sábado, 25 de maio de 2013

ORGULHO E PRECONCEITO DECADÊNCIA DA SOCIEDADE.


Este é o título de um livro da escritora inglesa Jane Austen. Uma obra, por sinal, extraordinária, escrita om maestria por uma mulher que viveu sua vida em função de um grande amor, numa sociedade masculina e autoritária. Ela conseguiu traduzir no livro os sentimentos da sua época.

No entanto, o que me leva a colocar em discussão esse livro não é exatamente a questão literária que, se fosse o caso, seria tratada no me blog Escritores Novos. Foi numa reunião da Associação comercial de Andrelândia, na noite do dia 23 de maio de 2013, que essas duas palavras me vieram à mente e esse livro - que já li e foi transformado em filme no ano de 2005 - voltou à minha lembrança. Um dos empresários presente à reunião, após as conclusões de que não havia como criar uma corrente forte em torno dos empresários de Andrelândia para fortalecer a entidade, disse: "Andrelândia está perdendo a sua identidade; nossos filhos que estudam ou trabalham em outras cidades, não conhecem a nossa história; eles vêm a Andrelândia apenas para se divertirem". Os demais concordaram e a conversa, por um tempo, desaguou para a necessidade que um povo tem de buscar suas raízes e valorizar seus filhos ilustres.

Ora, sem menosprezar qualquer ser humano pelos seus méritos, parece que, na atualidade, se está adorando a coisa inócua, propondo a todo custo a homenagem aos valores passageiros e criando novas regras de convívio social, onde o orgulho de ser e de ter está apenas em se vestir e se maquiar.

Os sentimentos andam tão escassos e passageiros que diante da perda de entes próximos, as pessoas logo se refazem e os esquecem, para viver apenas e novamente o momento.

Ora, essa mudança de paradigma não é inerente à cidade de Andrelândia, onde resido e de onde escrevo. Está entranhada nas pessoas, criando uma espécie de individualidade extrema. Não é nem "o cada um por si e Deus por todos". É o cada por si e Deus lá no seu canto, em algum lugar do céu.

Ora, um povo que perde as suas raízes e esquece a sua história está fadado a não ser respeitado e ser dirigido por governos déspotas e, também, individualista. Esse mesmo empresário que falou sobre os filhos, disse que temos o costume de falar mal dos Estados Unidos (eu sou um deles, quando se trata de analisá-los como dominadores do mundo - Mas isso é outra conversa). No entanto, disse ele: "Lá, eles veneram seus heróis, colocam seus nomes em placas, criam bustos, estátuas e os reverenciam em livros e datas específicas. Por isso, eles são o que são." Esse é o ponto: ORGULHO DA SUA RAÇA; ORGULHO DO SEU PAÍS; ORGULHO DO SEU ESTADO; ORGULHO DA SUA CIDADE; ORGULHO DO SEU BAIRRO; ORGULHO DA SUA RUA; ORGULHO DA SUA FAMÍLIA; ORGULHO DA SUA HISTÓRIA.

Outro costume enraizado em nosso povo é a capacidade de valorizar os estrangeiros e desprezar os filhos da terra. O que vem de fora parece ser sempre melhor, seja um produto importado de outros país, de outros estado, de outra cidade ou seja aquele sujeito ou empresário que vem de fora, não conta sua história e parece ter dinheiro no bolso para dar lucro para alguém. Existe a cultura de desconfiar do empresário da terra que se sobressai. Quando esse empresário ou trabalhador, filho da terra, por alguma razão, não consegue sair de uma situação difícil, a maioria das pessoas o transformam em vilão. Esse é o outro ponto: PRECONCEITO CONTRA VALORES INDIVIDUAIS, PRECONCEITO CONTRA AQUELES QUE POR QUALQUER RAZÃO SE ENCONTRAM EM SITUAÇÃO DIFÍCIL; PRECONCEITO CONTRA OS FILHOS DA TERRA.

Depois que esse empresário me falou dos Estados Unidos, resolvi dar uma repassada pela cultura desse país e observar alguns detalhes. Verifiquei que a família lá é o cerne de tudo e o país o maior orgulho de cada cidadão. Outro ponto: eles saem para estudar e trabalhar longe das suas raízes. Contudo, voltam, sempre, para casa e, nesse retorno, dedicam maior parte do tempo ao convívio familiar e aos velhos amigos. O que vemos no Brasil é o contrário. Os filhos distantes quando retornam, em feriados ou férias, buscam, na sua maioria, a diversão em bebedeiras, danceterias e reuniões festivas. Seus pais e avós ficam em casa e só encontram os filhos ou netos em raros momentos quando eles chegam para tomar banho ou dormir.

Estamos esquecendo a nossa história, perdendo as nossas raízes. Não temos mais orgulho do nosso passado, da história dos lugares que nos cercaram durante a nossa infância e que pertenceram aos nossos avós e aos nossos pais. Muita gente nem se lembra, sequer, dos seus avós. E os nossos heróis, aqueles que construíram a nossa comunidade? Para a maioria das pessoas estão apenas mortos e enterrados em qualquer lugar.

Enquanto não reavivarmos o nosso orgulho de sermos brasileiros, filhos de um estado, de uma cidade e de uma família, e aprendermos a respeitar (sem preconceito)as derrotas alheias, continuaremos a perder e passaremos a vida como uma fumaça que passa e desaparece instantaneamente.

Texto de autoria de Pedro Paulo de Oliveira
Escritor e Redator


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