quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

TRAGÉDIAS ESQUECIDAS

Assisti ao júri onde foram julgados os suspeitos pela morte do taxista Oswaldo, na cidade de Andrelândia. Fiquei satisfeito com o seu resultado e acredito que a justiça foi feita. Considerado um dos crimes mais bárbaros que já ocorreu na cidade, pelo requinte de crueldade e covardia com que foi praticado, aconteceu na zona rural do município, na altura do povoado conhecido por Parada do Zé Biéca, no início da madrugada. O taxista, que certamente foi contratado naquela noite para fazer uma corrida para os homicidas, segundo os autos, descobriu que os passageiros estavam praticando crimes e se negou a continuar o serviço. Por conta dessa negativa foi imobilizado e morto com quase trinta facadas numa longa agonia conforme o testemunho de visinhos ao local ele era assassinado. Seu corpo foi jogado numa valeta ao lado do ponto de ônibus que apóia as pessoas que chegam ou vão para o povoado da Cachoeira das Marias; e seu carro foi levado pelos assassinos e queimado noutra localidade, distante do local do crime.

Foi uma longa investigação feita pela Polícia Civil e que culminou na prisão de seis suspeitos, sendo dois menores. Durante as investigações foram levantadas toda espécie de especulação e nomes de inocentes foram aventados como suspeitos.

Enfim, veio o júri. Os suspeitos contrataram juristas de renome para defendê-los. O Ministério Público, contudo, deu uma aula de direito criminal e delineou a acusação em torno dos depoimentos de dois dos acusados na fase preliminar da investigação quando ambos foram presos. A defesa primou por querer desmontar a tese da promotoria dizendo que os depoimentos dos acusados foram conseguidos à custa de tortura e medo. Mas, os jurados penderam para a acusação e aceitaram a tese do promotor. A família do morto e o povo que assistia ao júri saíram do Fórum aliviados, apesar de que dois dos condenados ainda continuam em liberdade por conta de habeas corpus conseguidos no Tribunal de Justiça, e os dois menores cumpriram penas conforme prescreve a legislação para eles.

Outro crime, no entanto, continua sem explicação: a morte sádica de uma jovem há pouco tempo em Andrelândia. Essa jovem foi vista na noite, num bar e, no dia seguinte, foi encontrada morta no meio de entulhos no centro da cidade. Segundo consta, seu corpo estava seminu e apresentava sinais de que fora violentada antes de ser assassinada. Vários meses já se passaram desde a sua morte e até o momento não se houve uma explicação sobre o que se está sendo feito. Na época do crime, muita especulação foi feita e comentou-se que um caminhoneiro de outra localidade era o principal suspeito. Ele foi ouvido posteriormente e liberado. Acredita-se que ele tenha apresentado um álibi convincente. Não há, aqui, uma acusação à Polícia Civil no tocante ao que ela está fazendo ou deixando de fazer no que se refere a essa morte. O que a população se pergunta – e é direito do povo saber – é o que está sendo feito pra se elucidar esse crime.

Diante do silêncio das autoridades fica uma sensação de injustiça e impunidade no ar, e o medo de que um psicopata esteja andando tranquilamente em nosso meio.

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