sábado, 12 de julho de 2014

A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE ANDRELÂNDIA - A CORAGEM DE RESGATAR E PRESERVAR A HISTÓRIA


Andrelândia, no Estado de Minas Gerais, que já foi Vila Bela do Turvo, cidade do Turvo e, apenas, Turvo, entregou novamente para o seu povo parte da sua vida, da sua história e das suas paixões. Tudo começou em finais do Séc. XIX com o sonho de um homem que amou em demasia o Turvo: o Visconde de Arantes. Foi, ainda, durante o império, já nos seus dias derradeiros, que D. Pedro II sonhou um Brasil todo cortado por ferrovias. Visconde de Arantes, seu amigo pessoal, pediu-lhe que os trilhos cortassem o Turvo. Mas, D. Pedro II foi deposto antes de atender seu amigo pelo primeiro golpe militar do Brasil travestido de república e apoiado pelos americanos lá do norte.

A expansão das ferrovias, no entanto, mesmo a despeito do militarismo presente no Brasil no final do Século XIX e início do Séc. XX, continuou sua expansão através dos governos das províncias. O governo da província de Minas Gerais, contudo, não tinha planos de cortar o Turvo com a Estrada de Ferro Oeste de Minas. Foi, então, que o Visconde resolveu intervir e pediu ao Presidente da Província de Minas Gerais, Afonso Pena, ainda no final do Séc. XIX, que mudasse o trajeto da estrada de ferro, de forma que ela passasse dentro da cidade do Turvo. Por volta de 1906 o Visconde soube que o seu sonho havia se concretizado. 

A cidade do Turvo ouviu, pela primeira vez, somente em 1914, o apito da Maria Fumaça, ausente o Visconde de Arantes que havia morrido em 1908. A estação - que, agora, é novamente entregue à população - recebia, naquele ano, a primeira composição puxada por uma locomotiva a vapor. O sonho do Visconde estava realizado.


Até 1996 a estação ferroviária de Andrelândia, assim como todas as estações das cidades partindo de Ribeirão Vermelho e terminando em Barra Mansa, simbolizaram e representaram um marco na vida dos seus povos. Através das estações partiram riquezas, saíram e chegaram divisas. Filhos e pais deixaram suas terras em busca de estudo e trabalho. Muitos filhos voltaram e desceram na mesma estação; outros ficaram para onde partiram. Com a privatização das ferrovias no Brasil, a maioria das linhas de passageiros intermunicipais foi desativada, com a concordância do governo Fernando Henrique Cardoso. 


ÁREA DE CONVIVÊNCIA DA PRAÇA DA ESTAÇÃO, TODA GRAMADA, ILUMINADA E ARBORIZADA COM  COQUEIROS. NESTE, ESPAÇO, SERVIDO, INCLUSIVE, COM BANHEIROS, AS PESSOAS PODERÃO SE ENCONTRAR PARA BATE-PAPOS, ACESSAR INTERNET E TRAZER SUAS FAMÍLIAS PARA LAZER.  
Como se pode depreender das imagens, a restauração da Estação Ferroviária foi longa. No entanto, é uma obra digna do tamanho da história e da importância da ferrovia para Andrelândia e região. Segundo nos informou o "Sr. Bruno, o filho do Prefeito Samuel", o prédio da Estação Ferroviária abrigará a Secretaria de Cultura, a Biblioteca Municipal, o Museu do Município, a Rádio Comunitária e internet gratuita para toda população. No entorno da Estação, a praça se estende em dua divisões, com mais de 2.000 m², formada por alamedas, bancos, gramados e arborizadas com coqueiros típicos e nativos da nossa região. 

No interior do prédio da Estação, logo que se desce da Praça dos Expedicionários, passando pela passarela de pedras talhadas no final do Século XIX, ainda se pode admirar, no primeiro pavimento, o cofre, a balança e o quadro de avisos que eram usados quando a estação funcionava até o ano de 1996. Passando para os demais cômodos, deparamo-nos com o guichê todo restaurado onde se comprava as passagens para o "trem misto" e para o "expresso azul". Seguindo, encontramo-nos no interior da casa onde mora o Chefe da Estação".



MOMENTO DA ENTREGA OFICIAL DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA À POPULAÇÃO E QUEIMA DE FOGOS.






Estiveram prestigiando a festa o Deputado Estadual Rômulo Viegas, o Promotor de Justiça andrelandense e Curador do Patrimônio Histórico de Minas Gerais, Dr. Marcos Paulo de Souza Miranda, O prefeito de Arantina Cacá. Foram homenageados os Ferroviários Pedro Moreira, Vicente Aredes e Nilo Sérgio Barquete (mais conhecido como Baniano). Foi, também homenageado o maestro da Banda São Pio X Wilsom Pereira.

Por Pedro Paulo de Oliveira.

Imagens: fotos do arquivo histórico de Andrelândia;
fotos capturadas por Pedro Paulo durante o evento 

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