quinta-feira, 2 de maio de 2013

VOCÊ TEM O QUE COMER TODOS OS DIAS? SE TEM, AGRADEÇA A DEUS.

Você tem o que comer todos os dias? Se tem, agradeça a Deus ou, se não acredita em Deus, – o que é uma pena – agradeça ao destino, à sorte ou por ter nascido numa família ou numa sociedade abastada, onde a fome não é permitida. Mas, se você não tem o que comer todos os dias, deve estar lendo esta reportagem por um acaso estranho da vida, pois não há como acessar a internet e ler com atenção um texto com fome, muita fome.




A Somália é um país da África há muito tempo assolada pela desgraça e pela fome. Aliás, a fome é uma forma degradante de desgraça. Quando se tem fome, fome de verdade, faz-se qualquer coisa por um prato de comida ou um pedaço de pão. A Somália, além de estar assolada por uma guerra civil interminável, é o país mais pobre da África e, talvez, do mundo. O mundo ou, melhor dizendo, os países desenvolvidos da Europa e das Américas estão se lixando para aquela gente miserável. Eles não são donos de grandes reservas de petróleo ou de outros recursos naturais valiosos.

Por falar em fome, sem mudar o foco, lembrei-me de um fato que aconteceu comigo. Certa vez eu estava em Belo Horizonte, no ano de 1998, mês de fevereiro, e parei diante de uma fila do PSIU DA Praça Sete. Naquele tempo eu estava recomeçando minha vida e observei uma imensa fila de desempregados tentando entrevistas para as vagas de emprego. Num determinado momento, vi um sujeito sair da fila e sentar num canto do calçadão. Ele tombou a cabeça para o lado e deixou o corpo cair na calçada suja de urina. Ninguém se importou. Algumas pessoas olharam e continuaram indiferentes. Como bom mineiro do interior, vendo que ele havia deixado a fila de desempregados, cheguei perto dele e perguntei-lhe o que estava havendo. Ele me respondeu que se sentiu mal na fila e que havia saído muito cedo de contagem. Percebi que ele tinha fome e perguntei-lhe se era isso que ele sentia. Ele respondeu que faziam três dias que não comia quase nada. Foi, então, que outras pessoas se aproximaram e compramos um lanche para aquele “ser humano esfomeado”. Citei esse acontecimento para ilustrar a degradação humana diante da miséria e da fome.

"A fome e a miséria, unidas com a corrupção, falta de leis e o descaso, já matou mais de 258.000 pessoas de 2010 a 2012, sendo que 133.000 eram crianças com menos de cinco anos", afirma um documento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da Rede de Alerta contra a Fome (Fews-Net), financiada pelos Estados Unidos.

Quase 5% da população, segundo estimativas das entidades citadas acima, morreram de fome na Somália. Mas esse número pode ser muito maior e chegar a 8%". Desse total, mais de 10% eram crianças com menos de 05 anos de idade.
Nas regiões mais afetadas o número de mortes pela fome sobe para 16% em média e, somente nestes meses iniciais de 2013, a comparar pelas médias dos anos anteriores, já devem ter morrido mais de 120.000 pessoas, sendo que desse total aproximadamente 20.000 eram crianças.

A guerra civil que se iniciou em 1991 e não termina nunca, uniu-se, agora, a uma grave seca que deixa em situação de miséria mais da metade da população da Somália, ou seja, mais de quatro milhões de pessoas e situação semelhante só ocorreu em 1992 quando a fome dizimou mais de 220.000 pessoas num só ano.

Alguém poderá perguntar: “E o que temos com isso?” E, ao mesmo tempo responder: “Precisamos é cuidar da nossa casa, dos desvalidos do Brasil.” Claro que precisamos lutar para que a fome seja erradicada do Brasil e, para isso, nossos governantes têm meios e muito o Brasil já melhorou nesse quesito, sendo até elogiado pela Nações Unidas. Agora, fechar os olhos para uma situação como a que ocorre na Somália é um crime grave contra a humanidade.


Texto de Pedro Paulo de Oliveira

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