quinta-feira, 11 de julho de 2013

A ESPIONAGEM ESTADOS UNIDOS COM SUSPEITA DE AVAL DO GOVERNO BRASILEIRO



Qualquer cidadão, com um mínimo de conhecimento sobre política global, sabe que os Estados Unidos não respeitam a soberania de nenhuma nação do planeta. Para defender seus interesses políticos e econômicos eles não só espionam outros povos, como promovem invasões armadas, matando, muitas vezes civis inocentes. Essa é uma questão crucial e verdadeira.

O que o jovem técnico norte-americano, Edward Snowden, denunciou, recentemente, sobre a espionagem que o seu país promove em todo o mundo através de grampos telefônicos, acesso às redes sociais e e-mails nunca foi novidade para as autoridades brasileiras. Edward Snowden acusou, inclusive, o Serviço Federal de Informações da Alemanha de estar envolvido e conivente com as espionagens dos Estados Unidos. O que esse técnico mostrou ao mundo já havia sido constatado no Brasil em 1995, no Governo Fernando Henrique Cardoso, durante as negociações para instalação do SISTEMA DE VIGILÂNCIA DA AMAZÔNIA – SIVAM.



O projeto de vigilância da Amazônia vinha se arrastando desde o Governo Sarney e, no Governo Itamar Franco, ficou decidido que não haveria licitação para instalação dos equipamentos, tendo em vista a questão de segurança nacional e o sigilo de dados. Contudo, não deu tempo de concretizar o projeto em seu curto governo.

Já no governo Fernando Henrique, as coisas ganharam um novo rumo e ele optou para fazer licitação. A disputa se concentrou entre dois grupos, o americano Raytheon e o grupo francês Thomson. Os americanos fizeram um pesado lobby e espionagem sobre os dados do programa em mãos das autoridades da Aeronáutica. A CIA instalou grampos telefônicos a torto e a direito para captar as conversas entre os técnicos e autoridades brasileiras envolvidas com o SIVAM. O Eximbank ,dos Estados Unidos, tentou, descaradamente, emprestar dinheiro ao Governo Brasileiro e as conversações e decisões entre os seus diretores e as autoridades brasileiras nunca foram devidamente esclarecidas. A licitação praticamente não houve partiu para tomada de preços. O Senado foi convocado para uma reunião extraordinária, onde o Regimento Interno foi atropelado e aprovou que o governo Brasileiro contraísse 1,4 bilhão de dólares de empréstimo para implantação do SIVAM. O Senador Gilberto Miranda, acusado de envolvimento em vários esquemas de corrupção, foi o relator do projeto Finalmente, em 1995, a Raytheon norte americana venceu a empresa francesa, também na disputa. O Valor acertado com a referida empresa foi de US$ 1,4 bilhão, considerado o maior investimento individual na área de defesa feito pelo Brasil até hoje.



Como já foi dito, o contrato com empresa norte-americana Raytheon foi fechado no início de 1995. Pois em maio de 1995, Fernando Henrique Cardoso ligou para Bill Clinton oficializando o negócio bilionário entre os dois países. Em novembro deste mesmo ano, a imprensa publicou parte dessa conversa e outras telefônicas com fortes indícios de tráfico de influência e esquema de propinas para favorecer a empresa dos Estados Unidos. Estranhamente a ESCA - Engenharia de Sistemas de Controle e Automação S/A, de São Paulo, se associou à Raytheon.

Os escândalos de tráficos de influência, captação de propinas e desvio de recursos públicos pipocaram em seguida, sendo citados vários membros da aeronáutica, a empresa ESCA, a Raytheon, Senadores, deputados e membros do Governo. Todas as tentativas de esclarecimento e investigação foram barradas.

Ora, está obvio que o governo brasileiro, ao ceder á pressão dos Estados Unidos, sabendo que havia sido feita espionagem por eles durante todo o processo de elaboração e negociação do SIVAM, também aceitou que estava sendo vigiado constantemente. O Governo Fernando Henrique Cardoso foi conivente com a espionagem norte-americana. Isso ficou muito claro em 2002 quando o projeto SIVAM foi inaugurado. Portanto, o Governo da Presidente Dilma, o Senado e os procuradores federais precisam, sem demora, investigar até que ponto o SIVAM está sendo vigiado, também, pelos Estados Unidos, tendo em vista a sua extensão sobre uma imensa área do território Brasileiro.

Só para ilustrar melhor a gravidade da situação desde aquele tempo, basta lembrar que a revista Época publicou matéria informando que a CIA e a NSA, agência de segurança dos EUA, grampearam as comunicações do Palácio do Planalto, além do grupo francês Thompson, no Rio de Janeiro e em Paris, durante a disputa pela compra do conjunto de radares do Sivam. O Diretor da CIA, em depoimento no Congresso dos EUA, disse textualmente: "Fornecemos informação econômica útil ao governo dos EUA. Mostramos tentativas de empresas estrangeiras de impedirem uma competição de alto nível." Foi uma vergonha para o povo brasileiro que, infelizmente, não estava tão atento para os fatos e foi enganado pelo Congresso e pelo governo.

Outro diretor da CIA, James Woolsev, em depoimento no Senado americano, em 1994, disse: "Informamos à Casa Branca sobre tentativas de suborno no caso SIVAM. Já beneficiamos várias empresas dos EUA em bilhões de dólares. Muitas nem sabem que tiveram nossa assistência."

Atenção para esses dados: foi montada uma CPI, em 1995, para investigar os escândalos de propinagem e tráfico de influência no bilionário projeto SIVAM. O principal acusado de suspeita de tráfico de influência, o embaixador Júlio César Gomes dos Santos, na época chefe do Cerimonial do Palácio do Planalto, foi nomeado representante do Brasil no Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) em 1997, ganhando um salário de R$ 15 mil. Agora, o Congresso fala novamente em montar “grupo de trabalho” ou CPI para investigar as denúncias de espionagens pelos Estados Unidos. O mesmo congresso que enterrou a CPI dos escândalos do SIVAM.

Finalmente, sobre o SIVAN, vale lembrar que em 1997 a Revista Veja denunciou o programa como inoperante e já com gastos em torno de 1,7 bilhão de dólares. Então, para que serviu esse programa? Resposta: para enriquecer Júlio César Gomes dos Santos e mais centenas de outros pelo Brasil, além de colocar numa empresa dos Estados Unidos mais de 1,5 bilhão de dólares e deixar que nossos cidadãos fossem vigiados por sistemas espiões.

O que se tem é que os estados Unidos já foram longe demais com a sua vigilância sobre o mundo em detrimento do “11 de setembro” e em defesa das suas “empresas”, como disse o diretor da CIA no senado americano. A espionagem sobre uma nação é invasão ilegal do seu território, quebra da sua soberania e crime grave contra a privacidade dos cidadãos.

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