sexta-feira, 5 de julho de 2013

TEM GENTE QUERENDO TRANSFORMAR O BRASIL NUM EGITO.


O povo é soberano. Eis uma premissa interessante para ser analisada e disso ninguém tem dúvidas. Toda vez que as massas saíram às ruas alguma coisa mudou nas sociedades que elas representavam. Exemplo recente está na Tunísia e no Egito, movimento batizado de Primavera Árabe. No Egito os movimentos de rua derrubaram dois governos. O primeiro, de Mubarak, era um regime ditador e o segundo, agora, de Mussi, eleito democraticamente. Nos dois casos, o povo, insatisfeito, saiu às ruas, protestou e acabou incitando as forças armadas a dar um “golpe de estado”. No Brasil já aconteceu algo muito parecido em março de 1964, com o povo nas ruas protestando e as forças armadas tomando o poder e implantando uma ditadura de mais de 20 anos. O engodo imposto ao povo está muito bem exposto nas manchetes do Jornal o Globo que apoiou o Golpe Militar no Brasil.


Seria interessante, ainda, lembrar a Revolução Constitucionalista de 1932, que faz aniversário no próximo dia 9 de julho, um movimento de protesto que, tal como agora, começou em São Paulo contra a política de Café com Leite e, depois descambou para outras reivindicações, tal como a constituinte e transformou-se numa sangrenta revolução onde mais de 35.000 paulistas lutaram contra o Exército Brasileiro defendendo os interesses do Ditador Getúlio Vargas. Morreram mais de 1000 revolucionários e, em outubro de 1932 a revolução foi abafada com a rendição dos paulistas. No entanto, ficou a lição, mais uma vez da força do povo.

Foi assim na Revolução Francesa, na Revolução bolchevista na Rússia e outras revoluções, sempre com o povo na frente dos protestos e nas frentes de batalha. Mas uma pergunta precisa ser feita: a quem interessa verdadeiramente toda essa onda de protestos que se espalha pelo mundo? Eu entendo que interessa sempre à oligarquia, seja ela explícita ou não e com configurações específicas a cada época. Na Revolução Francesa o povo foi às ruas, invadiu o Parlamento, aplaudiu a decapitação da família real e aplaudiu, depois, a decapitação de quase todos os mentores da revolução. No final das contas saiu a oligarquia da família real e entrou a oligarquia dos grandes banqueiros, industriais e comerciantes emergentes. Na Rússia, da mesma forma, o povo foi às ruas,lutou contra o exército tzarista e venceu. Saiu a família do Tzar que foi toda executada a mando de Lenin e entrou uma oligarquia que prometia que o povo seria dono do poder. Mentiu e foi implantada uma ditadura de mais de 80 anos na Rússia, que invadiu os países vizinhos e formou a União Soviética. O povo, mais uma vez ficou de fora e viveu num inferno por longas décadas.

No Brasil, tal como em outros países da América Latina, foram implantadas ditaduras na nas décadas de 60 e 70 do século passado baseadas em protestos populares. Essas ditaduras cassaram os direitos civis, aumentaram a pobreza e a corrupção e endividaram os países, tornando-os dependentes dos países do primeiro mundo, em especial os Estados Unidos.

Por trás dos protestos no Brasil, hoje, parecendo muito naturais, sem uma cara específica e reivindicando direitos diversos, estão aqueles homens e mulheres que mostrarão suas caras na eleição do ano que vem. Eles, nos bastidores, incentivam e até financiam as passeatas. Da mesma forma, no meio desses movimentos, se infiltram os baderneiros e bandidos de todas as espécies. Essa gente desclassificada dá uma cara de anarquia aos protestos, de forma a mostrar ao povo, nas suas casas, que o país está sem governo.

Cabe, então, a cada um de nós analisarmos com critério, quem são os homens e mulheres infiltrados nos movimentos legitimamente populares e, quando eles aparecerem com as suas caras se arvorando como salvadores da pátria, mostrar-lhes que o Brasil está acima dos interesses deles e que a verdadeira luta por uma nação mais justa e forte continuará independente do que ocorre em outras nações.

Precisamos, finalmente, ter muito cuidado e ver serenamente o que ocorre no Egito, onde interesses poderosos entram em choque: de um lado a Irmandade muçulmana que apoiava Mussi e do outro, as forças armadas apoiadas pelos países da Europa e pelos Estados Unidos. Estamos sendo partícipes e expectadores de uma mudança radical nas estruturas da sociedade mundial. O que era poderoso ontem, não o é hoje. Vejam o exemplo de Eike Batista, um dos homens mais ricos do mundo, por pouco não se viu completamente quebrado. Foi salvo com a fusão das suas empresas com um grupo alemão.

A sociedade está mais dinâmica apenas por conta da rapidez das informações. Mas a forma de mudar as estruturas continua a mesma, com o povo indo às ruas protestar e exigir que os governantes cumpram com as suas obrigações. A única coisa que não pode acontecer é o povo, novamente, ser enganado por uma oligarquia com cara de cordeiro e espírito de lobo.


Texto de autoria de
Pedro Paulo de Oliveira - Escritor e Acadêmico de Direito - IPTAN

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