domingo, 23 de junho de 2013

PROTESTOS PELO BRASIL – PREPARAÇÃO PARA UM NOVO GOLPE DE ESTADO?


O Brasil é um país de múltiplas faces. Disso ninguém tem dúvidas. Comecemos uma viagem pela região Norte onde estão os estados do Acre, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá e Amazonas, e pelo Centro Oeste nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nessas regiões ocorrem os maiores conflitos pela posse da terra e perpetua-se uma guerra de séculos entre índios, posseiros e grileiros. Para que entendamos melhor essa disputa, temos que ter consciência de que os índios são os verdadeiros donos da terra. Já estavam morando nela como parte integrante do ecossistema. Isso mesmo! O índio, na sua condição natural, faz parte do ecossistema preservado; o posseiro é o invasor normalmente pobre e miserável que chega e pensa que a terra onde moram os índios é lugar de ninguém e constrói, com outros iguais, comunidades arrastadas e sem as mínimas condições de saneamento básico; e o grileiro, última ponta do processo de invasão ilegal de terras, é aquele que aparece com um monte de jagunços, tem nas mãos uma escritura lavrada em cartório, invade a terra, desmata tudo, forma pasto onde antes era floresta, passa a criar gado e manda matar quem atravessa seu caminho. Em pouco tempo, o grileiro torna-se um homem poderoso, abastado e capaz de comprar até as autoridades locais.

Noutra ponta do Brasil, temos quase todo o Nordeste brasileiro, incluindo o Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha. No nordeste, incluindo a Bahia, Pernambuco e Ceará, encontra-se, talvez, o mais extraordinário complexo litoral do mundo. São praias paradisíacas, paisagens que deslumbram os olhos dos turistas do mundo inteiro. Salvador, a capital de Bahia, é conhecida no mundo inteiro pelo seu povo alegre e pelo seu patrimônio arquitetônico preservado. No entanto, em todo o nordeste brasileiro, em contraste com todas essas belezas, existe uma pobreza renitente, ardente e profunda diante de uma seca interminável e de uma distribuição de renda vergonhosa. O nordeste brasileiro é a região do país que mais exporta meninas para a prostituição nacional e internacional. Essa mesma realidade miserável encontramos no Norte de Minas Gerais e no Vale do Jequitinhonha.

Finalmente, destacamos a Região Sudeste que produz quase toda a riqueza do Brasil. A razão dessa região ter se desenvolvido mais do que as outras é o cerne da questão. Foi na região sudeste que os portugueses, nossos colonizadores, se concentraram mais em busca de riqueza (ouro, diamante, madeiras de lei). A terra no sudeste era, também, mais fértil. Por fim, foi a região escolhida pelos demais imigrantes europeus, entre eles alemães e italianos, para se instalarem. Essa gente tinha ideais diferentes dos portugueses que formavam comunidades com o intuito de levar as riquezas do Brasil. Os alemães e italianos vieram para ficar e trouxeram seus conhecimentos. Houve, assim, um desenvolvimento rápido da região Sudeste, enquanto as demais regiões permaneciam esquecidas e pobres. Os pobres dessas outras regiões começaram a migrar para o sudeste com o sonho de melhorarem de vida. Desprezados, formaram os guetos (favelas). Como em todo o Brasil colônia, a principal mão de obra foi a escrava e negra. No início do século XX a pobreza explodiu, as favelas se multiplicaram e se tornaram o que é hoje. Quase 100% dos habitantes das favelas é de gente humilde e trabalhadora. No entanto, por serem regiões esquecidas pelas autoridades, áreas de invasões, o crime organizado se instalou e formou quartéis generais.

Até o ano de 1822 todos sabem que o Brasil foi colônia de Portugal. A partir desta data tornou-se mais ou menos independente, sendo governado pelo monarca D. Pedro I que era manipulado pelos aristocratas da época, influenciados, principalmente, pelos ingleses e por uma casta que começava e nascer nos Estados Unidos da América que, também, era cria dos ingleses. D. Pedro, com a morte de D. João VI, resolve assumir o trono em Portugal e deixa uma junta governando o Brasil e preparando seu filho Pedro assumir o trono. Convulsões sociais que preconizavam a implantação da república no Brasil, em moda na época por conta da Revolução Francesa e independência dos Estados Unidos, obrigaram os tutores do Pequeno Príncipe Pedro a torná-lo adulto precocemente. Havia uma constituição no Brasil naquela época, deixada por D. Pedro I, e ela sequer foi respeitada para colocar seu filho no poder como D. Pedro II. Na verdade colocaram um menino de 14 anos como príncipe regente do Brasil e quem governava era uma junta liderada pelos irmãos Andradas de São Paulo, os mesmos que convenceram D. Pedro I a romper com Portugal. (não houver grito de independência às margens do Rio Ipiranga como consta do quadro de Pedro Américo. Essa é uma grande mentira histórica). D. Pedro, contudo, tornou-se adulto, casou-se e acabou por impor, mesmo a contragosto, sua personalidade no governo do Brasil. Era um nacionalista e sonhava com um país grandioso. No entanto, entre 1888 e 1889, o Brasil entrou em crise, como resultado de um colapso na Europa e turbulências nos Estados Unidos. Mesmo assim, possuía uma frota naval respeitada, uma malha ferroviária como poucos outros países do Primeiro Mundo possuíam, sua indústria começava a se desenvolver de forma independente e havia liberdade em todos os sentidos. D. Pedro, como monarca, incentivava os estudos dos brasileiros e o desenvolvimento cultural do país. Mesmo assim, foi traído por Marechal Deodoro da Fonseca - que era seu amigo íntimo - que concordou em dar o primeiro golpe militar da história do Brasil. O golpe foi apoiado tanto pelos Estados Unidos quanto pela Inglaterra.

A partir da queda da monarquia no Brasil, outros golpes de estado foram perpetrados, com destaque para o Estado Novo (ditadura Vargas) que durou de 1930 a 1945 e a ditadura militar (golpe de 1964) que durou, praticamente, de 1964 a 1984. Todos esses períodos de ditaduras foram tenebrosos, com perseguições, prisões, deportações e assassinatos de opositores dos regimes. Todos os golpes de estados foram aplicados baseados em convulsões sociais com a desculpa de que foram necessários para restaurar a ordem social e política. Contudo, essa desculpa não passou, sempre, de mentira esfarrapada. Tanto é que, examinando a história mais recente, vemos que nos meses que antecederam ao golpe de 1964, o Brasil estava tomado por protestos semelhantes aos que ocorrem no momento. Eram protestos justos, pois o Brasil estava precisando de reformas sociais e políticas urgentes. O Presidente da república era João Goulart e ele estava pronto para fazer as reformas que o povo clamava. Os políticos reacionários de plantão, “com medo das reformas”, apoiados abertamente pelos Estados Unidos, convenceram os Militares a tomarem o poder pelas armas com o pretexto de impor a ordem e destituir um governo sem autoridade. Deu no que deu. Os militares gostaram do negócio, como cachorros bravos, não largaram o osso apoiados pelos norte-americanos e impuseram um período negro, matando e perseguindo os opositores indiscriminadamente por 20 anos.

Dizem alguns pessimistas que o que está acontecendo, com os protestos espalhando-se, é a preparação para um novo golpe de estado no Brasil. Não acredito. Nos idos de 1963 e 1964 havia uma tendência mundial para a implantação das ditaduras, por conta da Guerra Fria entre a temida União Soviética e os Estados Unidos da América. Ambas as potência disputavam a hegemonia do mundo e tinham interesses econômicos em regiões específicas com multinacionais funcionando e a exploração de recursos naturais. Hoje, a União Soviética não existe mais; a guerra fria é coisa do passado; e os Estados Unidos disputam o seu poderio econômico com a China. A Rússia, como potência bélica, não impõe mais medo e nem tem interesse em aterrorizar o Ocidente. Os bichos papão, hoje, são os radicais islâmicos que lutam contra os judeus tiram o sono dos norte-americanos.

Os protestos, tal qual estão ocorrendo no Brasil, estão sendo usados, descaradamente, por grupos radicais de direita como forma de vandalizar e tentar desmoralizar a democracia. Esses grupos já foram detectados. É parte dos skinheads, dos neonazistas, de grupos de bandidos ligados ao tráfico e de desocupados que gostam de ver o circo pegar fogo. A prova maior é que a maioria dos vândalos esconde o rosto durante as passeatas. O grosso da multidão que está indo às ruas protestar é formado por jovens estudantes, trabalhadores e cidadãos que reclamam pela forma como se está gastando o dinheiro recebido através dos impostos.


Os movimentos espalhados pelo Brasil, tal como na Turquia, diferente do que ocorreu no Egito e na Líbia que lutavam contra ditaduras cruéis, mostra a insatisfação do povo perante os políticos que ele próprio escolheu e lhes dá um recado contundente: “O PAÍS É NOSSO E ESTAMOS CONSCIENTES DOS NOSSOS DIREITOS.”.

Texto de Autoria de Pedro Paulo de Oliveira.


2 comentários:

  1. A culpa é da direita...meu, você tá fora da realidade...saiu de um coma à pouco?

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    1. E, agora, que o golpe foi dado, o que acha? Ainda acha que saí de um coma? Em coma estava você em 2013 que achava que Aécio, sua trup, Temer e CIA salvariam o Brasil da desgraça e da corrupção. Está ai, todos sendo acusados e fazendo manobras para permanecerem no poder e continuarem levando o que é do povo: seus direitos.

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