quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

SÍRIA, FAIXA DE GAZA, LÍBANO ÁFRICA DO SUL E BRASIL - A SÍNDROME DO COLONIALISMO.

Síria, um país outrora rico, orgulhoso e que ajudou a construir a civilização contemporânea. Ao longo dos tempos, por motivos diversos, a história dessa nação passou por transformações onde seus governantes e seu povo acumularam riquezas e construíram um patrimônio cultural invejável. Países europeus sempre disputaram espaço dentro da Síria. A frança foi quem mais conseguiu se impor, apoiando governos e mantendo uma hegemonia sobre as riquezas produzidas por lá. No entanto, a partir de meados do  Século XX, a Rússia passou a disputar essa hegemonia, influenciando os governos déspotas que passaram a ocupar o poder a partir da dependência mundial do petróleo e, de alguns países, do gás natural. A Síria é um grande produtor dos dois produtos.

Bashar al assad é o atual presidente da Síria. Entrou no poder apoiado pela França, pelos Estados Unidos e pela maioria dos países da Europa. Desde que assumiu o poder Bashar al assad se mostrou egocêntrico e disposto a não deixar a presidência. Até pouco mais de dois anos atrás, ele governou sem problemas, com mão de ferro e conivência das grandes potências mundiais, incluindo a Rússia, grande importadora e dependente do gás natural e do petróleo do seu subsolo. No entanto, uma onda de insatisfação varreu parte do Oriente Médio e parte da Africa, derrubando os governos do Egito e da Líbia. A oposição da Síria, incentivada e apoiada, principalmente, pela França e Estados Unidos, decidiu que era a hora de derrubar Bashar al assad. Conclamou o povo e foi para as ruas. As forças do governo, contudo, massacraram, impiedosamente, os movimentos populares, gerando uma guerra civil injusta. Bashar al assad não se intimidou e, para permanecer no poder, colocou a forças armadas do seu país para lutar contra o povo que, mal armado, mesmo assim conseguiu várias vitórias no início, tomando importantes cidades.

Mas, na questão da Síria, diferentemente da Líbia e do Egito, havia um fator favorável ao ditador; o apoio explícito da Rússia. Para derrubar Sadan no Iraque, Kadafi na Líbia e Murssi no Egito, Estados Unidos e Europa não hesitaram e em alguns casos desobedeceram até as resoluções da ONU. Mas, na Síria a questão é outra: O poder bélico e econômico da Rússia. Mas a Russia não está em situação econômica delicada? Essa é uma questão interna deles. Se perderem a Síria, bem como outros países que eles ainda dominam, podem ficar em situação pior.

O que está acontecendo na Síria é uma desumanidade. O mundo ficou estarrecido com as mais de 100 crianças mortas por gás venenosos disparado pelas forças de bashar al assad contra a população civil. Já ão mais de 5.000 cristãos mortos pela intolerância que assola a população no desespero da gerra civil. A oposição ao governo, na sua maioria, muçulmana, acredita que os cristãos apoiam o governo déspota de bashar al assad. O número de refugiados é incalculável e já tem fontes afirmando que passa de 1,5 milhão. A quantidade de mortos nos conflitos está se aproximando dos 150 mil, sendo que quase 10 mil são crianças e as outras mais da metade são civis inocentes.

Faixa de Gaza - Palestina - Oriente Médio. A Faixa de Gaza uma nesga de terra ruim localizada na parte oriental do Mar Mediterrâneo, com 41 quilômetros de comprimento. Sua população é toda formada pelo povo palestino, na sua maioria refugiados da Guerra entre árabes e israelenses no ano de 1948. a pobreza que crassa por lá é crônica e toda a infraestrutura havia foi destruída pelos bombardeios israelenses de 2008 e 2009. Até o ano de 2005, Israel paticamente ocupou a Faixa de Gaza com as suas forças militares. A partir desse ano As forças israelenses deixaram Gaza, mas mantiveram o controle sobre suas fronteiras, espaço aéreo e marítimo.

Líbano. Ah, o Líbano! Antiga Suíça do Oriente; berço da civilização; mãe da escrita; e uma das mais sólidas economias da região até meados do século XX. Hoje o Líbano é uma nação empobrecida e humilhada pelo poder de Israel e que o massacrou em várias guerras, sendo a última em julho de 2006 e que aniquilou o resto da sua economia.

Por que Israel faz o que quer nas suas fronteiras e submete vários povos à humilhação? Talvez a resposta esteja na história do seu povo que, ao longo dos tempos, foi perseguido, humilhado e quase exterminado. O auge da perseguição contra o povo judeu se deu, como todo o mundo sabe, na Segunda Guerra Mundial. Milhões de judeus foram mortos pela loucura de Adolf Hitler. A região onde o Estado de israel foi implantado por resolução das Organizações das Nações Unidas, logo após o término do conflito mundial, sempre foi disputada pelos muçulmanos, judeus e cristãos. Jerusalém ao longo dos séculos já esteve sob a tutela do povo  Babilônico,  Romanos, muçulmano, egípcio, cristão (através das Cruzadas), Turcos Otomanos e ingleses até 1948. Em 1967 ela foi tomada pelo estado de Israel que a unificou como sua capital.

O Estado de Israel podia ter sido criado em outra região qualquer do planeta. No entanto era lá que os judeus queriam a sua nação, onde tudo começou e, saindo das cinzas de um massacre nunca visto pela humanidade, com o apoio dos Estados Unidos e das grandes nações da Europa, tornaram-se uma das maiores potências econômicas e bélicas do mundo. ao longo do futuro, os muçulmanos, por mais que que tentem, lutem e ataquem Israel através de Hamas e do Hizbolah, não conseguirão êxito em ferir frontalmente a nação judia que tem e sempre terá o apoio dos Estados Unidos e das grandes potências europeias.


África do Sul... antiga colônia inglesa, palco do Apartheid, a maior e mais cruel segregação racial que a humanidade já teve notícia e terra de Nelson Mandela, o homem que lutou contra a segregação racial, ficou preso por mais de 28 anos e se tornou presidente da república.

A África do Sul é maior economia do Continente Africano. Como colônia inglesa enviou muita riqueza para a Europa, através dos seus diamantes e outros minerais preciosos, além de carne e outros produtos naturais. Durante os anos de colonialismo a Inglaterra manteve a população nativa negra segregada e em regime de escravidão. Quando a África do Sul foi entregue ao seu povo e Nelson Mandela assumiu a presidência da república, a desigualdade social era extrema. Os bolsões de pobreza e violência tomavam conta das grandes cidades e dos campos. Ao deixar a presidência e, depois, ao morrer, Nelson Mandela viu o seu país livre do Apartheid e ainda mais pobre, mais violento e sem perspectiva de melhora. O índice de criminalidade na África do Sul é altíssimo. os assassinatos são por motivos banais (pequenos roubos, estupros, brigas, tráfico, etc.). A população de baixa renda vive em bolsões de pobreza onde não existe saneamento básico e os trabalhadores recebem salários baixos. O sistema de saude público e altamente ineficiente e os doentes morrem, na maioria das vezes por falta de atendimento e recursos. A educação engatinha em índices abaixo do aceitável por qualquer nação em desenvolvimento.

Haverá esperança de melhora para a África do Sul?  Não. Não há como mudar uma cultura a curto ou médio prazo. No caso da África do Sul é a cultura do colonialismo enraizada nos seus governantes e no povo. Os governantes aceitam a dependência das grandes potências, mascarando que governam uma nação democrática. O povo, moldado sob a tutela do estado que lhes dá migalhas para sobreviver precariamente, se conforma em ter onde morar e o que comer parcamente


Brasil... antiga colônia de Portugal e, depois, a partir da proclamação da República ( primeiro golpe militar), colônia dos Estados Unidos. O Brasil é uma das maiores economias da América Latina, ao lado do Chile e do México. -  Aliás, eu podeira falar,aqui, do México, também. Mas, não. Vamos deixar o México para outra oportunidade. Esse país é caso para uma outra matéria, pela sua interessante história no contexto latino-americano. - O Brasil, no entanto, se situa diante do mundo como um país multirracial. No entanto, tal como a África do Sul, patina na sua condição de país submetido por tempo demais ao colonialismo. Basta ver que as favelas se espalham como formigueiros nos morros e beiras de rios das cidades grandes. As favelas brasileiras são símbolos de uma cultura popular que luta para sair de uma condição subjugada e sobreviver num país com uma das maiores desigualdades sociais do planeta. Os governantes, ao longo dos anos, esqueceu-se ou fez de conta que as favelas não existiam. O crime, então, se organizou, subiu o morro e plantou seus quartéis generais nessas comunidades.

Como país subjugado, os governantes do Brasil, atendendo interesses estrangeiros, não se preocuparam criar um sistema de educação eficiente e formaram uma população, na sua maioria sem cultura e sem capacitação. O Brasil não tem um sistema de transporte eficiente; o sistema de saude é falho, onde os hospitais, sem estrutura e superlotados, não conseguem conter o fluxo de doenças. No entanto, o mais grave problema do Brasil está na criminalidade e nas leis ineficientes. Matar por motivos banais, no Brasil, é normal. Os programas, como Cidade Alerta e Brasil Urgente, que mostram as notícias sobre crimes em tempo quase real, são campeões de audiência.

O problema do Brasil é o mesmo da África do Sul: O país não consegue deixar a sua condição de colônia. Haverá uma solução ao longo do tempo? Não. E a prova está nas Unidades de Polícia Pacificadora - UPPs plantadas nas favelas. Não tiraram os criminosos do morro e muito menos diminuíram o tráfico de drogas. A razão é que, por conta da "síndrome do colonialismo", grassa no país a perversa cultura da corrupção que começa nos palácios, atravessa os parlamentos, entra nas cortes de justiça e vai parar nas esferas policiais.

Enquanto perdurar nessas e outras nações a "síndrome do colonialismo", não haverá mudanças de paradigmas para os seus povos.  A maioria da população desses países  será sempre subjugada a condições inferiores. Raras exceções se despontarão. Mas, para sobreviverem, terão que se adaptar ao meio.


     
Texto de Pedro Paulo de Oliveira.

Imagens: Arquivo o Estadão.









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