terça-feira, 30 de abril de 2013

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE ANDRELÂNDIA - SUA HISTÓRIA E SEU ABANDONO.



"Foi precisamente no dia 14 de junho de 1914 que a primeira locomotiva da Oeste chegou a Andrelândia. A cidade encontrava-se num eufórico clima de festa. Uma multidão esperava na estação ferroviária a chegada daquele primeiro trem que trazia uma comitiva de eminentes personalidades da região".
Trecho retirado do Livro Aspectos da Terra de André, do Escritor e promotor de Justiça Dr. Marcos paulo de Souza Miranda, Pág. 76, 4º parágrafo.

Esse pequeno parágrafo ilustra bem a importância que tinha a ferrovia para o desenvolvimento da nossa região e do nosso país. Observem bem que o escritor cita ..."Uma multidão esperava na estação ferroviária...", demonstrando o quanto o povo estava eufórico, pois sabia que a vida do Turvo (Andrelândia) mudaria - para melhor - a partir daquele momento. Por uma questão de justiça é bom que se diga que a ferrovia não passaria por Andrelândia e que foi pelo empenho e prestígio do Visconde de Arantes que ela teve o seu trecho mudado, cortando a nossa cidade.

O que aconteceu com a nossa "estação do trem?"
Todos os andrelandenses acima de 30 anos têm na memória as imagens dos trens de passageiros aportando na estação. Não havia estradas asfaltadas de Andrelândia para lugar nenhum. O trem era o nosso mais eficiente meio de transporte, levando os jovens em busca de emprego e estudos em Barra Mansa e Volta Redonda. Pouco ou nada se falava de Juiz de Fora naquele tempo.

Quem não se lembra dos adeuses nas sacadas do paredão? Quem não sente saudade dos momentos em que, nos feriados e finais de semanas, os filhos voltavam para suas casas, descendo na "estação do trem?" Quem não se lembra do sino de bronze anunciando a chegada e a partida do trem? Como não sentir saudade da Praça do Expedicionários, toda iluminada, esperando o "trem misto" chegar à noite, depois de haver partido na madrugada daquele dia?

A "estação do trem" era um dos pontos máximos da cidade, para onde afluía os sonhos de uma vida melhor. "Vou pegar o trem, mãe. Vou para Barra Mansa trabalhar e estudar..." Era dessa forma que os filhos se despediam das suas mães. As mães entregavam os seus filhos para o "Zezinho Maquinista" levar subindo e descendo as montanhas de Augusto Pestana, Carlos Euler, Passa Vinte, Falcão, quatis e, enfim, Barra Mansa.

Dentro do trem o "Carlos Garçom", com o seu bigode passava vendendo biscoitos e, o mais cômico, equilibrava um "PF" no balouçar dos vagões sem derramar uma gota de feijão.

"Estação" tem tantos sentidos: lugar onde para o trem, onde estaciona o ônibus, local onde o navio aporta. Mas estação, também, denomina as quatro divisões climáticas do ano. Mas a nossa "estação do trem" e o lugar onde estão muitos sonhos, muitas histórias e estórias. No entanto o que aconteceu com a nossa "estação do trem?" Está escura, tomada por uma obra que dura mais de quatro anos (em São Vicente a restauração da estação durou apenas seis meses; a Praça dos Expedicionários está completamente abandonada, tomada pelo entulho do seu piso de pedras destruído; não há iluminação no entorno do prédio; foi construído um muro de arrimo com parapeito no seu cume,sem iluminação e com uma passarela extremamente íngreme, fora dos padrões de segurança e de acesso para pessoas idosas ou deficientes; o que se está fazendo no interior do prédio é um mistério, pois nunca foi aberto para a população.

Para todos que passam pela "estação do trem" um sentimento de nostalgia e tristeza toma conta do espírito. Os mais jovens desconhecem a história que está abandonada e os mais velhos se sentem ressentidos pelo passado sem preservação.

A HISTÓRIA DE CADA UM DE NÓS PASSA PELA "ESTAÇÃO DO TREM", MESMO A HISTÓRIA DOS MAIS JOVENS, POIS NASCERAM DOS SONHOS DOS SEUS PAIS EM UM TEMPO QUE O MISTO E TREM AZUL PARAVA JUNTO DA SUA PLATAFORMA PARA LEVAR OU TRAZER SONHOS.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

NAYRA E O CHAVELHO DE ESPINHOS NA FAIXA DE GAZA

" Esses pequeninos, cheios de sonhos, sonhos que embalam o mundo, distantes das       ambições e da crueldade dos homens e mulheres que...