sábado, 26 de outubro de 2013

BRASIL, UMA NAÇÃO SEM LEI – UMA JUVENTUDE PERDIDA




O normal seria indignar-nos diante da guerra, dos assassinatos, da falta de segurança para andarmos livres pelas ruas. Normal, com certeza, é poder sair de casa numa segunda-feira para trabalhar e transitar pelas ruas, seja em nossos veículos, a pé ou através de transporte público, de forma livre, segura e permanente. Mas não é o que tem ocorrido no Brasil. O cidadão comum, trabalhador de classe baixa ou média, morador das capitais ou qualquer cidade grande, ao sair de casa pela manhã para trabalhar ou usufruir do seu lazer, não sabe se voltará no final do dia. Essa é a nossa dura realidade. A explicação está em que uma pequena parcela dos nossos jovens está contaminada pelo delírio das drogas e, diante da inoperância das nossas autoridades, sejam governamentais, judiciais ou policiais, arma-se de revólveres, roubam motos e saem praticando assaltos, desesperados por dinheiro para comprar drogas dos traficantes e “curtir” nos bares e bailes das periferias.

Nas periferias, sejam favelas ou bairros mais afastados existem grupos que comandam temporariamente o crime. São os donos das bocas de fumo, organizadores de bailes funk, milicianos, donos de desmanches e cafetões. Como o que move o mundo é o dinheiro e o poder que ele carrega consigo, nesses rincões não é diferente. Sem dinheiro, não se é nada. Assim, muitos jovens, seduzidos pelo brilho das drogas e dos bailes funk, conseguem armas calibre 32 e 38, em desuso pelos chefes das organizações criminosas, e saem desesperados para os centros das cidades praticando assaltos indiscriminados. Como estão dispostos a tudo para conseguir dinheiro, entram nos comércios de forma violenta, fazem arrastões nos trânsitos, invadem casas e matam quando se sentem ameaçados ou feridos no seu orgulho.

Um dos sentimentos experimentados por esses jovens, segundo ouvi de um deles que esteve preso por 5 anos, é o de que, com a arma em punho, eles se sentem poderosos. No instante que eles escolhem suas vítimas, eles a olham com desprezo e sente nojo dela pelo fato dela estar acima deles socialmente. Assim, durante muitas abordagens, esses jovens matam apenas pelo prazer. “Naquele instante em que estou roubando, com a arma na mão, sou o dono da vida e mato por que estou com raiva da minha vida!” Afirmou esse jovem ao término da nossa conversa.



Na maioria, esses jovens assaltantes, vêm de famílias de pais trabalhadores, moradores das periferias e que se envolveram com drogas. Suas idades vareiam entre 13 e 25 anos. Uma parte deles assalta para se vestir com roupas de grife, consumir drogas, manter o vício da namorada, ter uma moto para curtir e se impor perante a comunidade. Outra parte obedece aos chefes do tráfico, às milícias e aos donos de desmanches que encomendam carros e motos.

É preciso salientar que a maioria dos jovens da periferia estuda, trabalha e sonha com uma vida mais justa. Numa proporção de 100, menos de 10 se desviam para o mundo do crime. No entanto, essa parcela, somada aos demais crimes praticados pelo crime organizado, pela polícia corrupta e pelos políticos, torna a situação de segurança no Brasil semelhante à de países como a Síria, atualmente num conflito sem solução.

Ainda existe outro somador nesta situação toda, que foi falado em outra matéria do Redator: a Pistolagem. Parece que o Brasil é um país de pistoleiros. Mas o que exatamente a pistolagem e quem são os pistoleiros? Normalmente esses matadores de aluguel são psicopatas que matam não só por dinheiro, mas, também, pelo prazer. Basta ver os últimos crimes encomendados que ocorreram no Brasil: O promotor de Justiça em Pernambuco ficou irreconhecível depois de morto com mais de vinte tiros de arma de grosso calibre; e o advogado criminalista em Belo horizonte teve o corpo dilacerado por disparos de fuzil e pistola ponto 40.

No entanto, tal como dito no início desta matéria, o normal seria indignar-nos com toda essa barbaridade. Mas, não. Não estamos nos indignando e aplaudimos quando os assaltantes são fuzilados, sejam dentro de estabelecimentos comerciais por um desconhecido ( desconhecido, será?) ou em plena rua, à luz do dia por um policial. Não que esteja errado revidar um crime de forma enérgica. No entanto, quando nos acostumamos com a guerra urbana, assistindo como normal em tiroteio no meio da rua, onde as pessoas tombam mortas, algo está errado com os nossos conceitos. Precisamos perceber que estamos numa sociedade que se diz livre, democrática e que busca a justiça. Quando nos aprece normal a guerra urbana, precisamos saber, também, que passamos a faze parte dela e que podemos tombar mortos a qualquer momento.

Não podemos aceitar que a defesa do direito fundamental à segurança seja precedido pela guerra urbana, pelo medo de ser morto, pelo horror de ver corpos estraçalhados todos os dias e em todos os lugares. Precisamos ter consciência de que os donos do poder não estão sendo humilhados e atacados diariamente pelo crime organizado; da mesma forma, estão protegidos os donos das indústrias e os banqueiros. Não se está criticando o direito que eles têm de ser ricos. Mas, apenas exigindo o mesmo direito que eles têm de não serem mortos ao cruzarem a esquina da rua onde moram.



Alguma coisa tem que ser feita com urgência. Um câncer está se espalhando pela sociedade brasileira e sem remédio que o amenize. Basta ver que 25 policiais foram incriminados pela tortura e morte do pedreiro Amarildo na cidade do rio e Janeiro. Até um Coronel foi denunciado. Praticamente todos os policiais da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha - UPP foram afastados e estão sendo denunciados pelo Ministério Público. Esse fato exemplifica a doença crônica que assola nossas instituições. Bandidos armados vestem fardas da policia militar ou usam distintivos da polícia civil; deputados são mantidos nos seus cargos, mesmo estando presos; juízes continuam sentenciando, mesmo tendo provas contundentes sobre seus atos; e governadores e secretários são investigados suspeitos de receberem propinas de empresa francesa.


Texto de Pedro paulo de Oliveira

Foto; Facebook

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