sábado, 13 de julho de 2013

FESTIVAL DE FÉRIAS.- O AMOR ÀS LETRAS E A RENÚNCIA DO POVO – ESCRITORES ANDRELANDENSES



O Festival de Férias de Andrelândia começa oficialmente no dia 14 julho, “tentando” resgatar a forma como ele era feito por Paulo Vitor da Cunha Alexandre e Jacqueline Junqueira. Pessoalmente, acho essa uma tarefa impossível, pois não estarão presentes os espíritos e a coragem de Paulo Vitor e Jacqueline em cada uma das atividades.

Não há o que criticar na vontade de se fazer, novamente, em Andrelândia, um Festival Cultural e esportivo. No entanto, os dois idealizadores do Festival de Férias deveriam ser homenageados com os seus nomes inseridos no cartaz, até como forma de se provar que a frase “Os bons tempos estão de volta” tem sentido, valor de conotação e busca resgatar, minimamente, as raízes de um verdadeiro festival cultural.

Lembremos, por exemplo, um pouco das atividades dos “bons tempos”: varal de poesias com oficinas onde os autores declamavam seus poemas; gincanas culturais valorizando a história de Andrelândia e os seus personagens, e arrecadando toneladas de alimentos para a população carente; apresentação de orquestras renomadas; grupos de danças; peças teatrais; shows de artistas consagrados (Jessé, 14 Bis, Sérgio Reis, etc...); e barracas de comidas verdadeiramente típicas valorizando nossos antepassados e imigrantes.

O perigo maior de se tentar resgatar uma festa, tal como era conduzida e com competência pela dupla de jovens Paulo Vitor e Jacqueline, é não conseguir passar ao povo de Andrelândia e aos visitantes o verdadeiro espírito de um festival cultural. Espero, sinceramente, que os seus idealizadores consigam sucesso pelo respeito que tenho pelos criadores do festival e eles sabem disso, pois sempre participei ativamente de quase todas as atividades com eles, fossem elas literárias ou cênicas.

Integrando as atividades culturais do Festival de Férias, no dia 16 de julho, às 8 horas da noite, na Praça da Matriz, o poeta Júlio César Meirelles de Andrade fará o lançamento do seu mais novo livro de poesias intitulado “As Sombras do Casario”. Pessoalmente gosto do estilo de compor poemas de Júlio César. Nas estrofes das suas poesias que pude ler, ele resgata o passado, reminiscências da sua infância no sobrado que foi do seu avô Dr. Edson Meirelles e hoje pertencente à Fundação Guairá. Acho-o profundo na medida em que expõe, sem medo, a sua alma. Não li, ainda, seu novo livro, mas acredito que ele trará boas surpresas aos leitores. Como disse Assírius: “Não seria o poeta um ilusionista do pensamento? Diz falar de sonhos, mas na verdade fala de seus segredos!?


No dia 17 de julho, às 7 horas da noite, também na Praça da Matriz, o escritor e professor Paulo César de Almeida fará o lançamento do seu livro “Contos Escolhidos”. Conheço bem o estilo e Paulo César, já li todos os seus livros, desde o primeiro feito em forma de crônicas e artigos. Sempre o vi como um literato, poeta da alma, corajoso ao expor suas dores, frustrações, desejos e alegrias (poucas alegrias expressas nas suas estrofes). Seu penúltimo livro “Palavras de Fogo” assustou-me. Ele é um desabafo contundente de alguém que vê o mundo, algumas pessoas e a vida com desilusão. No entanto, essa é a forma que diferencia o escritor do apenas leitor: a coragem de expor a sua alma para o mundo. Agora, ele se enveredou pelo mundo dos contos. Será uma experiência nova para ele e mais um ato, talvez, de coragem. Vale a pena conferir.

No título desta matéria coloquei o amor às letras e a renúncia do povo. O que eu quis dizer com isso? É, na verdade, um lamento com relação ao interesse grande maioria das pessoas pela cultura e pelas artes em nossa cidade e região. Estive observando quantos compartilhamentos e quantas curtidas tiveram as chamadas para o lançamento dos livros no Facebook. Quase nenhuma. O que mostra que o nosso povo está quase que completamente alheio a esse tipo de atividade, preferindo lotar as arenas para assistir shows promovidos pela mídia e de qualidade duvidosas. Contudo, esses shows ou mesmo os folhetins (novelas)estão na moda, promovem um linguajar esdrúxulo e não contribuem em nada para o desenvolvimento do povo. Desta forma, escritores como Júlio César Meirelles e Paulo César de Almeida são abnegados amantes das letras, tal como o foi nosso primeiro cronista Dr. Ernesto Braga com a sua obra “Descrições do Município do Turvo”, a qual tive acesso, pessoalmente, para pesquisa histórica na Biblioteca nacional, no Rio de Janeiro.

Fica a dica: Vamos ver os lançamentos dos livros dos dois escritores andrelandenses, prestigiar a bravura de cada um deles, até porque, como eu já disse: “escrever é um ato de coragem, a capacidade de transformar a palavra em obra que se toca e se vê, tal como o escultor que vai pacientemente moldando a sua arte no seu desejo infinito de imortalidade.”

Texto de Pedro Paulo de Oliveira.
Direitos Autorais
Imagens de Júlio César Meirelles e Paulo César de Almeida.

Um comentário:

  1. Pedro Paulo, parabéns pelo belo texto.
    Obrigado pelas palavras de elogio à minha escrita.
    Grande abraço,

    Júlio César

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