um direito e algo normal; a fatalidade não pode ser confundida com a incapacidade que "alguns" agentes da lei possuem para discernir entre o momento de ação e reação e o tamanho que cada uma deve ter.

Dizem que "a vida é um dom precioso". Já ouvi isso centenas de vezes. Eu discordo. A vida é o que é: apenas vida e não precisa ser mais nada. Como seres humanos conseguimos pensar e entender a plenitude do nascimento, existência e morte... E aprendemos a matar. Matamos por tantas razões fúteis. No entanto, aprendemos, também, a preservar a nos contra as muitas mazelas humanas que nos levam a lutar até a morte. Foram essas folrmas de preservação da vida que nos mantiveram como senhores da terra. Então, merecemos viver, se somos parte boa do todo. Se não somos, somos retirados, encarcerados e, até executados.

Então, vamos comemorar a vida, preservar a vida, respeitar a vida. Vamos lutar para os que sonhos possam ter as suas asas e voar. Chega de policiais mantando inocentes; chega de bandidos soltos por uma lei fraca e aterrorizando a população; e chega de políticos corruptos e inaptos para ordenar uma mudança de paradigma neste nosso Brasil!

Que a morte do jovem João Pedro não seja em vão, não fique impune e sirva para que as pessoas entendam que a vida não é um dom, A VIDA É UM DIREITO.

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagem: Globo Rio




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